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E se a Inteligência Artificial ditar a inutilidade dos humanos?

Já não são histórias ficcionadas, guiões de filmes ou visões apocalípticas. Para muitos cientistas, visionários mas não loucos, estamo-nos a aproximar da era em que a capacidade das “máquinas pensantes” ultrapassará a do cérebro humano. E, entre benefícios ou malefícios, há uma importante questão que se coloca: quem vai ser responsável por assegurar que os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos não servirão para maus fins?

30 de Janeiro de 2016 às 10:30
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Imagine um mundo sem aborrecimento, sem erros, sem mistérios e sem surpresas. Um mundo no qual tudo se torna eficiente, optimizado, hiperconectado, inteligente e em que tudo acontece em tempo real. Um mundo que funcione como uma "máquina cerebral global".

Nesse mesmo mundo, o que acontecerá a nós, humanos, limitados e imperfeitos? Como serão os oito ou nove mil milhões de pessoas que o habitarão daqui a 20 anos, altura em que a inteligência artificial (IA) atingirá um expoente considerável? Teremos de nos esforçar e comportar cada vez mais como máquinas para nos mantermos úteis e produtivos? Ou seremos obrigados a aprimorar, o mais possível, todas as características e valores que definem a nossa essência enquanto humanos? O que acontecerá à condição humana e ao conceito de vida inteligente? E, mais importante que tudo, quem controlará a ascensão e possíveis "super-poderes" das máquinas inteligentes?

As questões são inúmeras e quase todas elas já foram formuladas em livros ou filmes de ficção científica, tendo como ponto de partida o dia em que as máquinas ultrapassaram os humanos em "doses" de inteligência. Desde o filme Blade Runner, ao Minority Report, ao The Matrix ou ao mais recente Her, a verdade é que o nosso mundo está a ser completamente "reformulado" por inovações e progressos que, até há um par de anos, existiam apenas na imaginação de escritores ou guionistas.


E tudo está a acontecer tão rápido que, à primeira vista, apenas reconhecemos os benefícios da digitalização, automatização, virtualização e robotização que testemunhamos todos os dias, em todos os sectores da sociedade, dos governos e das empresas.

Mas a verdade é que estamos só no início de uma tendência que continuará a crescer de forma exponencial ao longo da próxima década, com estimativas para que, em 2020, sejam cinco ou seis mil milhões os utilizadores da Internet e, muito provavelmente, que existam mais de 100 mil milhões de dispositivos conectados na denominada era da Internet das Coisas, desde sensores, a computadores "vestíveis" (wearables, em inglês), sem esquecer os "localizadores" e muitos outros afins.

Exagero? De todo. Está a acontecer, por exemplo, na área da tradução em tempo real, como o Google Translate ou o SkypeTranslate; no sector automóvel, com os carros sem condutor ou semi-autónomos, desenvolvidos, com algumas diferenças, pela Google e pela Tesla, e ainda pela Volvo; na batalha já existente entre os vários "assistentes digitais inteligentes" como o Siri, o Cortana, o Google now ou o Alexa; na realidade virtual ou "aumentada", como as Microsoft Hololens ou o Oculus Rift; nos robots que tomam conta de crianças ou idosos, uma realidade no Japão ou na Coreia; na área da saúde, com a utilização das chamadas "drogas inteligentes" já utilizadas para aumentar a performance académica ou ainda no que à genética diz respeito, com a possibilidade de se alterar o ADN de forma a "escolhermos" que tipo de filhos queremos ter. Os exemplos começam a ser inesgotáveis para a generalidade das esferas que rodeiam a nossa vida e novas questões começam agora (e ainda bem) a ser debatidas.

Quem vai ser responsável por assegurar que os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos não servirão para maus fins? Precisamos de um novo organismo, uma espécie de "agência moral ou ética" para supervisionar estes progressos? Quem poderá decidir se determinado "avanço" é benéfico ou maléfico? E, que normas legais serão necessárias para asseverar que, sendo estes benéficos, deverão estar ao serviço de todos e não só dos que tiverem capacidade financeira para os adquirir?


Como alerta o artigo "Brave new era in technology needs new ethics", publicado no Finantial Times, "os governos e parlamentos nacionais, preocupados com questões muito mais prementes como a austeridade fiscal ou os fluxos de refugiados, raramente possuem a ‘banda larga’ política para considerar estes desafios [aparentemente] abstractos, e muito menos para ajudar a estabelecer normas ou regulações internacionais". Mas a verdade é que são já muitas as vozes a alertar para os possíveis perigos e abusos de todos estes avanços sem precedentes – e para a inexistente "fiscalização" dos mesmos – e tudo indica que, se nada for feito para os abordar rapidamente, não tarda e seremos obrigados a recordar o velho ditado "casa roubada, trancas à porta". E as consequências que advierem desta passividade poderão ser demasiado graves para as podermos solucionar.

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