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Galerias Romanas: Mistério na Rua da Prata

Com mais de dois mil anos, as Galerias Romanas da Rua da Prata foram descobertas com o terramoto de 1755, mas o seu puzzle está ainda por montar. Até sábado vão estar abertas ao público.

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Mesmo a meio da Rua da Conceição, em plena na Baixa lisboeta, por entre os automóveis e eléctricos que passam, abre-se o alçapão que dá acesso às Galerias Romanas da Rua da Prata. Seis metros abaixo do solo encontra-se a estrutura com mais de dois mil anos, descoberta apenas em 1771 na sequência da reconstrução da cidade a que obrigou o terramoto de 1755.


Esta quinta-feira é o primeiro dia de 2017 em que as galerias estão abertas ao público. Até sábado cerca de três mil pessoas vão descer ao subsolo para conhecer um pouco do que foi a época romana. As inscrições, contudo, já estão esgotadas.

São oito as galerias visitáveis, que se estendem por um percurso de cerca de 40 metros, em linha recta. Mas o "puzzle está por montar", afirma Lídia Fernandes, coordenadora do Museu de Lisboa – Teatro Romano. É que o monumento permanece um mistério. Ainda hoje não se sabe a sua dimensão total, ainda que para os arqueólogos seja muito provável que se prolongue, que haja mais galerias em áreas contíguas, assim como outros pontos de entrada.

Houve diferentes interpretações quanto à função original destas galerias, que se chegaram a apontar – erradamente – como termas. Hoje acredita-se que terão sido um criptopórtico, uma solução arquitectónica que servia para sustentar edifícios de grande dimensão localizados na superfície, muitas vezes compensando um declive no terreno.

De acordo com Lídia Fernandes, trata-se de uma infra-estrutura que servia de suporte a outros edifícios, mas que teria também uma função ligada à actividade portuária para as mercadorias que chegavam à cidade. Na parte superior, aponta a arqueóloga, "terá existido uma grande praça pública".

A última modificação, explica, data da segunda metade do século XVIII, altura em que as galerias foram aproveitadas como alicerces dos edifícios pombalinos.

Ficaram também conhecidas como as "Conservas de Água da Rua da Prata" no início do século XX por serem utilizadas pela população como cisterna.

Datadas da primeira metade do século I d.c., as galerias acumulam água no interior, com um metro a um metro e meio de altura, proveniente dos lençóis freáticos que percorrem a cidade. Essa é uma das razões porque o monumento apenas abre ao público um total de seis dias por ano.

É que uma semana antes das visitas a água começa a ser bombeada para permitir a circulação no seu interior. No entanto, "não é correcto colocar a estrutura a seco", afirma a coordenadora do Museu da Cidade, explicando que o espaço "não pode estar muito tempo sem água para não pôr em risco as condições de estabilidade".

No próximo mês de Setembro as Galerias Romanas voltarão a abrir ao público.

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