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Pode um só “trader” levar a um “crash” nas bolsas?
As bolsas americanas caíram mais de 9% em poucos minutos a 6 de Maio de 2010. As autoridades apontam o dedo a Navinder Singh Sarao, mas um estudo vem colocar em causa o papel do “trader” britânico nessas quedas.
6 de Maio de 2010. Sem ninguém esperar o Dow Jones começa a afundar repentinamente, o que lançou o pânico nos mercados. O índice chega a perder mais de 9% em poucos minutos, naquela que foi uma das maiores quedas intradiárias da história.
O mercado e as autoridades tiveram dificuldades em identificar o que poderá ter causado o "apagão" nas bolsas. Apontaram-se as culpas às estratégias de negociação de alta frequência. Mas na procura das causas do "flash crash", a investigação das autoridades levou à detenção de Navinder Singh Sarao, um "trader" que trabalhava por conta própria.
A investigação apontou que Sarao terá, alegadamente, feito transacções ilegais e manipulado o mercado, inundando-o de ordens de venda falsas através de um sistema de algoritmos. As transacções terão sido feitas a partir da casa da sua própria mãe, nos subúrbios de Londres.
No entanto, um estudo divulgado esta semana vem colocar em causa o papel que um único "trader" pode ter em quedas daquela dimensão. "O nosso trabalho empírico não nega que Sarao teve uma conduta ilegal e de manipulação. Nem contestamos a alegação de que os algoritmos de Sarao podem, nessa ocasião, ter originado preços artificiais e volatilidade, como alegado pelo Governo", refere o estudo assinado por três professores das Universidades da Califórnia e de Stanford.
"Em vez disso, o que desafiamos é a inferência de que a conduta ilegal de Sarao deu um contributo material para a causa do 'flash crash', se ele tentou causar o 'flash crash' ou se o 'flash crash' era um resultado previsível para as suas actividades de negociações ilegais", diz o estudo. A conclusão é que, segundo os dados analisados no estudo, "o 'flash crash' poderia ter ocorrido mesmo sem a presença de Sarao no mercado".
O estudo é ainda uma versão preliminar. Mas foi divulgado na semana anterior à data das audições para a possível extradição de Sarao para os Estados Unidos. A justiça americana tem diversas acusações contra o "trader", já que detectaram mais negociações ilícitas que não a do dia do "flash crash". Caso seja considerado culpado em todas, Sarao pode ser condenado a uma pena máxima de 380 anos de prisão.