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Supervisor brasileiro suspende entrada da Azul na bolsa
A Comissão de Valores Mobiliários do Brasil suspendeu esta quinta-feira a entrada em bolsa da companhia aérea Azul, detida por David Neeleman, que é um dos accionistas da TAP. O supervisor alega diversas irregularidades da empresa.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira decidiu suspender por 30 dias a entrada em bolsa da companhia aérea Azul, detida por David Neeleman, que é também um dos donos da TAP. De acordo com um comunicado do supervisor brasileiro, a companhia cometeu duas irregularidades na disponibilização de informação nos roadshows de apresentação da operação, e também divulgou para a imprensa informação sigilosa sobre a procura e os preços das acções.
A Azul planeava entrar no mercado de capitais de São Paulo esta sexta-feira, e o preço das acções deveria ser definido esta quinta-feira. De acordo com a imprensa brasileira, a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) deveria render um total de 1,51 mil milhões de reais (cerca de 450 milhões de euros), a um preço que deveria ser definido entre 19 a 23 reais por título (5,73 euros a 6,93 euros).
O supervisor brasileiro invoca três razões para suspender a entrada da empresa na bolsa. Em primeiro lugar, foram disponibilizados documentos "de suporte a apresentações oferecidas a investidores sobre a Oferta (apresentação de roadshow)" e na internet em que se verificava "o uso irregular de material publicitário não aprovado pela CVM".
Adicionalmente, foram disponibilizadas, no referido roadshow, projecções relativamente à "valorização do investimento da companhia em activos da TAP", o que não constava do prospecto. A CVM castiga ainda a disponibilização de informação sigilosa para a imprensa "acerca de projecções para a demanda [procura] e precificação [preço] das acções da Oferta".
O supervisor levanta a suspensão no referido prazo de 30 dias "se as irregularidades apontadas forem devidamente corrigidas". Caso contrário, "o pedido de registo da oferta será indeferido" e a IPO fica pelo caminho.
Este é mais um contratempo num processo que tem sido caracterizado por dificuldades: esta é a quarta tentativa da Azul para entrar em bolsa, de acordo com a Bloomberg. Nas ocasiões anteriores, a operação de IPO foi adiada devido à volatilidade do mercado de capitais no Brasil. A primeira tentativa surgiu em 2013.
David Neeleman é um dos accionistas do consórcio Atlantic Gateway, que detém 61% da TAP - embora essa posição vá reduzir-se para 45% quando terminar a operação que vai permitir ao Estado ficar com 50% da companhia aérea.