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Segunda-feira negra arrasa mercados

O dia começou negro na Ásia, com especial destaque para a China, cujo índice registou a maior queda desde 2007, mas depressa se espalhou pela Europa e EUA. Esta foi uma "segunda-feira negra", como a apelidou a agência de informação chinesa.

Bloomberg
24 de Agosto de 2015 às 17:15
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"Segunda-feira negra!" foi assim que a agência de informação chinesa, a China Xinhua News, qualificou a sessão de hoje, depois do principal índice chinês ter perdido 8,5%, registando a maior queda desde 2007.

E este cenário de "segunda-feira negra" espalhou-se pelo resto do mundo. As bolsas japonesas também registaram quedas avultadas. A referência à última "segunda-feira negra" remete para 1987, num dia em que as bolsas mundiais afundaram, tendo a queda sido iniciada em Hong Kong e se espalhado para o resto dos mercados. Foi a 19 de Outubro de 1987 e nesse dia o índice americano Dow Jones perdeu mais de 22,5%.

 

As quedas esta segunda-feira, 24 de Agosto, foram bem menos expressivas, mas ainda assim significativas. Na Europa, os índices iniciaram a sessão com quedas superiores a 2%, tendo acentuado a dimensão das perdas ao longo do dia. O Stoxx600, o índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias, fechou o dia a cair 5,33%, com os principais índices a registarem quedas entre 4,67%, do Footsie, e os 12,77% da Grécia.

 

O petróleo chegou a deslizar mais de 5% para mínimos de 2009, seguindo a descer cerca de 4,5% em Londres e Nova Iorque. O barril do Brent, transaccionado em Londres, está nos 43,21 dólares e o West Texas Intermediate (WTI) negoceia em torno dos 38,65 dólares. E esta não foi a única matéria-prima a deslizar. O cobre e o alumínio deslizaram para mínimos de seis anos, com os investidores receosos que a China registe um forte abrandamento. Isto porque a China é responsável pelo consumo de cerca de 40% do cobre mundial e cerca de metade do alumínio.

Nos EUA, os índices já aliviaram parte das perdas registadas no início da sessão e seguem agora a perder entre 1,20% (Nasdaq) e 2,25% (S&P500).

 

No mercado de dívida, as obrigações a 10 anos dos EUA estão a registar uma queda na taxa de juro, recuando para níveis abaixo dos 2%. A queda da dívida está relacionada com os receios em torno de um abrandamento da economia mundial. Mas na Europa a tendência é oposta, com as taxas implícitas da dívida dos países a subir, ainda que sem subidas muito acentuadas. Com excepção para a Grécia, cuja taxa de juro está a subir 125 pontos base para 14,229% no prazo a dois anos.

 

O euro é o único que parece estar a beneficiar deste contexto, subindo 1,59% para 1,1567 dólares, tendo tocado nos 1,1714 dólares, o que corresponde ao valor mais elevado desde Janeiro. O dólar está a cair contra as principais divisas, precisamente porque as apostas de que a Reserva Federal (Fed) vá subir os juros em Setembro estão a diminuir.

Já o yuan caiu 0,25% para 6,40444 dólares, em Xangai, o que corresponde à maior queda desde 12 de Agosto, realça a Bloomberg.

 

China de regresso a 1994?

O crescimento da China terá sido de 6,6% em Julho, o que corresponde a um abrandamento face aos 7,4% registados antes, de acordo com a compilação de dados da Bloomberg. A produção industrial da China aumentou 6% em Julho, o que compara com o aumento de 9% há um ano. As vendas a retalho cresceram perto do ritmo mais lento desde 2006 e as exportações caíram 8,3% em Julho.

 

São estes os indicadores que estão a elevar as preocupações dos investidores, o que tem vindo a derrubar as bolsas. O índice Shangai Composite perdeu, só na semana passada, 12%.

 

Há mesmo quem faça o paralelo com a situação que se vivia em 1994, altura em que a China implementou uma desvalorização do yuan. E o paralelo, de acordo com economistas, está relacionado com todo o ambiente económico.

 

Em 1994 a China viu-se obrigada a desvalorizar o yuan, os receios em torno de um abrandamento da economia mundial aumentavam e temia-se que a Reserva Federal (Fed) dos EUA subisse os juros.

 

Mas os economistas, consultados pela Bloomberg explicam que as circunstâncias actuais são muito diferentes nos dois períodos. O economista Glenn Maguire explica que a desvalorização do yuan naquela altura "foi mais sintomático dos problemas" que o país enfrentava, além disso o yuan já não está tão rigidamente ligado ao dólar como estava, pelo que o impacto desta desvalorização cambial no resto do mundo é menor, adianta a mesma fonte.

 

No que toca aos EUA, em 1994 a Fed estava a subir juros de forma agressiva. Já actualmente não se prevê que o faça. Aliás, a actual conjuntura fez com que as expectativas em torno de uma subida de juros diminuíssem, salienta o Credit Suisse. 

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