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Fed lança alerta aos mercados: "preços dos activos parecem elevados"

No mesmo dia, dois dos principais responsáveis da Fed comentaram os preços dos activos nos mercados, uma prática pouco habitual no banco central.

Andrew Harrer/Bloomberg
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Os preços dos activos nos mercados financeiros "parecem elevados" e a subida recente da bolsa só pode ser explicada por um melhor panorama económico.

 

Estas conclusões foram proferidas ontem por Janet Yellen, presidente da Reserva Federal e por Stanley Fischer, vice-presidente do banco central.

 

Se é pouco habitual um responsável da Fed comentar os desenvolvimentos dos mercados financeiros, mais estranho parece que dois deles falem do assunto no mesmo dia. Sinal para alarme? A Bloomberg diz que as campainhas ainda não soaram, mas a maior atenção do banco central aos preços dos activos está a gerar apreensão e a queda de ontem de Wall Street (a maior em seis semanas) poderá ser uma primeira reacção.

 

Num discurso que era aguardado para confirmar a expectativa de mais subidas de juros nos EUA, Janet Yellen reiterou que considera ser apropriado subir as taxas de juro "muito gradualmente".

 

Mas Yellen falou também sobre os preços dos activos em bolsa, dizendo que "parecem elevados, mas não há certezas sobre isso", dado que depende das métricas que são usadas. A presidente da Fed recorreu ao PER (relação entre lucros e cotação) para argumentar a conclusão de níveis elevados dos activos.

 

Estes comentários de Yellen sobre os preços dos activos seguem-se às observações feitas, também ontem, pelo vice-presidente do banco central, Stanley Fischer – que afirmou que a crescente valorização das acções só pode ser explicada por um melhor panorama económico.

 

Fisher adiantou que "até agora, o evidente apetite pelo risco não provocou um aumento da alavancagem nos mercados financeiros, mas é necessária uma monitorização apertada".  

 

John Williams, da Fed de S. Francisco, também fez comentários recentes sobre os preços dos activos – "o mercado accionista parece estar a funcionar através de sinais de fumo" -, o que está a gerar surpresa em Wall Street, pela demonstração súbita de preocupação do banco central com a evolução dos mercados. Apesar da correcção recente, 2017 está a ser marcado por máximos históricos nas bolsas norte-americanas, com os investidores confiantes nos resultados da política económica do presidente Donald Trump.

 

"Nunca vamos ouvir a Fed dizer que aumenta os juros por causa disto [nível elevado dos preços dos activos], mas certamente estará a pesar mais na decisão do que há seis ou nove meses", comentou à Bloomberg Stephen Stanley, economista-chefe da Amherst Pierport Securities.

 

A Fed não tem um objectivo para os preços dos activos, mas uma das suas missões passa por assegurar a estabilidade financeira, pelo que o actual nível dos mercados também entra na equação da política monetária a adoptar, pelo que o banco central tem mais argumentos para continuar a subir as taxas de juro.

 

Vários críticos da Fed têm defendido que a política monetária da Fed, de manter os juros baixos por muito tempo, é responsável pela criação de bolhas em diversos activos, apesar de nenhuma ainda se ter materializado.

 

No discurso que efectuou ontem em Londres, Janet Yellen voltou a dizer que a economia dos EUA está robusta o suficiente para aguentar taxas de juro mais altas. Na reunião do passado dia 14, a Fed subiu a taxa directora (dos fundos federais) em 25 pontos base, para um intervalo entre 1% e 1,25%.

 

Após cerca de uma década subir os juros, que se mantiveram em mínimos históricos entre 0% e 0,25%, a Reserva Federal procedeu ao primeiro aumento (de 25 pontos base) em Dezembro de 2015. Posteriormente, em Dezembro de 2016, voltou a incrementar em 25 pontos base a taxa directora. Voltou, então, em Março passado, a elevar o custo do dinheiro, com mais uma subida de 25 pontos base, e novamente este mês em mais 25 pontos.

 

Entretanto, a 5 de Abril, com a divulgação das minutas da reunião de Março, ficou também a saber-se que a Fed sinalizou uma redução do seu balanço ainda para este ano.

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