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Cimpor dispara mais de 6% com cenário de saída de bolsa

Os títulos da cimenteira, que já só tem 4,9% das acções a negociar em bolsa, reagem à intenção da Camargo Côrrea de retirar a empresa da negociação na praça portuguesa.

Miguel Baltazar/Negócios
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Os papéis da Cimpor já estiveram a ganhar mais de 8% na sessão desta segunda-feira, 29 de Maio, depois de na sexta-feira passada a maior accionista da companhia, a Camargo Côrrea, através da InterCement, ter manifestado a intenção de retirar a cimenteira portuguesa de bolsa.

Durante os primeiros minutos da sessão, os títulos chegaram a valorizar 8,68% para 33,8 cêntimos, na maior variação intradiária em quatro meses, tendo entretanto aligeirado os ganhos para subir 6,11% para 33 cêntimos, em máximos de finais de Março passado.

Em causa estão os 33,2 milhões de acções que constituem o "free-float" - ou seja, ainda cotam na praça portuguesa - e que a Camargo quer que deixem de negociar com o pedido de perda de qualidade de sociedade aberta anunciado na sexta-feira, 26 de Maio, e que vai à assembleia-geral extraordinária da Cimpor marcada para 21 de Junho.

Desde a oferta pública de aquisição de 2012 que a Camargo Corrêa controla a Cimpor, tendo neste momento 95,1% da cimenteira com sede em Portugal. Na altura, a empresa brasileira não avançou para a retirada da empresa de mercado regulamentado, o que a InterCement pede agora, conforme indica o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A companhia advoga o reduzido "free-float" (de 4,9%) e níveis pouco significativos de transacções em mercado, além da "deterioração expressiva dos seus capitais próprios e crescimento da dívida financeira" para retirar a Cimpor de bolsa.

A empresa garante ainda aos accionistas que não aprovem a retirada a compra dos seus títulos por uma contrapartida em linha com a média ponderada dos últimos seis meses. Um valor que só será calculado aquando da aprovação da saída.

"A InterCement assegura que com esta proposta não pretende afectar as actividades da companhia em Portugal ou nas restantes geografias onde opera", indica o comunicado emitido esta sexta-feira.

A Cimpor anunciou na semana passada uma redução dos prejuízos no primeiro trimestre do ano, para 34,4 milhões até Março, com a actividade no Brasil, Egipto e Moçambique a penalizar a cimenteira, parcialmente compensada pelo crescimento no Paraguai, Argentina e África do Sul.

 

O que é a perda de qualidade de sociedade aberta

Segundo o Código dos Valores Mobiliários, a perda de qualidade de sociedade aberta corresponde à exclusão da empresa do mercado regulamentado. Esse factor pode ser deliberado em assembleia geral e avança desde que mais de 90% do capital social a aprove – o que a InterCement consegue nesta proposta. Contudo, exige depois uma decisão favorável por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

"A declaração de perda de qualidade de sociedade aberta implica a imediata exclusão da negociação em mercado regulamentado das acções da sociedade e dos valores mobiliários que dão direito à sua subscrição ou aquisição, ficando vedada a readmissão no prazo de um ano", indica o Código.

Acontecendo a retirada por decisão da assembleia geral, tem de haver um accionista que se obrigue a comprar, nos três meses após a decisão favorável da CMVM àquela saída, as acções de quem não votou favoravelmente aquela retirada de bolsa. No caso da Cimpor, a InterCement assume essa disposição.

A definição da contrapartida nessas aquisições de títulos segue a regra do mesmo Código: ou pelo maior preço pago pela empresa oferente nos últimos seis meses ao anúncio da operação ou o preço médio ponderado das acções (cotação ponderada pelo volume) durante esse mesmo período. A InterCement defende que não fez nenhumas compras no último meio ano, pelo que o critério a utilizar é o do preço médio. 

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