Notícia
Entrevista ao Professor Romero
ISG – Escola de Negócios
27 de Setembro de 2010 às 07:00
Professor Romero
ISG – Escola de Negócios
Há um modelo ideal para os programas de formação para executivos, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras (temas)?
Os programas de formação devem ser construídos de acordo com os objectivos, sejam eles pós-graduação ou cursos para executivos. Cada curso tem a sua própria estrutura de modo a responder a necessidades específicas do mercado.
No caso particular dos cursos para executivos, cada um dos aspectos referidos tem de ter uma resposta adequada. A duração não deve ser exagerada porque o aluno – geralmente um executivo - tem pouco tempo disponível. Considerando este facto, deve haver uma preocupação na forma como são estruturados os conteúdos dos cursos: Não devem ser transmitidas mais do que cinco a seis ideias conceptuais diárias, de modo a haja uma consistente aprendizagem.
As pós-graduações no ISG têm geralmente cerca de 200 horas e são planeadas para desenvolver com maior profundidade temas específicos de cada curso. A orientação é diferente da dos mestrados por apresentar um carácter mais prático e profissional, dos cursos para executivos por ser mais estruturante no desenvolvimento dos temas. Procura-se, neste caso, desenvolver a especialização do aluno naquela área específica, fornecendo-lhe instrumentos de gestão que o ajudarão na sua actividade profissional.
A questão dos horários é complexa se entendermos que o objectivo de qualquer empresa é encontrar soluções para os seus clientes. Vulgarmente os candidatos que se inscrevem individualmente – cerca de 90% -, preferem o horário pós-laboral. No entanto, quando se trata de instituições – estado ou empresas -, a preferência vai para o horário laboral. Nos últimos dois anos, o ISG organizou cursos para os dois tipos de instituição, estado e empresas, em que a preferência pelos dois tipos de horário se repartiu em partes iguais.
Os cursos de formação de executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se algo de novo?
Os cursos de formação de executivos não devem ser meros cursos de reciclagem. Os cursos devem ter uma estrutura adequada aos seus objectivos. No entanto, como não existem turmas homogéneas, há sempre alunos com um nível de conhecimentos mais evoluído e para quem alguns dos conhecimentos transmitidos são de reciclagem.
O coordenador do curso deve ter sempre a preocupação de acrescentar valor com matérias actualizadas que certamente o aluno mais evoluído para aquele nível de curso, certamente ainda não ouviu ou ainda não teve ocasião de o desenvolver. O objectivo é apresentar o conhecimento mais actualizado de acordo com o “estado da arte” para aquele nível de conhecimento.
Que vantagens tem quadro ou executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima para frequentar um curso deste tipo? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de curso?
A vantagem para quadros e executivos em frequentarem cursos de formação é de grande importância para a continuação da sua vida profissional. No caso dos recém-licenciados, em que a experiência é pouca e muitos dos temas tratados nas disciplinas que lhes foram leccionadas tiveram uma abordagem essencialmente teórica, a frequência de cursos para executivos onde participam alunos com experiência, a partilha de conhecimentos ajuda-os a melhorar a sua performance nas empresas. A componente mais prática de um curso para executivos pode fazer a diferença.
Quando se trata de executivos com longa experiência, é também necessário reforçar os conhecimentos que se desactualizam e devem ser melhorados. É vulgar dizermos aos alunos que quando terminam o curso já têm um atraso em relação ao “estado da arte”, porque o curso foi construído com conhecimentos que já têm geralmente mais de três anos, mesmo que os docentes tenham a preocupação de actualizar as matérias. Renovar os conhecimentos vai sempre possibilitar a melhoria da performance pessoal. No caso de alunos com experiência mas sem grandes fundamentos teóricos, o curso permite acrescentar novos conhecimentos, mas essencialmente organizar o conhecimento numa estrutura teórica, o que ajuda a encontrar novas soluções para os problemas.
Com a evolução do conhecimento, que cresce em exponencial, e a concorrência do mercado já numa perspectiva global, a não actualização de conhecimentos afasta o profissional dos parâmetros de exigência do mercado de trabalho. Hoje temos de actualizarmo-nos continuamente ao longo da vida profissional.
Em termos de perfil-tipo dos alunos dos cursos de formação de executivos, a principal característica é a vontade em melhorar os seus conhecimentos. São pessoas exigentes, quer em termos dos conteúdos dos cursos e aplicação profissional, quer quanto à qualidade exigida ao docente. São em geral alunos muito interessados.
Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
A abertura dos cursos de executivos a não licenciados pode, realmente, criar alguns problemas a estes alunos. No entanto, esta situação também é normal na maioria dos cursos para executivos, mesmo entre licenciados, porque acontece frequentemente participarem alunos com grande experiência e recém-licenciados, mas ambos pretendem actualizar-se.
Pela minha experiência, os alunos não licenciados têm geralmente um comportamento cauteloso, provavelmente devido a um desconhecimento da profundidade dos conhecimentos teóricos em causa. A integração de conhecimentos adquiridos empiricamente na actividade profissional mas sem uma base teórica que os suporte, com outras aprendizagens adquiridas durante um curso de formação, abre novos caminhos ao aluno que facilmente pode ser constatada numa pequena troca de palavras, quando tentamos avaliar os resultados da aprendizagem dos alunos.
A questão etária, em princípio, não se coloca porque estão presentes dois tipos de conhecimento que geralmente permitem uma troca de experiências bastantes interessante: conhecimento teórico e conhecimento empírico de experiência feito.
Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
Na realidade tudo depende da qualidade do licenciado em termos de conhecimentos, que nem sempre correspondem a um padrão exigível. Por outro lado, um quadro com experiência prática (empírica) pode ter conhecimentos que rivalizem com os conhecimentos de licenciados.
Quando numa turma é possível reunir um grupo de alunos com um nível razoável de conhecimentos, quer empíricos, quer teóricos, a complementaridade pode contribuir para aulas bastante interessantes e produtivas. O problema surge quando há desníveis de conhecimentos, em que uma parte da turma experimenta algumas dificuldades.
No ISG procuramos constituir turmas equilibradas através da análise de um conjunto de documentos como o CV, carta de motivação, certificados académicos e, por vezes, uma entrevista ao candidato. Sempre que constatamos que existe algum desnível de conhecimentos que condiciona algum aluno, é habitual haver uma orientação no sentido de ajudar particularmente esse (s) aluno (s).
Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos, face aos programas de mestrado e de outros cursos de pós-graduação e face a um MBA?
Cada tipologia de curso tem objectivos específicos. Com a entrada em vigor do projecto Bolonha, houve uma alteração profunda na organização do mercado com origem no papel que cada curso - mestrados, pós-graduações e cursos para executivos -, pode desempenhar na carreira de um profissional. Antes de Bolonha, os mestrados eram dirigidos a quem pretendia seguir uma carreira académica. As pós-graduações e os cursos para executivos eram formações orientadas para a especialização.
Com Bolonha, os mestrados tornaram-se importantes, principalmente por razões de aceitação pelo mercado destes licenciados (três anos) e pela recusa das ordens profissionais que não aceitam licenciados com menos de quatro anos de licenciatura. Neste caso, é prioritário que o recém-licenciado complete a sua formação com o mestrado que hoje já tem uma componente mais prática. Sá após completar aquele grau é que faz sentido frequentar os outros cursos mais especializados. As pós-graduações e os cursos para executivos serão a etapa seguinte na formação do profissional, correspondendo a uma formação mais prática.
Na construção dos cursos é fundamental conhecer o papel que cada tipologia de curso representa no quadro da formação de qualquer pessoa ao longo da sua vida profissional, no quadro da evolução que terá na empresa.
Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece, por exemplo, com os titulares de um MBA?
O conceito de investimento associado muitas vezes aos titulares de um MBA não corresponde realmente a um valor acrescentado em termos de conhecimentos. O conteúdo dos temas tratados num MBA não é geralmente diferente dos de um mestrado em gestão, por exemplo. Aliás, caso o aluno frequente um MBA e não o conclua com uma tese, o curso não é diferente de uma pós-graduação.
Um MBA só tem algum interesse se tiver um carácter internacional com a participação de universidades de primeira grandeza. A visão multidisciplinar de professores de diferentes países pode trazer ao curso um carácter internacional, mas de preferência que seja reconhecido por mais de uma universidade. Caso não se verifiquem aqueles pressupostos, as vantagens anteriormente atribuídas a um MBA, hoje são ultrapassadas pelos cursos de mestrado no âmbito do projecto de Bolonha, que também tem uma validade pelo menos europeia.
A vantagem em frequentar um MBA está associada mais aos contactos que se fazem durante o curso e que podem representar novas oportunidades e emprego. Forma-se uma espécie de clube entre os alunos, patente em múltiplas publicações/edições das universidades. Esta é a vantagem e o principal retorno do investimento de um titilar de um MBA.
ISG – Escola de Negócios
Há um modelo ideal para os programas de formação para executivos, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras (temas)?
Os programas de formação devem ser construídos de acordo com os objectivos, sejam eles pós-graduação ou cursos para executivos. Cada curso tem a sua própria estrutura de modo a responder a necessidades específicas do mercado.
No caso particular dos cursos para executivos, cada um dos aspectos referidos tem de ter uma resposta adequada. A duração não deve ser exagerada porque o aluno – geralmente um executivo - tem pouco tempo disponível. Considerando este facto, deve haver uma preocupação na forma como são estruturados os conteúdos dos cursos: Não devem ser transmitidas mais do que cinco a seis ideias conceptuais diárias, de modo a haja uma consistente aprendizagem.
As pós-graduações no ISG têm geralmente cerca de 200 horas e são planeadas para desenvolver com maior profundidade temas específicos de cada curso. A orientação é diferente da dos mestrados por apresentar um carácter mais prático e profissional, dos cursos para executivos por ser mais estruturante no desenvolvimento dos temas. Procura-se, neste caso, desenvolver a especialização do aluno naquela área específica, fornecendo-lhe instrumentos de gestão que o ajudarão na sua actividade profissional.
A questão dos horários é complexa se entendermos que o objectivo de qualquer empresa é encontrar soluções para os seus clientes. Vulgarmente os candidatos que se inscrevem individualmente – cerca de 90% -, preferem o horário pós-laboral. No entanto, quando se trata de instituições – estado ou empresas -, a preferência vai para o horário laboral. Nos últimos dois anos, o ISG organizou cursos para os dois tipos de instituição, estado e empresas, em que a preferência pelos dois tipos de horário se repartiu em partes iguais.
Os cursos de formação de executivos não devem ser meros cursos de reciclagem. Os cursos devem ter uma estrutura adequada aos seus objectivos. No entanto, como não existem turmas homogéneas, há sempre alunos com um nível de conhecimentos mais evoluído e para quem alguns dos conhecimentos transmitidos são de reciclagem.
O coordenador do curso deve ter sempre a preocupação de acrescentar valor com matérias actualizadas que certamente o aluno mais evoluído para aquele nível de curso, certamente ainda não ouviu ou ainda não teve ocasião de o desenvolver. O objectivo é apresentar o conhecimento mais actualizado de acordo com o “estado da arte” para aquele nível de conhecimento.
Que vantagens tem quadro ou executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima para frequentar um curso deste tipo? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de curso?
A vantagem para quadros e executivos em frequentarem cursos de formação é de grande importância para a continuação da sua vida profissional. No caso dos recém-licenciados, em que a experiência é pouca e muitos dos temas tratados nas disciplinas que lhes foram leccionadas tiveram uma abordagem essencialmente teórica, a frequência de cursos para executivos onde participam alunos com experiência, a partilha de conhecimentos ajuda-os a melhorar a sua performance nas empresas. A componente mais prática de um curso para executivos pode fazer a diferença.
Quando se trata de executivos com longa experiência, é também necessário reforçar os conhecimentos que se desactualizam e devem ser melhorados. É vulgar dizermos aos alunos que quando terminam o curso já têm um atraso em relação ao “estado da arte”, porque o curso foi construído com conhecimentos que já têm geralmente mais de três anos, mesmo que os docentes tenham a preocupação de actualizar as matérias. Renovar os conhecimentos vai sempre possibilitar a melhoria da performance pessoal. No caso de alunos com experiência mas sem grandes fundamentos teóricos, o curso permite acrescentar novos conhecimentos, mas essencialmente organizar o conhecimento numa estrutura teórica, o que ajuda a encontrar novas soluções para os problemas.
Com a evolução do conhecimento, que cresce em exponencial, e a concorrência do mercado já numa perspectiva global, a não actualização de conhecimentos afasta o profissional dos parâmetros de exigência do mercado de trabalho. Hoje temos de actualizarmo-nos continuamente ao longo da vida profissional.
Em termos de perfil-tipo dos alunos dos cursos de formação de executivos, a principal característica é a vontade em melhorar os seus conhecimentos. São pessoas exigentes, quer em termos dos conteúdos dos cursos e aplicação profissional, quer quanto à qualidade exigida ao docente. São em geral alunos muito interessados.
Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
A abertura dos cursos de executivos a não licenciados pode, realmente, criar alguns problemas a estes alunos. No entanto, esta situação também é normal na maioria dos cursos para executivos, mesmo entre licenciados, porque acontece frequentemente participarem alunos com grande experiência e recém-licenciados, mas ambos pretendem actualizar-se.
Pela minha experiência, os alunos não licenciados têm geralmente um comportamento cauteloso, provavelmente devido a um desconhecimento da profundidade dos conhecimentos teóricos em causa. A integração de conhecimentos adquiridos empiricamente na actividade profissional mas sem uma base teórica que os suporte, com outras aprendizagens adquiridas durante um curso de formação, abre novos caminhos ao aluno que facilmente pode ser constatada numa pequena troca de palavras, quando tentamos avaliar os resultados da aprendizagem dos alunos.
A questão etária, em princípio, não se coloca porque estão presentes dois tipos de conhecimento que geralmente permitem uma troca de experiências bastantes interessante: conhecimento teórico e conhecimento empírico de experiência feito.
Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
Na realidade tudo depende da qualidade do licenciado em termos de conhecimentos, que nem sempre correspondem a um padrão exigível. Por outro lado, um quadro com experiência prática (empírica) pode ter conhecimentos que rivalizem com os conhecimentos de licenciados.
Quando numa turma é possível reunir um grupo de alunos com um nível razoável de conhecimentos, quer empíricos, quer teóricos, a complementaridade pode contribuir para aulas bastante interessantes e produtivas. O problema surge quando há desníveis de conhecimentos, em que uma parte da turma experimenta algumas dificuldades.
No ISG procuramos constituir turmas equilibradas através da análise de um conjunto de documentos como o CV, carta de motivação, certificados académicos e, por vezes, uma entrevista ao candidato. Sempre que constatamos que existe algum desnível de conhecimentos que condiciona algum aluno, é habitual haver uma orientação no sentido de ajudar particularmente esse (s) aluno (s).
Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos, face aos programas de mestrado e de outros cursos de pós-graduação e face a um MBA?
Cada tipologia de curso tem objectivos específicos. Com a entrada em vigor do projecto Bolonha, houve uma alteração profunda na organização do mercado com origem no papel que cada curso - mestrados, pós-graduações e cursos para executivos -, pode desempenhar na carreira de um profissional. Antes de Bolonha, os mestrados eram dirigidos a quem pretendia seguir uma carreira académica. As pós-graduações e os cursos para executivos eram formações orientadas para a especialização.
Com Bolonha, os mestrados tornaram-se importantes, principalmente por razões de aceitação pelo mercado destes licenciados (três anos) e pela recusa das ordens profissionais que não aceitam licenciados com menos de quatro anos de licenciatura. Neste caso, é prioritário que o recém-licenciado complete a sua formação com o mestrado que hoje já tem uma componente mais prática. Sá após completar aquele grau é que faz sentido frequentar os outros cursos mais especializados. As pós-graduações e os cursos para executivos serão a etapa seguinte na formação do profissional, correspondendo a uma formação mais prática.
Na construção dos cursos é fundamental conhecer o papel que cada tipologia de curso representa no quadro da formação de qualquer pessoa ao longo da sua vida profissional, no quadro da evolução que terá na empresa.
Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece, por exemplo, com os titulares de um MBA?
O conceito de investimento associado muitas vezes aos titulares de um MBA não corresponde realmente a um valor acrescentado em termos de conhecimentos. O conteúdo dos temas tratados num MBA não é geralmente diferente dos de um mestrado em gestão, por exemplo. Aliás, caso o aluno frequente um MBA e não o conclua com uma tese, o curso não é diferente de uma pós-graduação.
Um MBA só tem algum interesse se tiver um carácter internacional com a participação de universidades de primeira grandeza. A visão multidisciplinar de professores de diferentes países pode trazer ao curso um carácter internacional, mas de preferência que seja reconhecido por mais de uma universidade. Caso não se verifiquem aqueles pressupostos, as vantagens anteriormente atribuídas a um MBA, hoje são ultrapassadas pelos cursos de mestrado no âmbito do projecto de Bolonha, que também tem uma validade pelo menos europeia.
A vantagem em frequentar um MBA está associada mais aos contactos que se fazem durante o curso e que podem representar novas oportunidades e emprego. Forma-se uma espécie de clube entre os alunos, patente em múltiplas publicações/edições das universidades. Esta é a vantagem e o principal retorno do investimento de um titilar de um MBA.