A "start-up" do ramo financeiro Fantex Holding vai emitir acções cujo valor acompanha o valor das receitas conseguidas pelo jogador de futebol americano Arian Foster, numa operação de oferta pública inicial (IPO), segundo noticiou o “New York Times” na semana passada. O activo é uma acção que funciona como um "exchange traded fund" (ETF) sobre a remuneração do jogador.

Depois da operação, o jogador vai estrear o mercado secundário criado pela empresa para dar liquidez aos títulos. Investidores, mas também fãs, poderão recorrer aos títulos para apostarem no sucesso de jogadores. Mais tarde, o mercado irá admitir outros profissionais, como artistas pop.

A Fantex publicou o prospecto dos títulos onde alerta que o investimento “é altamente especulativo e que os activos implicam um elevado grau de risco”. A empresa vai emitir 1,055 milhões de acções, ao preço unitário de 10 dólares. A operação, se bem sucedida, vai permitir pagar 10 milhões a Adrian Foster e cobrir os custos da operação.

Depois, os investidores terão de esperar que Adrian Foster continue a ter sucesso desportivo e comercial para beneficiarem de uma valorização das acções. O pagamento de dividendos poderá ocorrer, mas recorde-se que o pagamento de dividendos não constitui uma obrigação, ao contrário do pagamento de juros. Alguns analistas demonstraram-se cépticos relativamente ao investimento.

O professor de gestão desportiva da Universidade George Washington, Bradley Shear, nota que cada investidor está “a apenas uma lesão de perder o seu dinheiro. A cada domingo, tudo pode acontecer a um jogador”, acrescentou.

No último fim-de-semana, o avançado dos Huston Texans teve uma lesão na perna, em que magoou a musculatura do jarrete. Uma adversidade que é relativamente comum entre os jogadores que jogam na sua posição ofensiva ("running back").

O professor de Finanças da Universidade de Nova Iorque, Aswath Damodaran, avaliou as acções em 6,11 dólares cada, num post que publicou na segunda-feira e em que teve em conta um conjunto de pressupostos que explica no seu blogue (hiperligação em inglês). “Consequentemente, eu não seria comprador [das acções] ao preço de 10 dólares que a Fantex atribuiu aos títulos no seu prospecto”, conclui o académico e autor de vários livros de avaliação.