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BlackRock aponta mira às ações europeias. EUA baixam para "neutral"

A maior gestora de ativos do mundo continua a identificar um ambiente favorável ao investimento em ações, mas identifica agora mais oportunidades na Europa.

O volume de entradas nos fundos superou pelo quarto mês consecutivo um montante superior a 300 milhões de euros.
Staff/Reuters
08 de Julho de 2021 às 13:45
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As ações norte-americanas levam um "bull market" de mais de uma década. Mas após anos de supremacia, que nem a pandemia conseguiu travar, são cada vez mais os bancos de investimento a apontar o seu arsenal para a Europa. É o caso da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, que inverteu as posições e diz que a Europa é agora a melhor região para beneficiar com a reabertura da economia, reduzindo a sua recomendação para ações americanas de "overweight" para "neutral".

 

Estados Unidos e Europa negoceiam em território de máximos, mas as duas regiões partem de uma base bastante distante. Enquanto Wall Street mantém uma tendência de crescimento constante desde 2009, as praças do Velho Continente têm-se deparado com vários momentos conturbados. Depois de um início de ano marcado por um processo de vacinação lento, a imunização da população começa finalmente a acelerar, deixando a região bem preparada para acelerar a reabertura da economia. E os ganhos em bolsa.

 

"A reativação da economia vai ser mais forte na Europa", explica André Themudo. De acordo com o responsável da BlackRock para Portugal, a fazer a apresentação do "outlook" para o segundo semestre numa conferência virtual, esta é a principal justificação para a gestora ter decidido rever a sua estratégia para o investimento em ações europeias, melhorando a sua recomendação de "neutral" para "overweight". Já a visão para os Estados Unidos fez um trajeto contrário: passou de "overweight" a "neutral".

 

De acordo com André Themudo, "continua a valer a pena estar investido em ativos de risco", adiantando que, do ponto de vista mais tático, a gestora favorece as ações europeias face às dos Estados Unidos, antecipando que a Europa "possa recuperar mais rapidamente nesta segunda metade do ano".

 

"Há uma preferência por setores e geografias que podem beneficiar com uma reabertura mais cíclica", acrescenta o mesmo analista. Em termos setoriais, as empresas tecnológicas, farmacêuticas e o setor do consumo, nomeadamente no segmento do luxo, lideram a preferência, na medida em que são as companhias que estão melhor posicionadas para passar para o cliente final aumentos de custos e assim aumentar margens de lucros.

 

 

Bancos centrais mais moderados

 

Os estímulos monetários são um dos fatores que mais tem contribuído para o "bull market" nos mercados na última década – segundo as estimativas da BlackRock, nos Estados Unidos, houve quatro vezes mais estímulos do que na crise financeira global, para um quarto do choque económico – e que vai continuar a ser determinante.

 

E a expectativa é que os principais bancos centrais mundiais continuem alinhados com o objetivo de suportar a recuperação, mesmo que isso implique ter uma maior pressão inflacionista no curto prazo. Depois da Reserva Federal dos Estados Unidos ter abandonado a meta de 2% para a inflação, hoje foi o Banco Central Europeu (BCE) a anunciar uma revisão da sua estratégia para a inflação.

 

A entidade liderada por Christine Lagarde passou a permitir que a sua meta para a inflação passasse a ser simétrica, o que permite que passe deste patamar por determinados períodos de tempo. Uma possibilidade que, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos, confere maior liberdade para reagir às alterações no índice de preços.

 

Estas medidas estão em linha com as expectativas da BlackRock, que argumenta que "a inflação vai situar-se em portas mais altas do que na última década e os bancos centrais vão ter uma resposta mais moderada do que no passado", optando por "esperar para ver", em vez de arriscarem uma decisão precipitada com impacto negativo na recuperação da economia.

 

Obrigações são para evitar

 

Com as taxas de juro das obrigações em níveis ainda muito baixos, a BlackRock mantém uma visão negativa para as obrigações soberanas. Mesmo assim, a gestora acredita que as "taxas das obrigações vão manter-se em níveis mais baixos", explica André Themudo, na apresentação da estratégia da gestora para a segunda metade do ano.

 

Aliada à ausência de perspetivas de taxas de rendibilidade atrativas, a gestora antecipa uma subida das "treasuries", com os investidores a ajustarem mudanças na política monetária da Fed – que não deverão materializar-se antes de 2023, segundo a BlackRock.

 

A exceção no mercado de obrigações são os títulos indexados à inflação, assim como dívida de mercados emergentes.

 

No que diz respeito às ações emergentes, a gestora mantém uma abordagem mais cautelosa. "Um dólar mais forte, devido a esta maior incerteza em torno da política da Fed, e um risco de um crescimento mais lento na China justificam esta visão mais negativa para emergentes", remata o especialista.

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