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Cotadas portuguesas na primeira liga da sustentabilidade

Permitir que os investidores apliquem as poupanças em empresas que adoptam valores de responsabilidade social, ética, sustentabilidade ambiental e do negócio levou à criação de índices especializados.

30 de Novembro de 2012 às 11:50
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O mais conhecido é o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), com seis mil milhões de dólares investidos em produtos que o replicam. EDP, Portugal Telecom, Galp Energia e BES são as empresas portuguesas que fazem parte deste restrito clube.

Todos os anos a SAM Sustainable Asset Management convida as 2.500 empresas de todo o mundo com o valor do capital disponível em bolsa ("free-float") mais elevado para participarem na avaliação. São analisadas 58 indústrias e só as empresas com resultados no top 10% são incluídas no índice mundial, que este ano conta com 340 constituintes. O índice europeu parte de uma amostra de 600 empresas, sendo seleccionadas as 20% com melhor resultado.

Os critérios utilizados na avaliação são económicos, ambientais e sociais, com um enfoque na criação de valor para os accionistas no longo prazo. Promover actividades filantrópicas, desenvolver a formação dos trabalhadores, ter políticas de gestão ambiental, aplicar códigos de conduta ou adoptar boas práticas de governo da sociedade são apenas algumas dos itens avaliados.

Os critérios vão mudando. Na última avaliação, divulgada em Setembro, foram adicionados vários. Um deles diz respeito à promoção de oportunidades iguais para homens e mulheres dentro da empresa.

Para uma cotada, fazer parte da lista, representa uma espécie de certificação da sustentabilidade das suas práticas de gestão. E um cartão de visita importante para investidores, clientes e fornecedores.

Paulo Padrão, director de comunicação do BES, afirma que, a prazo, "a questão da sustentabilidade terá um papel cada vez mais central na dimensão reputacional e na personalidade das organizações". "Neste momento a questão da sustentabilidade é mais importante para os bancos do que para outras empresas de serviços, devido à pressão na imagem que a banca vive neste momento", considera.

BES: O único banco português no índice

 

O BES entrou em 2011 para o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), sendo o único banco português na lista. Foi também a primeira instituição financeira nacional a fazer parte do índice FTSE4Good.

Paulo Padrão, director de comunicação do BES, explica que chegar ao DJSI exige "um compromisso vinculativo e transversal a toda a organização em relação ao tema da sustentabilidade. Ter a capacidade de perceber que a sustentabilidade é algo que não se distingue do negócio e que tem de estar integrada em todos os níveis de gestão e no relacionamento com accionistas, fornecedores e clientes. Tem de haver

uma cultura de sustentabilidade dentro da organização", remata. E garante que o BES "não desenha a política de sustentabilidade a pensar no índice, mas nos resultados que essa política pode trazer para a empresa".

Mas será a sustentabilidade determinante no processo de escolha do cliente? Paulo Padrão responde que ainda não. "Mas se as condições forem idênticas, esta dimensão pode fazer a diferença na opção". E prevê que, a prazo, "a questão da sustentabilidade terá um papel cada vez mais central na dimensão reputacional e na personalidade das organizações".

 

Galp: Um cartão de visita para atrair investidores

 

A Galp Energia estreou-se este ano no Dow Jones Sustainability, conseguindo, logo à primeira, ficar na segunda posição do sector mundial do "Oil & Gas", segundo a empresa. A primeira posição pertence à espanhola Repsol.

A petrolífera explica que chegar ao prestigiado índice exigiu "um enorme esforço iniciado há três anos, que envolveu todas as áreas da empresa e que implicou, não apenas a identificação dos processos passíveis de melhorias, como a alteração de processos e a introdução de novas metodologias e formas de pensar".

Com isso a empresa aprendeu a "criar competências para uma gestão integrada das vertentes económica, ambiental e social, de modo a gerar valor e competitividade sustentável, a longo prazo para todos os stakeholders". Práticas que "tornaram a empresa mais competitiva".

A Galp salienta ainda o efeito positivo na atracção de investidores: "tratando-se de índices que servem de referência a gestores de carteiras de investimento que gerem milhares de milhões, a empresa entra no radar de inúmeros fundos de investimento sustentáveis que apenas aplicam o seu dinheiro em empresas que demonstrem um desempenho de excelência" nesta área.

 

PT: Presença em vários índices globais

 

A Portugal Telecom marca presença nos índices Dow Jones Sustainability desde 2010, ao cumprir os critérios económicos, ambientais, sociais e éticos estabelecidos pela Sustainable Asset Management. A operadora portuguesa é uma das cinco empresas do sector que integra o índice mundial em 2012. Na Europa são seis.

 

A empresa esclarece que integra também os índices FTSE4good, ETHIBEL Excellence, Global ESG leaders Index e ECPI Ethical Index.

 

A PT considera que a presença nos índices é o "reconhecimento de uma estratégia de sustentabilidade que pretende gerar valor de forma continuada para todos os stakeholders da empresa, através de uma actuação com ética, transparência, em equilíbrio com o ambiente e com respeito e envolvimento nas comunidades onde trabalhamos".

 

Manter a presença no índice exige um esforço de "melhoria contínua e uma constante procura das melhores práticas de sustentabilidade". De acordo com a operadora, esta atitude só faz sentido de estas práticas forem partilhas e difundidas "ao longo de toda a cadeia de valor, junto dos nossos fornecedores, parceiros, distribuidores e clientes".

 

EDP: Líder de sustentabilidade no sector das "utilities"

 

A EDP foi a primeira empresa portuguesa a integrar os índices Dow Jones Sustainability, World e Europe, em 2008. Nos últimos anos conseguiu mesmo o primeiro lugar entre as empresas do sector das "utilities", que inclui empresas de electricidade, água e gás.

Na classificação de 2012 teve a mesma pontuação que a vencedora: a espanhola Iberdrola. A EDP pertence ainda a outros índices accionistas mundiais de responsabilidade social corporativa, como o FTSE4Good.

A eléctrica considera que "fazer parte do índice Dow Jones de Sustentabilidade induz grande confiança de longo prazo na gestão da empresa, por parte dos investidores, da sociedade e dos ONG, suportada numa avaliação independente e de idoneidade mundialmente reconhecida".

Por um lado "reforça a aceitação social para operar nas nossas áreas de negócio". Para
os investidores "reitera o baixo risco de aplicação de capital nesta empresa".

Pertencer ao índice transmite uma mensagem também para dentro da empresa, já que "constitui uma referência robusta para avaliar a correcção da estratégia adoptada, ajudando na evolução dos pensamentos sobre os assuntos da sustentabilidade".

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