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Mexia: "Renováveis são a melhor notícia para a fatura da luz"
Apesar da discussão em torno dos alegados sobrecustos refletidos na fatura dos consumidores e que decorrem do investimento em renováveis, o CEO da EDP considera que esta tecnologia é a que mais beneficia os consumidores em termos de preço da eletricidade.
O CEO da EDP, António Mexia, defende que as energias renováveis são a aposta da elétrica que mais ajuda a baixar os custos da fatura da eletricidade para os consumidores.
Mexia falava num dos palcos da Web Summit, o Planet Tech, quando foi confrontado com uma questão sugerida pelo público: "o que está a EDP a fazer para baixar o custo da energia em Portugal?". Em resposta, o líder da elétrica afirmou que "as [energias] renováveis são a melhor notícia para a fatura da luz". E, mais à frente, completou: "e mais eficiência".
O CEO explicou que as renováveis são "de longe" a tecnologia mais barata para gerar eletricidade. A energia solar e eólica tem zero custo marginal, apesar de se manterem os custos fixos. "A eletrificação é mais limpa e mais barata", concluiu.
Contudo, em 2017, o Governo português exigiu 140 milhões de euros à EDP respeitantes à duplicação de apoios destinados às energias limpas, pela acumulação da atribuição de tarifas garantidas e subsídios públicos. Esta medida está em suspenso, ainda sob análise a pedido do atual secretário de Estado da Energia, João Galamba. Contudo, o sobrecusto imposto pelo investimento em renováveis é algo consensual entre os representantes do setor.
Ainda este ano, ao ser inquirido por uma comissão de inquérito constituída para avaliar a existência de rendas excessivas concedidas às elétricas, o presidente do Conselho Geral de Supervisão da EDP, Luís Amado, assumiu "alguma margem de sobrecusto que decorre da antecipação" com que foi feito o investimento em renováveis, quando estas tecnologias eram mais caras", o que, "necessariamente, se reflete no preço final ao consumidor".
Em relação ao destino que vai dar aos combustíveis fósseis que ainda fazem parte dos ativos da empresa, António Mexia diz que estes, sobretudo o gás, vão ser "essenciais na transição energética". E, numa fase mais avançada, considera uma solução apoiada em gás e hidrogénio.
Política está "a ficar para trás"
No âmbito do tópico "inovação", Mexia reconhece que esta anda de mão dada com a regulação, mas aproveita para apontar o dedo à classe política. "Os Estados Unidos estão a ficar para trás na transição energética, mas têm uma coisa importante: o passado é o passado e mantêm as regras", disse.
Para além da crítica ao avançar lento de Washington nesta matéria – um dia depois de o país se ter oficialmente retirado do acordo de Paris -, fica a crítica à Europa que "teve a tentação de mudar as regras a meio do jogo", prejudicando o ritmo de investimento. Uma crítica que o gestor tem vindo a repetir, em particular, em relação ao aos governantes portugueses, numa altura em que os benefícios atribuídos à elétrica na transição para o mercado liberalizado têm sido postas em causa em hasta pública, nomeadamente através da já referida comissão de inquérito.