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Histeria de recompra de ações nos EUA pode ser exagerada
Tem sido impossível ignorar que a histeria de recompra de ações está a inflacionar o mais longo rali da história dos Estados Unidos.
As 500 maiores empresas dos EUA devem gastar quase 1 bilião de dólares para retirar ações das bolsas este ano, segundo o Goldman Sachs. A Apple anunciou recentemente que planeia recomprar mais 75 mil milhões de dólares em ações. E muita gente, como o presidenciável Bernie Sanders e o ex-presidente do Goldman, Lloyd Blankfein, tem opinado sobre o impacto destas compras sobre as empresas, o mercado e a sociedade.
Certamente, há muito dinheiro em jogo, mas as recompras não são as únicas responsáveis pela onda compradora. Primeiro, os milhares de milhões gastos com estas operações respondem por cerca de 1% de todas as ações que trocam de mãos nas bolsas dos EUA a cada ano. É uma grande e visível fonte de procura líquida, mas uma pequena parte das negociações em geral.
Em segundo lugar, um pequeno grupo de empresas é responsável pela maior parte dos dólares - não é um efeito manada. E terceiro, a recompra de ações provavelmente não está a ser realizada às custas dos investimentos.
"A narrativa de que as recompras são más e a única coisa a impulsionar o mercado é exagerada", diz Ed Clissold, estratega-chefe para os EUA da Ned Davis Research, com sede na Flórida. "O outro lado da história é que as empresas têm sido lucrativas, e os investidores sentem-se mais confortáveis desde a crise financeira em ações, e isso parece ser muito mais importante."
As recompras ocorrem com uma empresa a fazer compras no mercado ou dando aos acionistas uma opção de oferecer as suas participações. Ao retirar a ação do mercado, uma empresa teoricamente melhora o seu lucro por ação e pode impulsionar a sua avaliação.
Normalmente, as recompras são realizadas se uma empresa decide que utilizar dinheiro de outra forma - como em aquisições estratégicas ou investimento em negócios - não oferecerá um retorno suficiente. O problema surge, ou pelo menos esse é o argumento, quando todo o mundo está a fazer o mesmo.
O volume gasto com recompras de ações aumentou mais de 50%, para 819 mil milhões de dólares em 2018, e deve alcançar 940 mil milhões de dólares este ano, segundo estimativas do Goldman. Esta é uma grande aposta no mercado acionista, sendo que as recompras aumentaram as avaliações em cerca de 19% nos últimos oito anos, de acordo com um estudo da Ned Davis Research.
O número parece alto, mas o S&P 500 teve uma valorização de 166% durante o mesmo período e acumula uma subida de 12% só este ano. E isto se o capital usado para recompra de ações simplesmente desaparecesse; o mercado estaria apenas 2% mais baixo se as empresas reinvestissem o seu dinheiro extra em vez de recomprar ações, diz a empresa. A Yardeni Research concluiu num relatório publicado em março que as recompras não têm impacto significativo no lucro por ação, e um indicador de ações em circulação caiu apenas 0,3% por ano na última década.
(Texto original: The $1 Trillion Buyback Hysteria May Be Overstated. Here's Why)