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Buffett sonha em grande, mas contenta-se com pequenas aquisições
Há algum tempo que Warren Buffett não fecha um grande acordo e tem-se contentado com pequenos troféus.
A Berkshire Hathaway apostou 377 milhões de dólares (335,2 milhões de euros) no fundo de investimento imobiliário Store Capital, focado em prestadoras de serviços, como academias e berçários. O anúncio seguiu-se a um acordo de tamanho semelhante para injectar recursos na combalida instituição de crédito imobiliário Home Capital Group, sediada no Canadá.
A reputação de Buffett como um dos investidores mais espertos do mundo impulsionou as acções das duas empresas e produziu ganhos rápidos para a Berkshire. No entanto, as transacções não ajudam a resolver um desafio persistente: a quantia recorde de fundos.
"Os accionistas estão muito mais preocupados com o que Buffett fará com os 100 mil milhões de dólares que tem em carteira" do que com estes acordos, afirmou David Rolfe, gestor de fundos que supervisiona aproximadamente 6,5 mil milhões de dólares em activos, incluindo acções da Berkshire.
Nas últimas cinco décadas, Buffett ergueu a Berkshire consistentemente como um conglomerado por meio de transacções cada vez maiores. O último acordo gigantesco – a aquisição da fabricante de componentes para aeronaves Precision Castparts, por 32 mil milhões de dólares – aconteceu em 2015. Desde então, os lucros gerados pelas dezenas de negócios da Berkshire — como a operadora ferroviária Burlington Northern Santa Fe e a seguradora de automóveis Geico — fortaleceram o cofre.
A situação levou Buffett a informar aos presentes na assembleia anual de accionistas da Berkshire, no mês passado, que estava preparado para realizar um grande acordo e que não iria deixar o dinheiro parado para sempre. O bilionário resiste pagar dividendos e raramente recompra acções da sua empresa, argumentando que pode favorecer mais os accionistas reaplicando o dinheiro no negócio ou realizando novos investimentos.
"Em algum momento, o ónus da prova virá para nós", disse Buffett durante a assembleia, de 6 de Maio. "De forma alguma posso voltar aqui dentro de três anos e dizer-vos que temos 150 mil milhões de dólares ou perto disso em dinheiro."
Embora os dois novos investimentos não diminuam os recursos da Berkshire, os investidores provavelmente ficarão contentes com eles. Os termos são atraentes. E provavelmente não ocuparam muito o tempo de Buffett.
Nos dois casos, o bilionário contou com Ted Weschler para estudar a oportunidade e definir os detalhes. Buffett já colocou outro profissional de selecção de acções, Todd Combs, a desempenhar um papel semelhante no passado.
Os dois gestores são peças fundamentais no plano de sucessão da Berkshire. Buffett, de 86 anos, indicou que Weschler, de 56, e Combs, de 46, poderão vir a supervisionar todos os investimentos da companhia e ajudar o próximo presidente nas aquisições.
No caso da Home Capital, o acordo reforça a fama da Berkshire como empresa capaz de apagar incêndios financeiros. Além de desembolsar 400 milhões de dólares canadianos (269 milhões de euros) por uma participação na instituição de crédito, Buffett concordou em estender uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares canadianos.
Os recursos ajudaram a restaurar a confiança na Home Capital, que estava a ser atacada há anos por especuladores na bolsa, que questionavam as suas práticas de subscrição e a sua equipa de administração. A instituição também enfrentava uma onda de fuga de depósitos.
"O objectivo era apagar as chamas", disse David Sims, um dos gestores do Eagle Capital Growth Fund, que detém acções da Berkshire. O investimento ajudou a "estabilizar as coisas".
Título original em inglês: Buffett Wants a Big Deal. Lately, He’s Settled for Small Ones