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Entrevista a Carlos Vieira

Administrador da Ensinus e da Codepa (Instituto de Novas Profissões)

27 de Setembro de 2010 às 07:00
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Carlos Vieira
Administrador da Ensinus e da Codepa (Instituto de Novas Profissões)

Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Não. Os modelos passam pela adequação das estruturas curriculares e dos objectivos que se pretendem atingir por esta formação. Muitos dos projectos desenvolvidos são solicitados por empresas que pretendem, não só cumprir a legislação referente à obrigatoriedade de formação profissional dos seus quadros, como também aumentar a capacidades destes seus quadros nas áreas que entendem ser de maior acrescentado. Quando os cursos se destinam directamente a candidatos individuais, há a percepção que estes buscam aumentar a suas capacidades com perspectivas de evolução positiva nas suas carreira.

Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
Em princípio os cursos deverão ser especializados, assumindo, pela sua duração mais limitada, um papel de enquadramento mais centrado em áreas específicas de desenvolvimento. O efeito nos diversos alunos depende certamente das bases que os mesmos já possuam no início dos cursos. Os processos desenvolvidos no ISG passam por uma análise prévia da realidade do conhecimento dos formandos ou das empresas que nos contratam e a partir daí, estabelece-se um processo de desenvolvimento formativo que tenta atingir um equilíbrio entre os conhecimentos já existentes e aquilo que é necessário para que o formando sinta que aumentou as suas capacidades e que o investimento feito criou, efectivamente, valor. Assim, não é possível, no nosso entender, dar uma resposta directa a esta questão.

Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo.? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de cursos?
As vantagens passam pelo aumento dos seus conhecimentos e, consequentemente, pela melhoria dos seus skills. Em muitos casos, quando os projectos de formação se iniciam através das empresas, estas disponibilizam do tempo de trabalho para a formação dos seus quadros. Nesse sentido, a conciliação da vida profissional (e pessoal) é mais bem gerida. Quando os cursos se desenvolvem em horários pós-laborais a situação da conciliação profissional e pessoal é mais complexa mas, na maior parte das situações, os formandos assumem essas limitações como um investimento adicional. Em muitos casos, também acontece que os formandos não se inscrevem nos programas desacompanhados de colegas de trabalho ou mesmo de familiares directos que, associando-se, lhes permite maximizar as dificuldades que sempre surjem. Relativamente à experiência profissional mínima, são sempre indicadas quais as condições prévias óptimas para a completa satisfação do formando. No entanto, nem sempre é possível essa complementaridade imediata pelo que, é função dos formadores trabalharem com os formandos por forma a colmatar eventuais deficiências. Relativamente ao perfil tipo, vemos que, na sua maioria, se tratam de quadros de vários perfis de idade mas que têm em comum a ambição de se desenvolverem, não só do ponto de vista profissional, mas também humano. Neste sentido, e voltando à primeira parte da questão, os cursos de formação de executivos, que tradicionalmente são mais especializados e de menor duração, têm também como vantagem a obtenção de créditos (ECTS) que mais tarde podem ser utilizados para a entrada em cursos como os de mestrado.

Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
Esta questão tem duas leituras diferentes. Em primeiro lugar há um número significativo de não licenciados que pelo seu percurso académico (que por qualquer razão pode não ter sido concluído numa pequena parte) ou percurso profissional podem dispor de um conjunto de qualificações e qualidades que, em muitos casos por nós observados, chegam a ter melhores condições que muitos licenciados. Em segundo lugar, compete às instituições de ensino e muito especificamente aos coordenadores dos cursos e aos Conselhos Científicos a estruturação dos modelos de formação e qualificação que permitam maximizar o potencial de qualquer formando (individualmente ou em grupos). Quanto à disparidade etária, ela é vista por todos, desde docentes a formandos como uma mais valia, face à partilha de experiências e de conhecimentos.

Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
A resposta a esta questão não é linear. Uma experiência efectiva numa área em que se está a desenvolver uma formação específica pode revelar-se um ponto forte para um formando. Por outro lado, uma preparação mais forte teórica e uma experiência educativa mais recente podem facilitar a capacidade de raciocínio lógico-dedutivo. Um dos aspectos mais relevantes com que nos deparamos é a inteligência emocional que os indivíduos dispõem e que muitas vezes, no caso de formandos com extensa experiência profissional e de vida lhes permite superar com grande sucesso as dificuldades que se lhes deparam nos cursos que frequentam e nos problemas específicos que lhes são apresentados.

Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
As vantagens são uma maior especialização e um enfoque sobre determinada área de interesse. Essas vantagens podem ser assumidas como desvantagens pois cursos como os de mestrado permitem muitas vezes um “alargar de horizontes” e a descoberta de novas realidades que beneficiam os alunos como profissionais e cidadãos. Depende, de facto, das expectativas que cada candidato tem e também dos recursos financeiros e de tempo que possuam. O que se passa, conforme dito anteriormente, é que nos cursos de formação de executivos, o aluno procura uma especialização em determinada área que sabe que necessita, ou para a qual tem uma aplicação prática quase imediata. No caso dos mestrados e outros cursos de pós-graduação de maior intensidade, assim como nos MBA, as vantagens passam por um crescimento de conhecimentos e um envolvimento em projectos que exigem muito dos alunos mas que tem uma compensação efectiva através dos projectos e trabalhos desenvolvidos. O investimento dos MBA’s é, pela percepção que temos, visto não só como uma ferramenta de alargamento de conhecimentos mas também como uma base de alargamento da rede social do aluno – o chamado networking. O mesmo se começa a passar com os mestrados após a reforma de Bolonha, face a uma intensificação dos projectos e dos estágios que conduzem a um envolvimento significativo em empresas ou áreas específicas das organizações.

Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
Em termos médios, podemos dizer que todo o investimento em formação feito por um indivíduo apresenta sempre retorno superior. Mais uma vez, a resposta a esta questão passa pelos objectivos que o aluno tenha. Pode querer progredir na sua carreira numa organização, mas pode também querer criar o seu próprio negócio, ou mudar de área de actividade, ou mesmo pode encontrar-se em situações, como de desemprego, por exemplo, em que se tenta aproveitar a situação de maior disponibilidade temporal para que, no espaço de um a dois anos se encontre em melhor posição do que estava, em termos profissionais. Face à crise actual, temos vindo a observar que esta é uma opção que muitos colaboradores de empresas em situações difíceis, ou que se viram desempregados, tomam. Claramente que o investimento na formação do indivíduo é dos investimentos mais reprodutivos que existem.



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