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Bolsas americanas apanhadas no "arrastão" turco. Citigroup com maior queda desde Maio
As bolsas norte-americanas encerraram no vermelho, pressionadas pelos apuros da Turquia, numa altura em que a forte desvalorização da lira turca e a subida dos juros soberanos do país fazem crescer os receios de um contágio generalizado.
O Dow Jones fechou a recuar 0,77% para 25.313,07 pontos e o Standard & Poor’s 500 perdeu 0,71% para 2.833,29 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 0,67% para 7.839,11 pontos.
A lira turca continuou a desvalorizar e a marcar sucessivos mínimos históricos, sobretudo devido à incapacidade de o banco central do país controlar a inflação e em resultado das preocupações em torno da guerra diplomática com os Estados Unidos. Também os juros da dívida soberana da Turquia dispararam, o que agravou o cenário.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, falou ao país e pediu à população para trocar ouro e dólares por liras, numa altura em que as relações com os EUA estão a deteriorar-se.
Nessa mesma altura, o presidente norte-americano, Donald Trump, deitava achas na fogueira, dizendo ter decretado um aumento das tarifas aduaneiras sobre as importações de produtos turcos, impondo assim taxas de 20% sobre o alumínio e de 50% sobre o aço. No Twitter, a sua rede social de eleição, Trump congratulou-se com a "rápida queda da lira contra o nosso fortíssimo dólar".
Ao final do dia, numa declaração pública, o ministro turco do Comércio, Ruhsar Pekcan, declarou que "têm sido infrutíferos, até agora, os repetidos esforços no sentido de comunicar com a Administração norte-americana para dizer que nenhum dos critérios que levou à imposição de tarifas é aplicável à Turquia".
"No entanto, imploramos ao presidente Trump que regresse à mesa das negociações, pois isto pode e deve ser resolvido através do diálogo e cooperação", acrescentou.
Mas nem implorando a Turquia parece fazer recuar Trump e os dissabores de Ancara contagiaram os mercados globais, com especial destaque para as cotadas com exposição à Turquia, como é o caso da banca – nomeadamente Itália, Espanha e França no continente europeu, sendo que entre os muitos exemplos constam o BBVA, Unicredit, ING Groep e BNP Paribas.
Apesar de as empresas americanas terem divulgado níveis de exposição relativamente baixos à Turquia, também acabaram por ser apanhadas por este "arrastão" a nível mundial.
O Citigroup caiu perto de 3%, para menos de 70 dólares por acção, naquela que foi a maior descida desde Maio – o que demonstra o quão sensíveis estão os investidores a quaisquer riscos num sector que perdeu milhares de milhões com a crise na Grécia e que está ainda a caminho de recuperar a rentabilidade dos níveis pré-crise financeira de 2008.
Por outro lado, hoje foi anunciado que o índice de preços no consumidor nos EUA subiu em Julho e que a tendência subjacente continua a fortalecer, apontando para um aumento das pressões inflacionistas.
Os investidores têm estado atentos aos dados da inflação para terem pistas sobre a evolução do ritmo de subida dos juros directores por parte da Reserva Federal.
A Fed já elevou duas vezes os juros este ano e está previsto que o faça mais duas vezes até ao final do ano.