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Ameaças de Trump abalam Wall Street. Dow Jones eclipsou ganhos de três semanas

O anúncio de Donald Trump de que a partir da próxima sexta-feira, 10 de maio, serão agravadas de 10% para 25% as tarifas alfandegárias sobre alguns produtos chineses esteve hoje a abalar os mercados de todo o mundo. As bolsas norte-americanas não foram exceção.

EPA
06 de Maio de 2019 às 21:06
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A súbita escalada das tensões comerciais entre os EUA e a China mexeu negativamente com os mercados bolsistas e petrolíferos na sessão desta segunda-feira.

 

O Standard & Poor’s 500 encerrou a ceder 0,45% para 2.932,47 pontos, ao passo que o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 0,50%, para 8.123,29 pontos.

O índice industrial Dow Jones acompanhou o movimento de descida, terminando a perder 0,25%, para 26.438,48 pontos. O Dow Jones chegou mesmo, nos mínimos da sessão (quando perdia 471 pontos, ou 1,78%, para 26.033,95 pontos), a eliminar todos os ganhos obtidos durante as últimas três semanas. Depois conseguiu, assim como os restantes índices, terminar distante dos mínimos da jornada, mas, ainda assim, em terreno negativo.

A contribuir para a recuperação de parte das perdas esteve a esperança de que esta 'jogada' de Trump contribua para que finalmente haja acordo comercial entre Washington e Pequim.

Numa altura em que prosseguem as conversações entre as duas maiores economias do mundo com vista a alcançar um acordo comercial, que se chegou a esperar para o início de maio, o presidente dos EUA surpreendeu este domingo com declarações sobre um aumento adicional das tarifas aduaneiras. E já a partir da próxima sexta-feira, 10 de maio.

 

Donald Trump anunciou que a partir dessa data serão agravadas de 10% para 25% as tarifas alfandegárias sobre alguns produtos chineses.

 

O chefe da Casa Branca especificou que as tarifas de 10% sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares em produtos chineses importados pelos EUA irão subir para 25%. E mais: "em breve" serão impostas tarifas de 25% sobre o equivalente a mais 325 mil milhões de dólares de produtos oriundos da China.

 

Isto num aviso à China numa altura em que se prepara uma nova ronda de negociações comerciais com vista a tentar obter um entendimento entre as duas partes. Chegou-se a recear que a China desistisse de enviar a sua delegação a Washington, esta quarta-feira 8 de maio, mas Pequim mantém a sua agenda e quer prosseguir as conversações.

 

Os Estados Unidos tinham já advertido que se não fosse alcançado um acordo, aumentariam de 10% para 25% a tarifa aplicada sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares de importações chinesas, a que Pequim disse que deveria responder com uma subida das taxas aduaneiras sobre cerca de 60 mil milhões de dólares de bens norte-americanos (anunciadas no ano passado como forma de retaliação).

 

No entanto, no final de novembro passado, durante a cimeira do G20 em Buenos Aires (Argentina), os dois países selaram uma trégua de 90 dias, entre 1 de dezembro e 1 de março, que suspendia as taxas alfandegárias dos Estados Unidos sobre os produtos chineses e as sobretaxas impostas pela China a viaturas e peças automóveis fabricadas nos EUA. Esse prazo foi estendido, mas Trump parece ter-se cansado perante a inexistência de um acordo.

 

O presidente norte-americano veio assim exercer pressão com este anúncio – e que foi considerado inesperado, já que ambos os lados tinham acordado num ‘congelamento’ enquanto mantinham as negociações comerciais na tentativa de chegar a acordo.

 

Este anúncio do chefe da Casa Branca é, pois, uma ameaça à China, numa tentativa de tentar alcançar o acordo que já tantas vezes parecia estar confirmado. Mas ainda há discordâncias em variados pontos, entre as duas partes, pelo que esse entendimento poderá não acontecer esta semana – e se os EUA impuserem mesmo as tarifas adicionais, as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo vão intensificar-se.

 

Washington exige que Pequim reduza o excedente comercial de 375.000 milhões de dólares com os Estados Unidos, ponha fim às políticas orientadas para adquirir direitos de propriedade intelectual e tecnologia norte-americana, e reverta o que os EUA consideram ser subsídios à indústria chinesa de alta tecnologia. Os EUA têm dito que pretendem travar a compra de empresas norte-americanas por parte de empresas com pelo menos 25% de capital chinês, o que veio aumentar a crispação entre os dois países.

 

Uma das cotadas em destaque pela negativa foi a Boeing, que é a maior exportadora individual dos EUA para a China e que cedeu 1,29%.

 

Também as fabricantes de microchips, que vão buscar à China grande parte das suas receitas, estiveram a negociar no vermelho.

 

A Apple sobressaiu também do lado das quedas, ao perder 1,54%, arrastando o setor tecnológico. Outras cotadas do setor, como a Amazon, Microsoft e Facebook, registaram recuos superiores a 0,60%.

 

As fabricantes automóveis estiveram igualmente a transacionar em baixa, com a General Motors a desvalorizar 1,83% e a Ford a registar uma descida de 0,38%.

(notícia corrigida com os valores de fecho do Dow Jones - por lapso, estavam indicados os do Nasdaq)

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