As acções da PT SGPS vão negociar normalmente na sessão da próxima terça-feira. "O conselho directivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou o levantamento da suspensão da negociação das acções da Portugal Telecom, SGPS, S.A.".

O comunicado do regulador presidido por Carlos Tavares foi publicado depois de suspensos os trabalhos, por 10 dias, da assembleia-geral da PT SGPS. Essa reunião magna de accionistas irá decidir a venda da PT Portugal, propriedade da Oi (da qual a PT SGPS é accionista), à francesa Altice.

A CMVM defendia o adiamento do encontro para permitir "salvaguardar os direitos dos accionistas". O regulador do mercado de capitais acredita que há documentação a que os accionistas devem ter acesso antes de votarem a venda da PT Portugal à Altice – daí que, aquando da suspensão, tenha dito que esperava "divulgação de informação relevante sobre o emitente".

A suspensão das acções da PT foi determinada a 9 de Janeiro, impedindo que os títulos negociassem depois de revelada a auditoria que a PwC fez às relações entre a empresa e o Grupo Espírito Santo (foi o investimento de 897 milhões em dívida da Rioforte que desencadeou a perda de poder da PT SGPS na concentração com a Oi). Carlos Tavares não deixou as acções negociarem depois de conhecida a auditoria porque queria que os accionistas tivessem acesso a mais informação – nomeadamente aos pareceres jurídicos sobre um eventual espaço para declarar nula a fusão da PT e da Oi (operação que levou para a empresa brasileira a PT Portugal, como os activos operacionais sob a marca Meo).

Esses pareceres e informações deverão ser entregues esta semana, conforme se comprometeu o conselho de administração da PT SGPS. De qualquer modo, depois de a assembleia ser suspensa, os títulos voltarão a negociar. Na quinta-feira, as acções encerraram a negociar nos 71,7 cêntimos, uma valorização de 9,8% face ao dia anterior (em que tinha marcado a maior queda de sempre, na ordem dos 19%). 

A PT SGPS tem um valor de mercado de 642,8 milhões de euros, bastante abaixo dos 1,2 mil milhões de euros a que estava avaliada pela oferta pública de aquisição lançada - e entretanto retirada - pela empresária angolana Isabel dos Santos.