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IMF – Novo orçamento arruína expectativas britânicas
Novo orçamento arruína expectativas britânicas; Eur/Usd com perdas extensas após subida de 75 pb da Fed; Petróleo e ouro em queda
| Novo orçamento arruína expectativas britânicas
Novamente, a atenção dos mercados passou pelo Reino Unido, tendo o seu novo ministro das finanças, Kwasi Kwarteng, apresentado uma nova agenda económica, apenas dias após o funeral da Rainha Isabel II. Assim, o ministro em questão indicou ter intenções de implementar cortes fiscais históricos, como o corte da taxa máxima de imposto sobre os rendimentos e o cancelamento da subida planeada dos impostos para as empresas, tendo ainda apresentado um orçamento para os gastos planeados da primeira-ministra Liz Truss, que pretende duplicar a taxa de crescimento do Reino Unido. Como tal, Kwarteng afirmou que os gastos para subsidiar as faturas energéticas, como prometido aos agregados familiares, irá custar ao governo 60 mM de libras nos próximos seis meses. Adicionalmente, neste orçamento vinha descrito que os cortes fiscais custarão cerca de 45 mM de libras até 2026/27, custos estes que poderiam ser recuperados com uma subida de 1% do crescimento económico anual ao longo de 5 anos. Com os aumentos dos custos país, como descritos no orçamento apresentado, levarão à necessidade de um aumento substancial do endividamento do país. Segundo o novo ministro das finanças, o orçamento é necessário para tornar o "ciclo de estagnação" num "ciclo de crescimento". Os mercados financeiros responderam negativamente às medidas apresentadas, tendo a libra e as obrigações do governo do Reino Unido entrado numa queda recorde.
| Eur/Usd com perdas extensas após subida de 75 pb da Fed
O Eur/Usd iniciou a semana em queda, tendo prosseguido com a mesma ao longo da semana, renovando mínimos sucessivamente. Assim, o par renovou novos mínimos de 2002, nos $0,97, A semana ficou caraterizada por um dólar forte, após a reserva federal dos EUA ter subido as suas taxas de juro em 75 pontos base pela terceira reunião consecutiva, que se situam agora nos 3,00%-3,25%. Jerome Powell, presidente da Fed, sinalizou mais subidas "grandes", sendo esperado que a taxa se situe nos 4,25%-4,50% até ao final do ano, atingindo um máximo de 4,50%-4,75% em 2023. Para já, a Fed considera "apropriado" continuar com uma política monetária "agressiva", não prevendo cortes nas suas taxas de referência até 2024. Adicionalmente, as projeções económicas trimestrais da Fed indicaram que a economia americana deverá abrandar em 2022, com o crescimento no final do ano nos 0,2%, sendo esperado que suba para os 1,2% em 2023, bastante abaixo do potencial do país. Numa outra nota, segundo os PMIs (indicadores avançados) compostos (Indústria + Serviços) preliminares divulgados pela S&P, é previsto que a atividade comercial tenha abrandado em setembro na Zona Euro, tendo o indicador ido de encontro ao esperado, nos 48,2 pontos, mas apresentado uma queda face aos 48,9 registados em agosto, enquanto os preços elevados da energia e o possível racionamento de gás no próximo inverno afetam os negócios europeus. Sendo esta a terceira contração consecutivo do PMI composto da Zona Euro, poderá se especular que a economia da região possa contrair este trimestre, indicando o início de uma recessão. Mantendo-se abaixo dos 50 pontos, os indicadores apontaram para uma contração da atividade empresarial nas regiões em questão.
O Eur/Usd continua a ser um dos principais destaques do mercado cambial, após ter ao longo da semana passada renovado mínimos de 20 anos sucessivamente, atingindo nos $0,9703. As perspetivas para o par continuam negativas para todo o horizonte temporal, podendo o próximo suporte se situar no nível dos $0,95, enquanto o par se aproxima do mesmo.
| Petróleo em mínimos de janeiro de 2022
O petróleo recuou bastante sexta-feira, até níveis abaixo dos $80, tendo assim renovado mínimos de janeiro de 2022, encerrando novamente a semana com um saldo negativo. A contribuir para as perdas estiveram os receios sobre o abrandamento da procura, enquanto as maiores economias mundiais sobem as suas taxas de juro, dando ainda sinais de entrada numa recessão.
A nível técnico, o crude apresentou-se em queda ao longo da semana, dando seguimento ao movimento descendente que tem vindo a descrever desde junho. Como tal, espera-se que a matéria-prima possa continuar a recuar no curto prazo, após ter quebrado em baixa o suporte dos $80.
| Ouro abatido por fortalecimento do dólar
O ouro recuou na última semana, tendo sido abatido por um dólar cada vez mais forte, por uma subida das yields das Obrigações do Tesouro dos EUA e pela subida de taxas por parte da Fed, em 75 pontos base, tendo ainda Powell indicado não haver perspetivas de um alívio da política monetária até 2024. É de notar que o ouro é altamente sensível à subida das taxas de juro americanas, uma vez que aumentam o custo de oportunidade de deter o ativo não rentável.
O ouro segue a tendência de queda desde meados de março, apresentando máximos relativos cada vez mais baixos. Na última semana, após ter recuado para níveis abaixo dos $1700/onça, o metal precioso manteve-se acima do nível das $1650/onça, tendo acabado por o quebrar em baixa, renovando mínimos de mais de dois anos.
As análises técnicas aqui publicadas não pretendem, em caso algum, constituir aconselhamento ou uma recomendação de compra e venda de instrumentos financeiros, pelo que os analistas e o Jornal de Negócios não podem ser responsáveis por eventuais perdas ou danos que possam resultar do uso dessas informações. Caso pretenda ver esclarecida alguma dúvida acerca da Análise Técnica, por favor contactar a IMF ou o Jornal de Negócios.