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Quinta do Lago demarca-se de promotora imobiliária que deve 278 milhões à CGD
A empresa que gere o resort da Quinta do Lago não quer ser associada à promotora Birchview, sociedade a que a CGD recusou a recuperação. A Quinta do Lago SA lamenta que a marca e o território se confundam.
A Quinta do Lago SA, que gere o empreendimento turístico no Algarve, demarca-se de qualquer ligação à Birchview Imobiliária, a promotora imobiliária que tem projectos naquela região do Algarve e que deve 278 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos e cuja recuperação foi chumbada pelo banco público.
"A Quinta do Lago, SA é uma empresa e marca registada, que não possui qualquer tipo de vínculo à Birchview Imobiliária SA", ressalvou a sociedade em declarações ao Negócios. A Birchivew desenvolve um projecto imobiliário turístico na região da Quinta do Lago, em Almancil, designado por ‘The Keys’.
A Quinta do Lago SA, que teme danos da sua imagem, também dá conta que "não existe nenhuma ligação" entre a própria e o Processo Especial de Revitalização (PER) da Birchview, que tem como accionista a Quintaudel. Segundo o Portal de Justiça, tanto a Birchview como a Quintaudel têm os mesmos dois sócios: Mark Lenherr e Carlos Olavo da Silva.
"Com 800 hectares de terreno situados em Almancil, Algarve, a Quinta do Lago é um grupo mundialmente famoso que celebra este ano 45 anos de património, cuja elevada notoriedade tem conduzido a que muitas vezes se confunda a marca/empresa com o território – uma percepção errónea e nociva para a reputação da marca", assinala a sociedade que é presidida pelo empresário irlandês Denis O' Brien, conhecido pelo império nos media. O'Brien, considerado pela Forbes como o 219.º homem mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em 5,9 mil milhões de dólares, é um controverso empresário que costuma ser protagonista de notícias: ou por acções judiciais que coloca ou por acusações de ter beneficiado de ajuda governamental para a compra de uma das suas empresas.
A Quinta do Lago alega nada ter que ver com a Birchview e sublinha, até, os investimentos que faz no empreendimento onde se destaca o campo de golfe, preparando um investimento de 6 milhões de euros para a construção de um parque desportivo com condições para atletas de alta competição.
Por sua vez, a Birchview, promotora imobiliária que desenvolve o seu projecto imobiliário naquela região de Almancil, em Loulé, pediu a entrada em PER com a sua principal credora, a CGD, que lhe tinha emprestado 278 milhões de euros, num primeiro acordo de financiamento assinado em 2007, altura da presidência de Carlos Santos Ferreira e em que Armando Vara era administrador. Vara é arguido na Operação Marquês por conta do seu mandato no banco público e alegados financiamentos ao empreendimento Vale do Lobo, como tem sido noticiado pela imprensa. O banco, que rejeitou em Janeiro essa recuperação, tem uma hipoteca sobre imóveis que, diz o Correio da Manhã, pertencem a três antigas sociedades "off-shore" apanhadas na investigação ao BPN.
A Procuradoria-Geral da República, com a ajuda da Polícia Judiciária, está a investigar créditos concedidos pela CGD, num período que vem desde 2000 – aliás, o mesmo período que está sob averiguação na comissão parlamentar de inquérito.