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Centeno: "Temos de garantir que esta crise económica não se transforma numa crise financeira"
O governador do Banco de Portugal mostrou-se preocupado com o risco de a potencial crise económica se transformar numa crise financeira. Europa está mais bem preparada do que durante a crise das dívidas soberanas e mecanismo anti-fragmentação só será usado em caso de necessidade.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou nesta segunda-feira, 20 de junho, para os riscos de uma crise económica se transformar numa crise financeira, pela fragmentação financeira entre os países da zona euro.
Em causa está o risco de fragmentação financeira entre países da zona euro, ou seja, de "as condições de financiamento não estarem disponíveis de forma igual para todos os setores e jurisdições" da zona euro, frisou o governador do Banco de Portugal.
Perante o 'fantasma' da crise das dívidas soberanas de 2008, o ex-ministro das Finanças defendeu que hoje em dia existe "um conjunto de instrumentos e instituições mais fortes" do que nessa altura. "Temos hoje condições para lidar com esses riscos de forma muito melhor do que fizemos antes", considerou.
Exemplo disso é o mecanismo anti-fragmentação, prometido na semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE). Sem se adiantar detalhes ou datas para a entrada em vigor do mecanismo, Mário Centeno garantiu que "existindo essa determinação esses instrumentos vão existir"
O governador disse depois apenas que o objetivo com este mecanismo é "introduzir no mercado disciplina sempre que os diferenciais [dos juros da dívida face à alemã] excedam valores que estão além dos fundamentos económicos". Segundo Centeno, este "novo seguro" só será usado em caso de necessidade.
"Se for bem desenhado nunca vai ser utilizado", porque o objetivo é "prevenir um conjunto de comportamentos pela mera existência do mecanismo", disse. Mário Centeno recusou também a existência de condicionantes à sua utilização pelos países mais endividados.
O ex-ministro das Finanças considerou que, com a pandemia, foi possível coordenar a nível europeu a política económica, monetária e orçamental - e que esse lógica devia manter-se. "É uma conquista que não devemos perder. Perdemos se voltarmos aos velhos argumentos, de caráter penalizador", defendeu. Ainda assim, o governador admitiu que essa é uma "tentação muito grande na Europa".
Subir salários pela inflação? Depende
Na conferência, o governador foi ainda instado a posicionar-se sobre uma subida de salários para travar a perda de poder de compra associada à subida da inflação. Mário Centeno defendeu que a discussão deve ser tida "a nível coordenado" e que isso aconteça "na medida de possível num acordo de médio prazo."
Questionado sobre o Governo deve aumentar os funcionários públicos, no próximo ano, em linha com a inflação verificada neste ano, o ex-ministro das Finanças recusou aumentos que criem pressões inflacionisitas. Mas afirmou: "Não cria pressão na inflação um crescimento salarial em linha com a referencia do BCE e o adicionado com os ganhos de produtividade".
(Notícia atualizada às 10:37 com mais informação)
"O que temos de garantir é que esta crise económica que se desenha - como um risco - no horizonte não se transforme numa crise financeira", afirmou Mário Centeno, numa conferência que decorre esta manhã e que foi promovida pela CNN Portugal.
Em causa está o risco de fragmentação financeira entre países da zona euro, ou seja, de "as condições de financiamento não estarem disponíveis de forma igual para todos os setores e jurisdições" da zona euro, frisou o governador do Banco de Portugal.
Perante o 'fantasma' da crise das dívidas soberanas de 2008, o ex-ministro das Finanças defendeu que hoje em dia existe "um conjunto de instrumentos e instituições mais fortes" do que nessa altura. "Temos hoje condições para lidar com esses riscos de forma muito melhor do que fizemos antes", considerou.
Exemplo disso é o mecanismo anti-fragmentação, prometido na semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE). Sem se adiantar detalhes ou datas para a entrada em vigor do mecanismo, Mário Centeno garantiu que "existindo essa determinação esses instrumentos vão existir"
O governador disse depois apenas que o objetivo com este mecanismo é "introduzir no mercado disciplina sempre que os diferenciais [dos juros da dívida face à alemã] excedam valores que estão além dos fundamentos económicos". Segundo Centeno, este "novo seguro" só será usado em caso de necessidade.
"Se for bem desenhado nunca vai ser utilizado", porque o objetivo é "prevenir um conjunto de comportamentos pela mera existência do mecanismo", disse. Mário Centeno recusou também a existência de condicionantes à sua utilização pelos países mais endividados.
O ex-ministro das Finanças considerou que, com a pandemia, foi possível coordenar a nível europeu a política económica, monetária e orçamental - e que esse lógica devia manter-se. "É uma conquista que não devemos perder. Perdemos se voltarmos aos velhos argumentos, de caráter penalizador", defendeu. Ainda assim, o governador admitiu que essa é uma "tentação muito grande na Europa".
Subir salários pela inflação? Depende
Na conferência, o governador foi ainda instado a posicionar-se sobre uma subida de salários para travar a perda de poder de compra associada à subida da inflação. Mário Centeno defendeu que a discussão deve ser tida "a nível coordenado" e que isso aconteça "na medida de possível num acordo de médio prazo."
Questionado sobre o Governo deve aumentar os funcionários públicos, no próximo ano, em linha com a inflação verificada neste ano, o ex-ministro das Finanças recusou aumentos que criem pressões inflacionisitas. Mas afirmou: "Não cria pressão na inflação um crescimento salarial em linha com a referencia do BCE e o adicionado com os ganhos de produtividade".
(Notícia atualizada às 10:37 com mais informação)