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Resultados da Mota-Engil “em linha ao nível operacional” mas abaixo das estimativas
A Mota-Engil revelou ontem que teve lucros de 50 milhões de euros no ano passado. Os analistas do Haitong consideram que os “resultados parecem estar em linha ao nível operacional mas bem abaixo das nossas estimativas”.
Os lucros da Mota-Engil ficaram nos 50 milhões de euros em 2016, um crescimento superior a 2,5 vezes face aos 19 milhões apurados no ano anterior.
Na apresentação disponibilizada somente em inglês no site da CMVM, a Mota-Engil, liderada por Gonçalo Moura Martins (na foto), diz apenas que os lucros foram "impactados positivamente pela venda de activos", que permitiu compensar o aumento nos custos financeiros, afectados por uma política de provisionamento conservadora. O valor das provisões não foi revelado nem o montante das mais-valias geradas pela venda de activos.
O analista do Haitong, Nuno Estácio, numa nota de análise a que o Negócios teve acesso refere que os resultados da construtora liderada por Gonçalo Moura Martins "parecem estar em linha ao nível operacional, mas bem abaixo das nossas estimativas". O especialista aponta que o motivo para que os resultados tenham ficado abaixo das estimativas prende-se com "um elevado nível de depreciações e amortizações que levou a uma queda do EBIT de 51% em termos anuais no segundo semestre de 2016".
A empresa já tinha revelado o volume de negócios que confirma nesta apresentação de resultados de 2,2 mil milhões de euros, menos 9% que no ano anterior. A carteira de encomendas atingiu, no final do ano, 4,4 mil milhões de euros, o que a Mota-Engil diz que abre caminho para o regresso ao crescimento em 2017. O EBITDA em 2016 caiu, também, 9% para 334 milhões de euros.
O mercado europeu contabilizou 839 milhões de euros de volume de negócios, uma queda de 16%, superior à descida de 15% registado no negócio africano, que ficou nos 709 milhões de euros. A América Latina já superou o negócio africano, registando um volume de negócios de 729 milhões de euros, um crescimento de 4% face a 2015.
O banco de investimento considera que "África foi uma surpresa positiva". E diz mesmo na nota que "África pode ser a área de crescimento futuro para a empresa se o grande pipeline na região for convertido em encomendas". "Recentemente, surgiram notícias relativamente a um potencial contrato grande, de mais de mil milhões de euros em Moçambique, para construir um caminho-de-ferro e um porto. Contudo, parece que o financiamento para o projecto não está ainda completo".
Quanto ao mercado da América Latina, o analista sustenta que os números foram "desapontantes".
O Haitong, na nota, salienta que continua ter uma recomendação de "neutral" para a Mota-Engil e mantém o preço-alvo de 2 euros. Por esta altura, a cotada desce 0,29% para 1,741 euros, o que significa que, face à cotação actual, a empresa tem um potencial de valorização de perto de 15%.
"Consideraríamos tornarmo-nos mais positivos se o potencial de ganho de África fosse convertido em encomendas grandes rentáveis. Contudo, não é claro para nós se e quando este pipeline vai ser convertido e se isto vai permitir uma forte geração de free cash flow na região", pode ler-se na nota.
A margem EBITDA da Mota-Engil ficou nos 15%, o que a empresa atribui "à rentabilidade forte na Europa e África".
A dívida líquida teve uma redução de 296 milhões de euros para 1,159 mil milhões.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.