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Ações da Inapa "despromovidas" na bolsa de Lisboa
Os títulos da distribuidora de papel vão passar para a "recovery box", um segmento da Euronext, onde são negociados títulos de empresas que entraram em algum tipo de incumprimento.
As ações da Inapa vão passar para a "recovery box", um segmento da Euronext, onde são negociados títulos de empresas que entraram em algum tipo de incumprimento. Esta decisão é tomada semanas antes de ser decidida (ou não) a liquidação da distribuidora de papel.
Na nota, publicada no site da Euronext, onde a dona da bolsa de Lisboa da conta desta medida, a empresa explica que a passagem destas ações para o "segmento de revitalização" é uma medida tomada "devido ao processo de insolvencia". Os títulos começam a ser negociados neste grupo a partir da próxima segunda-feira.
Assim, no final da sessão desta sexta-feira, as ordens no segmento principal da bolsa de Lisboa foram canceladas.
A decisão da Euronext é tomada, horas depois de ter sido noticiado que a insolvência da Inapa foi decretada três dias depois de a empresa ter apresentado o pedido em tribunal, o qual tinha sido anunciado pela distribuidora de papel a 21 de julho.
O tribunal nomeou Bruno Costa Pereira como administrador judicial, que é um dos mais conceituados administradores de insolvência do país, que já lidou com alguns dos maiores processos de recuperação dos últimos anos, como foram os casos da Sousacamp (cognominado "rei dos cogumelos") ou da Groudforce, estando agora à frente, entre outros, do Processo Especial de Revitalização (PER) da Trust in News, a dona de revistas como a Visão, a Exame, a Caras e a Courrier International.
Em declarações ao Negócios esta manhã, o administrador judicial explicou que acabava "de ser nomeado, pelo que, para já, não posso adiantar nada. Vou agora inteirar-me da situação da empresa e do grupo. Naturalmente, nos próximos dias já terei uma ideia sobre aquilo que são as perspetivas para o futuro da Inapa".
Com dívidas da ordem dos 200 milhões de euros, tendo como principais credores bancos como o BCP, o Novo Banco e a CGD, a Inapa tem cerca de duas centenas de trabalhadores em Portugal e o Estado, via Parpública (holding que agrega as participações estatais em empresas), como principal acionista (44,89%), seguida da empresa do sector publicitário Nova Expressão (10,85%) e o Novo Banco (6,55%).
Os restantes 37,71% do capital da Inapa estão nas mãos de pequenos investidores.
"A situação de insolvência da Inapa IPG foi espoletada por uma carência pontual de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH ("Inapa Deutschland"), em montante de 12 milhões de euros, para a qual não se encontrou solução de financiamento até dia 22 de Julho, prazo estabelecido pela lei alemã, o que resultou na apresentação à insolvência da Inapa Deutschland nesse dia", explicava a empresa portuguesa, a 29 de julho, em comunicado.
O grupo não resistiu ao efeito dominó da sua subsidiária alemã, que o arrastou também para a falência.
O ministro das Finanças defende que a crise na Inapa "decorre da gestão da empresa" e que o Governo "defendeu o dinheiro dos contribuintes" ao não aprovar uma injeção de emergência de 12 milhões de euros por parte da Parpública.
"Colocar dinheiro numa empresa, numa operação para proteger 800 empregos na Alemanha, não nos pareceu a melhor utilização dos dinheiros públicos. E não quisemos ter, ao contrário do Governo anterior, uma nova Efacec a sugar dinheiro dos contribuintes, a despejarmos dinheiro dos contribuintes nessa empresa. Agora veremos o que é que acontece, se há compradores para aqueles ativos ou se a empresa segue um processo de insolvência", afirmou Joaquim Miranda Sarmento, esta quinta-feira, 1 de agosto, em entrevista ao Público e à Renascença.
(Notícia atualizada às 17:22 horas).