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Investidor acusa Herbalife de tentar enganar o mercado

Um investidor da Florida acusa a Herbalife de prestar informações diferentes ao regulador e aos investidores. É mais um escândalo em torno da empresa de produtos dietéticos, acusada de ser uma fraude piramidal desde 2012.

Bloomberg
Negócios 29 de Agosto de 2016 às 13:04
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Pouco mais de um mês depois de ter resolvido um litígio com a Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla original) relacionado com as suas práticas de vendas, a Herbalife volta a estar debaixo dos holofotes pelos piores motivos, acusada de estar a enganar os investidores.

A 15 de Julho, a Herbalife concordou em reestruturar o seu negócio nos Estados Unidos de forma a que os distribuidores sejam recompensados pelas vendas, em vez de serem recompensados pelo recrutamento de agentes de vendas. Além disso, acordou o pagamento de uma coima de 200 milhões de dólares (cerca de 178,5 milhões de euros).

Na altura, os responsáveis da empresa de venda de produtos dietéticos garantiram aos investidores que a Herbalife seria capaz de prosperar sob as novas regras.

No entanto, as informações enviadas ao regulador do mercado norte-americano, a U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), pintam um cenário menos optimista do que aquele que é apresentado aos investidores e analistas, de acordo com um investidor privado que denunciou essas diferenças à SEC este mês.

De acordo com a Reuters, Matthew Handley, um investidor da Florida, alega que a Herbalife fez "propositadamente declarações enganosas" na sua teleconferência sobre os resultados trimestrais a 3 de Agosto.

"A transcrição da conference call, quando comparada directamente com a linguagem utilizada pela empresa nos resultados do trimestre, mostra um padrão claro de intenção propositada de enganar os investidores e o mercado", escreveu Handley na carta dirigida à SEC, a que a Reuters teve acesso.

"As coisas que dizes na conferência e escreves nos documentos têm que igualar-se, e eu penso que isso não aconteceu", acrescentou Handley mais tarde, em entrevista à Reuters.

Especialistas citados pela agência noticiosa explicam, porém, que uma vez que as transcrições das conference calls e os documentos enviados à SEC são públicos, não é provável que a empresa tenha violado as regras de divulgação da SEC, como a Regulação FD (Fair Disclosure).  

Os especialistas notam ainda que os documentos da empresa são muitas vezes mais legalistas e técnicos do que aquilo que dizem os executivos durante as apresentações para analistas e investidores, onde soam mais optimistas sobre as perspectivas da empresa.

"A legislação dos valores mobiliários dizem que não podes mentir", afirma o professor de direito Jonathan Macey, citado pela Reuters. "A leitura dos dois documentos (a transcrição da conference call e a informação enviada ao regulador) sugere que mudaram o seu ponto de vista".

Este é mais um episódio que desperta dúvidas sobre as práticas da empresa que, desde 2012, é acusada pelo investidor multimilionário William Ackman de não passar de uma fraude piramidal.

Isto porque, segundo Ackman, a Herbalife vende produtos sem valor, tem "clientes fantasma" e o seu fluxo de capital depende não de receitas genuínas, mas da multiplicação de agentes cujo incentivo é angariar outros agentes e não o de vender o máximo de produtos. Ou seja, o chamado "esquema Ponzi".

As "contradições"

Já este mês, a Herbalife saudou o acordo com a FTC como uma vitória para o seu modelo de negócio, que teria pouco impacto financeiro na empresa.

"Temos a maior confiança na nossa capacidade de cumprir o acordo e de fazer crescer o nosso negócio nos Estados Unidos e no resto do mundo",a firmou o CEO Michael Johnson, na conference call com analistas e investidores.

O CFO John DeSimone antecipou "perturbações mínimas para o negócio" e o presidente Desmond Walsh também mostrou um tom optimista. "A coisa mais importante é que não vemos um impacto de longo prazo no negócio", afirmou.

No entanto, os documentos enviados à SEC são mais cautelosos, dizendo que a empresa não espera, actualmente, que o acordo tenha "um impacto materialmente adverso e de longo prazo".

Os documentos notam, porém, que não há "nenhuma garantia de que seremos capazes de cumprir plenamente com o acordo" e que "o negócio da empresa e a sua base de membros, especialmente nos Estados Unidos, podem ser negativamente afectados".

Se a Herbalife não conseguir cumprir o acordo, isso pode resultar "num impacto adverso sobre os resultados e condições financeiras da empresa".

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