De acusação em acusação, Sarao acabou por ser preso. O misterioso "trader" apontado como um dos responsáveis pelo "flash crash" que levou o Dow Jones a cair mais de mil pontos em poucos minutos em Maio de 2010 era um crítico feroz das práticas que está acusado. Poucas semanas antes de ser detido, o "trader" apresentou uma queixa acusando os colegas de manipulação dos mercados. Foi mais uma das cerca de cem que apresentou nos últimos anos.

Em Maio de 2010, de repente, e sem motivo aparente, o Dow Jones colapsou, levando a perdas de cerca de um bilião de dólares para os investidores. Cinco anos depois, dia 22 de Abril, as autoridades declaram ter encontrado um dos responsáveis pelo incidente que ficou conhecido como "flash crash". Navinder Singh Sarao é acusado de ter manipulado o mercado através de uma prática conhecida por "spoofing".

Desde então, Sarao não tem parado de surpreender. Até então desconhecida, a história do "trader misterioso", como lhe chamou a Bloomberg, tem feito correr tinta. Sarao, "trader" independente de 36 anos, operava a partir de casa dos pais, onde aguarda agora julgamento por manipulação de mercado. Uma prática que o próprio denunciou, ao longo dos últimos sete anos, por variadíssimas vezes.

Citando fontes "com conhecimento da matéria", o Wall Street Journal diz que Sarao apresentou cerca de cem queixas contra colegas de profissão por manipulação do mercado através da negociação de alta frequência. Sarao acredita que as práticas que exercia são uma resposta à concorrência desleal dos colegas.

"Não fiz nada de errado além de ser bom no meu trabalho", disse Sarao aos jornalistas, dia 6 de Maio, precisamente na data do quinto aniversário do "crash". Mas, as queixas, com uma periodicidade quase semanal e detalhes sobre os movimentos e momentos em que Sarao considerava existir manipulação, podem ter despertado a atenção da CME. Apesar de só agora ter sido acusado, os investigadores da CME tinham já sinalizado Sarao como suspeito desde 2008, ainda antes do "flash crash".