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Só o Deutsche Bank cai mais que o BCP desde final de Julho

Desde que apresentou resultados, a 27 de Julho, o BCP perde 13%. Essa queda colocou a cotação em linha com a média dos preços-alvo. No mesmo período, entre os 44 bancos europeus do índice da Bloomberg, só o Deutsche Bank teve pior desempenho.

Bruno Simão
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O BCP até apresentou resultados vistos como positivos pelos analistas no final de Julho. Mas desde a divulgação das contas semestrais, a 27 de Julho, as acções do banco liderado por Nuno Amado perdem 13%, o segundo pior desempenho do índice da Bloomberg que agrega os 44 maiores bancos europeus cotados. Apenas o Deutsche Bank desceu mais, cedendo 13,65%. O índice do sector desce 5,78%. Apenas sete bancos acumulam ganhos no último mês.

"Com a menor liquidez caracterizada pelo mês de Agosto, e como o mercado já tinha descontado os resultados positivos, surgiu espaço para uma correcção do título", referiu Paulo Rosa, trader do Banco Carregosa. O BCP regressou este ano aos lucros no primeiro semestre, com um resultado de 89,9 milhões de euros. Os números foram considerados positivos pelos analistas. Mas o mercado já estava a apostar nessa evolução, o que, a par com a base de capital mais forte, fez com que as acções subissem mais de 80% desde o mínimo de 16 de Janeiro, até à data da divulgação das contas.

Além da correcção após os fortes ganhos que conseguiu entre Janeiro e Julho, Pedro Lino aponta outros motivos para a pressão do BCP em bolsa. "Este desempenho negativo tem a ver com a redução de expectativas quanto a uma subida das taxas de juro por parte do BCE e está a afectar toda a banca europeia", refere o administrador da Dif Broker. Nota ainda que "a par deste factor existe ainda um elevado grau de incerteza e percepção de fragilidade quanto ao sistema financeiro, uma vez que a venda do Novo Banco e a troca de obrigações não está concluída e o Montepio Geral também ainda não apresentou uma solução que assegurasse aos investidores que os custos com o sector financeiro fiquem estancados".

Quedas metem BCP em linha com preços-alvo
Os máximos de Julho deixaram as acções do BCP a negociar acima da média dos preços-alvo. Nesse mês, os títulos chegaram a negociar em 0,2588 euros. Mas as quedas recentes levaram as acções do banco a negociar em linha com a média das avaliações. As acções do BCP encerraram a sessão desta terça-feira a valer 0,22 euros, exactamente o mesmo valor da média dos preços-alvo.

A subida da cotação em Julho atraiu os investidores que apostam na queda das acções. Os interesses a descoberto relevantes passaram de posições equivalentes a 2,31% no início de Julho para 3,72% esta semana. Paulo Rosa até admite que isso possa ser um factor de pressão no curto prazo. Mas realça que "no longo prazo, são os resultados que ditam a evolução do título".

Nesse ponto, Albino Oliveira sublinha que os principais desafios são "continuar a melhorar a qualidade dos activos  assim como a rentabilidade do negócio em Portugal". E o analista da Patris Investimentos diz que os resultados do semestre "deram indicações positivas nesse sentido". 

Mas muito do desempenho que as acções tiverem no futuro está dependente do apetite dos investidores por acções da banca europeia. "Se a banca na Europa continuar pressionada é bem provável que o BCP continue na senda das perdas", diz Paulo Rosa. Já Pedro Lino considera que "o aumento de capital realizado e o regresso aos lucros constituem fortes catalisadores para que os investidores voltem a olhar para as acções do banco e nesse sentido poderá existir um ponto de entrada interessante nas próximas semanas".

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