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Entrevista a Prof. Eugénio Viassa Monteiro

Presidente do Conselho Académico da AESE

27 de Setembro de 2010 às 07:00
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Prof. Eugénio Viassa Monteiro
Presidente do Conselho Académico da AESE


Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Tudo depende dos objectivos que se pretendam alcançar e da duração dos Programas. Em geral, a AESE privilegia programas longos, de mais de 20 dias – habitualmente um dia por semana de aulas ou discussão de casos previamente estudados durante a semana – em que a maioria dos aspectos discutidos pode vir a ser aplicada na actividade empresarial.
O Método do Caso é a metodologia que reconhecemos como de eleição no aperfeiçoamento de Executivos. Fomos pioneiros em Portugal na utilização deste método, que usamos desde 1980 de forma continuada e muito insistente.
Ao longo do Programa, compatível com a actividade profissional, os dirigentes são chamados a diagnosticar os problemas de conflitos empresariais verídicos e a assumir o papel de decisores em circunstâncias semelhantes às do seu dia-a-dia nas organizações. O Método do Caso permite enriquecer a experiência profissional acumulada e encontrar soluções criativas e inovadoras, transversais às várias áreas de negócios. Tratamos, por via do caso, das diferentes áreas funcionais que interessam ao dirigente com aspirações à Direcção-geral, com particular ênfase às áreas de síntese, como o Factor Humano e a Política de Empresa.

Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
Os programas de Formação de Executivos da AESE ajudam a encarar a organização como um todo, proporcionando formas de sistematizar a experiência adquirida e a aprendizagem de novas ferramentas, bem como a forma de aplicá-las.
A presença de especialistas nas várias áreas funcionais, no corpo docente da AESE, bem como o intercâmbio que a AESE mantém com as business schools de referência do Ocidente e da Índia, têm inevitável impacte que são benefícios adicionais para os participantes, não só na actualização de conhecimentos mas sobretudo na apreensão de novas formas de criar valor no seu negócio.

Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo? Existe um perfil tipo dos alunos deste tipo de cursos?
Na AESE, as competências dos dirigentes e executivos são constantemente postas à prova. Assim, eles podem conhecer-se melhor e tentar colmatar as lacunas e aperfeiçoar os domínios mais críticos. Por se dedicar à formação de profissionais no activo, a AESE organiza programas de dois meios-dias por semana, que permitem aos responsáveis das empresas manter os seus compromissos profissionais e investir no desenvolvimento das suas competências. A experiência profissional é uma condição sine qua non para que se possa retirar da metodologia do Caso o máximo aproveitamento. No PADE – Programa de Alta Direcção de Empresas, a experiência de pelo menos dez anos e responsabilidades actuais ou passadas em Direcção-geral são um requisito. Para o PDE – Programa de Direcção de Empresas, os directores, chefes departamentais e responsáveis de grandes projectos têm de exercer essas funções (no mínimo) há cinco anos.

Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
A formação de executivos na AESE está centrada na componente prática da Direcção de empresas e organizações. O facto de os participantes serem seleccionados de acordo com o mesmo grau de responsabilidade e terem experiência profissional no exercício das suas funções permite criar uma base de homogeneidade, sendo o contributo individual das experiências vividas fundamental para a performance do grupo. A diferença etária é irrelevante, pois o que importa, isso sim, é uma maior proximidade do nível de decisões. Muitas pessoas no topo das organizações, sem formação superior, actuam com extraordinário bom senso e prudência, valorizando uns aspectos mais do que outros, acabando por dar um apport de grande valia aos seus colegas.

Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
A experiência obriga a maior esforço e melhor organização mental, para além do esforço por entender muitos conceitos, que outros adquiriram na sua formação universitária. O esforço supõe maior capacidade de trabalho, maior capacidade para analisar os problemas decompondo-os nas suas partes, para depois os ver no seu conjunto. Nos Programas da AESE também damos atenção à parte conceptual e teórica, à medida da necessidade dos problemas a resolver e também como indicação de áreas por onde a complexidade dos problemas pode levar. Simplificando, poderá dizer-se que a formação de executivos é desenhada à medida das necessidades dos dirigentes, ao passo que a licenciatura proporciona uma componente teórica básica. Nos Programas da AESE os dirigentes têm a possibilidade de “pôr as capacidades a desenvolver-se”, a sistematizar os conhecimentos de forma a poderem fazer mais e melhor pela organização e pelas pessoas que servem. Quem se candidata a uma licenciatura visará atingir outros objectivos, como, por exemplo, a obtenção de um grau académico. Os programas para executivos desenvolvem sobretudo competências para actuar e modificar o estado das coisas.

Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Quem se candidata a um programa de formação, seja ele qual for, deve pensar qual o modelo que melhor se adapta ao fim que pretende atingir. Os programas de formação de executivos para licenciados têm a vantagem de exercitar as capacidades dos participantes nas situações do dia-a-dia numa organização. Os dirigentes são confrontados com casos retratando situações muito semelhantes àquelas que enfrentam no seu dia-a-dia. Uma coisa é saber a teoria e o que idealmente se poderia fazer. Outro desafio muito diferente é escolher uma solução mais ajustada, tendo em conta todas as circunstâncias que rodeiam o problema: as pessoas, as tensões, a escassez de dinheiro, a desmotivação, a concorrência, o produto, etc. Aí se desenvolve a chamada prudência de decidir correctamente, coisa que não se ensina nem em manuais, nem nas licenciaturas, mas que se adquire, que se aprende, por via da reflexão e do contraste de opiniões de pessoas que viveram situações práticas. Daí a experiência ser essencial. Por isso mesmo não aceitamos no nosso Executive MBA AESE/IESE pessoas sem experiência profissional. Exigimos no mínimo, para além da licenciatura, mais de cinco anos de vida profissional. Os conhecimentos teórico-práticos são factores que permitem dar forma e desenvolver características de liderança, de empreendedorismo, em profissionais com vontade de aprender e progredir na carreira ou internacionalizar-se.

Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
O investimento na Formação de Executivos na AESE tem efeito a curto, a médio e a longo prazo. Ao longo do Programa, os participantes transformam a sua forma de dirigir e as equipas de trabalho ou os seus subordinados testemunham essa diferença. Acontece, visto de fora, que as Instituições que tiveram um primeiro contacto formativo com a AESE, criam uma cadeia contínua: nos anos sucessivos vêm outros dirigentes e quadros de alto potencial fazer os Programas, confirmando a elevada satisfação dos que antes experimentaram. Isto é evidência mais do que óbvia do retorno para a empresa. Vemos com satisfação que os nossos formados ganham altura nas suas empresas, com responsabilidades acrescidas. Concretamente no caso do Executive MBA, 62% têm um cargo com projecção internacional; 67% receberam convites para novos desafios e 38% convites de multinacionais (Inquérito de 2008).



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