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"Short selling" está a render mesmo com Wall Street em alta

Vender a descoberto num mercado que valoriza pode parecer irresponsável. No entanto, em 2017, os investidores pessimistas dos EUA não só estão à resistir à maré alta das bolsas como a surfá-la.

Reuters
31 de Agosto de 2017 às 13:48
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Dados das bolsas de valores mostram que as apostas pessimistas aumentaram para o nível mais elevado desde Novembro. Por si só, já é uma informação digna de nota. Desde que o período de ganhos no mercado accionista norte-americano começou, um avanço como o de 9% registado pelo S&P 500 este ano resultou sempre num movimento forte de cobertura de posições.

 

Pode ser tentador atribuir o fenómeno aos hedge funds incapazes de superar as suas referências. Mas há motivos para crer que este não é o caso agora: o número de acções em queda está atipicamente elevado e os pessimistas estão a conseguir encontrar essas acções com uma impressionante destreza.

 

"Quando se faz um estudo mais aprofundado, encontra-se sempre sectores mais frágeis e acções que proporcionam oportunidades de venda a descoberto", diz Tom Stringfellow, director de investimentos da Frost Investment Advisors, que ajuda a gerir 4 mil milhões de dólares no Texas. "Quem vende a descoberto está bem à vontade e sem pressa para cobrir posições."

 

De petrolíferas a retalhistas, as acções mais utilizadas para "short selling" foram de facto as de pior desempenho neste ano. A venda a descoberto é feita com uma acção emprestada, que o investidor espera comprar no futuro a um preço mais baixo. Quando as acções sobem, eles são obrigados a comprar para limitar a perda na altura de a devolver. Por isso, quem apostou desta forma pagou caro durante o período de oito anos e meio em que a cotação do S&P 500 triplicou. É um dos motivos pelos quais, em períodos de alta do mercado accionista, os hedge funds ficam atrás de fundos que só adoptam posições longas.

 

Ainda assim, os pessimistas continuaram a tentar, neste ano, apesar do avanço dos índices accionistas, o mercado está a cooperar. Embora o Russell 3000 acumule uma subida de 9%, 45% das cotadas que integram este índice perderam valor. Há um ano, o ganho do mercado como um todo era mais contido, mas o número de acções em baixa também era menor.

 

O interesse em vendas a descoberto aumentou 0,4 pontos percentuais em 2017, atingindo 4% do total de acções disponíveis para negociação.



Acções que mais caem destacam-se e os pessimistas acertaram quais seriam. Para o sector de energia, o aumento do interesse alocado em vendas a descoberto foi o segundo maior entre os 11 sectores do S&P 500, atrás somente do sector de bens de consumo. Os títulos do sector energético caíram 12% nos últimos seis meses e o recuo é quase o dobro do apresentado pelo segundo sector com maiores perdas. É uma boa notícia para os pessimistas, que elevaram a venda a descoberto de acções de energia para 5,5% do total de títulos disponíveis para negociação.

 

O sector retalhista também foi alvo dos cépticos. Desde Janeiro, o interesse alocado nas vendas a descoberto subiu 2,6 pontos percentuais para 9,6% das acções em circulação. Com a Amazon.com em contínua expansão e tirando a participação de lojas físicas tradicionais, o sector acumula uma queda de 12% e deve registar a maior baixa anual desde a crise financeira.

 

Entre as acções do Russell 3000 com pelo menos 10% de interesse em vendas a descoberto, a perda mediana dos títulos foi de 2,5% em 2017. Para acções com interesse em vendas a descoberto superior a 20%, a perda mediana chegou a 4,8%. Quando a fatia supera os 40%, a queda mediana é de 12%.

 

A situação dos hedge funds não melhorou tanto, mas as posições vendidas não são tão prejudiciais quanto no passado. De acordo com a Hedge Fund Research, os fundos com foco em taxa variável geraram um retorno de 7,6% no ano até Julho — o que representa a menor desvantagem em relação ao S&P 500 em sete anos, excluindo 2015.

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