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BCE e Fed arrastam bolsas europeias para mínimos de dois meses
As bolsas europeias estão a ser pressionadas pelos comentários de Janet Yellen e Mario Draghi, que adensaram receios entre os investidores. O ataque informático, o adiamento das reformas nos EUA e a queda do petróleo também penalizam.
Janet Yellen, presidente da Reserva Federal, falou de "preços de activos elevados". Mario Draghi, responsável máximo do BCE, de pressões "temporárias" sobre a inflação. E a reacção não se fez esperar. Os receios de uma retirada dos estímulos na Zona Euro e de avaliações demasiado elevadas dos activos estão a levar as bolsas europeias para mínimos de dois meses.
O índice de referência para a Europa, o Stoxx600, está a negociar em queda esta quarta-feira, 28 de Junho, pela segunda sessão consecutiva, com uma descida de 0,38% para 384,52 pontos. Durante a manhã, o índice chegou a afundar um máximo de 1,03% para 382,01 pontos, o valor mais baixo desde 24 de Abril.
É esta a reacção das acções europeias às declarações dos dois responsáveis dos maiores centrais do mundo, que discursaram na terça-feira e agitaram o mercado.
No 4.º Fórum do BCE em Sintra, Mario Draghi mostrou-se confiante na recuperação europeia e garantiu que os factores que estão a pesar sobre a inflação são "temporários". Ainda assim, sublinhou repetidamente que ainda são necessários estímulos monetários.
"As forças deflacionistas foram substituídas por forças reflacionistas. Embora ainda existam factores que estão a pesar na trajectória da inflação, estes são factores principalmente temporários que o banco central pode ignorar no médio prazo", assegurou.
Estas palavras tiveram um efeito negativo sobre as acções, mas positivo sobre o euro, que negoceia hoje em máximos de 24 de Junho de 2016 – o rescaldo do referendo sobre o Brexit – face ao dólar.
Já a presidente da Fed, Janet Yellen, alertou que os preços dos activos "parecem elevados" num discurso onde reiterou que considera ser apropriado subir as taxas de juro "muito gradualmente".
Em termos sectoriais, são as tecnológicas que mais penalizam a negociação na Europa, num movimento que tem sido especialmente evidente nos Estados Unidos. Em Wall Street, os investidores acreditam que as acções deste sector possam estar sobrevalorizadas depois das fortes subidas no arranque de 2017, que elevaram o Nasdaq para novos recordes.
A contribuir para o pessimismo está ainda a descida dos preços do petróleo, o ataque informático a nível global e o adiamento da votação da reforma da saúde pelos senadores republicanos, que aumentou as preocupações dos investidores em torno da capacidade de Donald Trump de implementar as medidas que prometeu, nomeadamente a reforma fiscal.