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BCP renova mínimo histórico

As acções do banco liderado por Nuno Amado já desceram nesta sessão mais de 7% para negociarem nos 1,42 cêntimos, o valor mais baixo de sempre.

23 de Setembro de 2016 às 09:03
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As acções do Banco Comercial Português (BCP) tocaram já esta sexta-feira, 23 de Setembro, em mínimo histórico. Os títulos chegaram a desvalorizar 7,64% para 1,42 cêntimos, o que representa o valor mais baixo de sempre. No entanto, as acções do banco liderado por Nuno Amado estão agora a travar um pouco as perdas, recuando 4,39% para 1,47 cêntimos.

Por esta altura, já trocaram de mãos mais de 182 milhões de acções, o que representa um volume superior ao registado na última sessão. A média diária dos últimos seis meses é superior a 343,7 milhões de títulos. A capitalização bolsista do banco é, de acordo com a Bloomberg, de 867,9 milhões de euros. Desde o início do ano, o valor de mercado do banco já caiu 69,92%.

Num relatório publicado esta quinta-feira, a agência de notação financeira Fitch considera que a qualidade dos activos é ainda um factor de fraqueza para as instituições financeiras portuguesas, que estão "vulneráveis aos riscos que advêm do elevado endividamento da economia portuguesa". Em relação ao BCP, a agência de "rating" aponta que "a posição de capital é vulnerável, o que está reflectido no rating", embora "as negociações com a Fosun para injectar capital podem representar algum alívio".

No passado dia 15 de Setembro, o Negócios escrevia que o BCP quer fechar o acordo com a Fosun até ao final deste mês. O fim de Setembro é o prazo dado, depois de a reunião da administração da instituição financeira ter apreciado "positivamente" a intenção de investimento dos chineses. Após o debate, no conselho a 14 de Setembro, das "linhas gerais do que poderão vir a ser os termos do investimento", a administração do banco português mandatou Nuno Amado para intensificar as negociações com a Fosun. Na administração, que deu agora aval às negociações, estão representados os principais accionistas do BCP: os angolanos da Sonangol, com 17,8%, os espanhóis do Sabadell, com 5%, e os portugueses da EDP, com 2,7%.


Precisamente há uma semana, a 16 de Setembro, foi o último dia em que as acções do BCP cotaram no índice que agrega as 600 maiores empresas da Europa, uma saída que leva os fundos a refazerem as suas carteiras para fazer reflectir a revisão. 


Moody's alerta para fragilidade da banca nacional

Pedro Santos da XTB Portugal, ao Negócios, salienta que a queda do BCP pode estar relacionada com o relatório divulgado ontem pela Moody’s que aponta para a vulnerabilidade da banca nacional.


No relatório em causa, a Moddy’s altera o "Macro Profile" de Portugal de "Moderado" para "Moderado-". O "Macro Profile" representa uma avaliação do ambiente macroeconómico em que os bancos operam e é desenhado para captar os factores no sistema que são preditivos da propensão para os bancos falharem.

Neste documento pode ler-se que: "a descida do Macro Profile de Portugal de ‘Moderado’ para ‘Moderado-‘ ilustra a avaliação do fraco ambiente em que os bancos portugueses operaram como reflectido nas fracas perspectivas de crescimento económico, persistindo uma elevada alavancagem do sector privado e condições de financiamento vulneráveis".


"A Moody’s nota também que as condições de financiamento dos bancos portugueses podem ser desafiadas pelo risco de as instituições bancárias terem acesso restrito, ou terem custos muito elevados nos mercados de financiamento, no caso de precisarem, devido aos seus fracos fundamentais de crédito e grandes desafios enfrentados por alguns dos grandes bancos do país", refere ainda o documento.

Pedro Santos refere que neste enquadramento "além da CGD, a grande dúvida é o BCP", uma vez que a questão do BPI está mais próxima de estar terminada após esta semana os estatutos terem sido desblindados abrindo a porta à OPA do CaixaBank. "Como não há notícias concretas sobre o [investimento da] Fosun, há alguns receios nos investidores, que preferem estar vendedores", acrescenta Pedro Santos.

Ontem também o FMI salientou a urgência da banca portuguesa em resolver o problema do crédito malparado, pedindo uma "nova abordagem" para a questão. O Governo, nas Grandes Opções do Plano, refere que vai avançar com medidas para resolver o problema do elevado malparado do sector financeiro.

Evolução das acções do BCP nos últimos 12 meses

Fonte: Bloomberg

(Notícia actualizada pela última vez às 10:09 com comentário e cotações)

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