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Foxconn: a mais recente “vítima” do iPhone
A maior fornecedora da Apple traçou um plano de corte de custos e redução da força laboral, antecipando um ano de 2019 “muito difícil e competitivo”.
A Foxconn Technology, a maior fornecedora de iPhones para a Apple, revelou, através de um comunicado interno, um plano de corte de custos.
A área de negócio do iPhone precisa de sofrer um ajuste de despesas no valor de seis mil milhões de yuans (760 milhões de euros) no próximo ano e a tecnológica de Taiwan tenciona eliminar cerca de 10% do pessoal não-técnico, revela o comunicado interno, citado pela Bloomberg.
A Foxconn revelou assim um plano para reduzir um total de 20 mil milhões de yuans (2,5 mil milhões de euros) em gastos em 2019, uma vez que antecipa que 2019 seja "um ano muito difícil e competitivo", segundo o mesmo documento.
A empresa vai realizar uma revisão profunda da gestão, cujos membros contam com remunerações anuais que superam os 150 mil dólares. O grupo vai ainda implementar cortes de custos noutras unidades, como o caso da Foxconn Industrial Internet, onde a redução de gastos deverá ascender a três mil milhões de yuans.
A Foxconn é a mais recente "vítima" do iPhone, cujas previsões de vendas foram revistas em baixa, o que já provocou perdas avultadas a vários fornecedores da Apple. E, claro, à própria dona destes equipamentos.
As acções da Apple entraram esta semana em "bear market", depois de deslizarem mais de 20% desde o máximo, atingido no início de Outubro. As quedas têm sido acentuadas e o contexto tem arrastado várias cotadas expostas à Apple.
A suíça AMS, fabricante de sensores ópticos para telemóveis e fornecedora da Apple, foi a primeira a "cair". No dia 23 de Outubro, fez um alerta ao mercado, prevendo uma descida da margem de lucro no quarto trimestre. Em causa estava já uma procura menor do que o antecipado. As acções chegaram a afundar mais de 30% num só dia.
Desempenho semelhante teve a Lumentum, que também desenvolve produtos ópticos, que chegou a afundar cerca de 30% num só dia, precisamente devido à perspectiva de menores vendas de iPhone.
E, no dia 1 de Novembro, a Apple apresentou os seus resultados. Os números do ano fiscal, terminado em Setembro, até foram positivos, mas as perspectivas para os últimos três meses do ano civil não foram. Depois de reportar vendas de 46,9 milhões de unidades, contra uma projecção do mercado de 48,4 milhões, entre Julho e Setembro, a Apple revelou que as vendas entre Outubro e Dezembro deverão ficar compreendidas entre 89 e 93 mil milhões de dólares. O que significa que o valor médio ficará aquém da média das estimativas dos analistas (92,7 mil milhões).
Dias depois foi a vez da agência de informação Nikkei noticiar que a Apple pediu à Foxconn e à Pegatron que suspendam os projectos para mais linhas de produção dedicadas apenas ao iPhone XR, o que sugere que a tecnológica está a reduzir as perspectivas de vendas deste equipamento.
A Foxconn tem actualmente 45 linhas de produção só dedicadas a este aparelho, quando inicialmente estavam previstas 60, o que significa que esta empresa deverá produzir menos 20 a 25% do que o estimado, revelou a Nikkei, que citava fontes não identificadas.
E no dia 19 veio a confirmação. A gigante tecnológica reduziu o número de encomendas de produção junto dos fornecedores para os três novos modelos do "smartphone" que lançou recentemente. Isto depois de ter registado uma procura mais fraca do que era previsto.