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Lone Star coloca Vilamoura à venda
O negócio, pela dimensão, não deverá ficar concluído em 2017. Entre os activos que serão alienados pela Lone Star está a Marina de Vilamoura, considerada um dos cartões de visita do empreendimento. CBRE volta a assessorar o fundo americano.
Ao que foi possível apurar, a operação – pela sua dimensão – não deverá estar fechada até ao final de 2017.
O Negócios sabe ainda que a Lone Star está a ser representada pela consultora imobiliária CBRE, com quem já colaborou em outras operações no passado. Há já interessados a consultar o processo, um deles representado pela Aguirre Newman. Nenhuma quis comentar.
Contactadas, nem a empresa que gere o empreendimento, a Vilamoura World, nem a sua dona, a Lone Star, quiseram também prestar esclarecimentos sobre a venda.
Facto é que parte de Vilamoura volta ao mercado dois anos depois de ter sido comprada pela Lone Star por cerca de 200 milhões de euros, um valor abaixo dos 360 milhões que o Catalunya Banc (detido pelo BBVA) tinha pago a André Jordan por estes activos.
Vilamoura conta com uma área de 1.700 hectares. Destes, 700 mil metros quadrados dedicados à construção. Neste empreendimento encontram-se, além de áreas residenciais e de hotelaria, uma marina, um casino, campos de golfe bem como infra-estruturas para a prática de futebol e ténis.
Já em Setembro de 2015, o então CEO de Vilamoura World, Paul Taylor, anunciava um investimento de mil milhões de euros no empreendimento, para renovar a área envolvente da marina e desenvolver 18 projectos imobiliários, com data de conclusão prevista para 2020.
Em Outubro de 2016, Paul Taylor seria substituído por Juan Gómez-Vega. Agora, o projecto está entregue a Dominique Cressot, revelando as sucessivas mudanças que a Lone Star tem promovido na liderança deste negócio.
Uma das 18 empreitadas com maior destaque, até pela sua dimensão, é o Vilamoura Lakes, antes conhecida como Cidade Lacustre e distinguido como Projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN). Ao que foi possível apurar, este projecto não estará na lista daqueles que a Lone Star quer agora vender. A previsão era de que a construção do mesmo arrancasse em 2017.
Esta não é a primeira vez que os americanos da Lone Star compram em Portugal e depois alienam os activos, sendo essa aliás a sua base de negócio. O fundo adquiriu, ao falido Chamartín, os centros comerciais Dolce Vita Porto, Dolce Vita Douro e Dolce Vita Coimbra e acabou por vendê-los, em 2015, ao Deutsche Bank por cerca de 200 milhões. Já em 2016, a Lone Star voltou ao mercado e alienou o edifício Monumental e uma das torres do complexo Torres de Lisboa aos espanhóis da Merlin, arrecadando com o negócio mais de 100 milhões de euros.
O fundo está agora a negociar a aquisição de 75% do Novo Banco, depois de um acordo alcançado com o Banco de Portugal.
Uma história de mudança de mãos
É preciso recuar à década de 1960 para perceber a origem de um dos mais importantes cartazes turísticos em Portugal. Nessa altura, o banqueiro e fundador do Banco Português do Atlântico, Cupertino de Miranda, comprou uma propriedade conhecida como Quinta da Quarteira para aí desenvolver o que esperava ser o maior empreendimento turístico da Europa. Nos anos 1990, já depois de desenvolver a Quinta do Lago, o empresário André Jordan associava-se ao projecto de Vilamoura, acabando por adquirir a sua totalidade no início do novo milénio. Quatro anos depois, em 2004, Vilamoura deixava de ser portuguesa, com a venda por 360 milhões de euros ao grupo imobiliário espanhol Prasa. Com a falência deste, os activos acabaram por ser integrados pelo Catalunya Banc, que só conseguiu, após várias tentativas, efectivar a venda em 2015 à Lone Star.