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Fundo francês compra hotel M.Ou.Co no Porto
Dois anos depois da inauguração, num investimento de oito milhões de euros na conversão de uma carcaça industrial adquirida ao Santander num complexo hoteleiro e cultural, foi comprado pela Extendam e passa a ser gerido por uma plataforma norte-americana dedicada a nómadas digitais.
No verão de 2021, em plena pandemia de covid-19, abria numa rua discreta do Porto, perto da estação ferroviária de Campanhã, o complexo cultural e hoteleiro mais alternativo da Invicta, no lugar onde funcionou, no século passado, uma grande fábrica de componentes eléctricos, composto por três naves fabris.
Esta zona industrial abandonada, localizada na Rua de Frei Heitor Pinto, acabou por ser adquirida ao Santander, há cerca de sete anos, por um trio internacional – o francês Mickael Petit, o espanhol Ramón Rodriguez e a brasileira Sofia Miró -, que investiu oito milhões de euros na conversão desta carcaça fabril no M.Ou.Co, acrónimo de Música e Outras Coisas.
Com uma área total de cerca de cinco mil metros quadrados, o M.Ou.Co é um espaço multidisciplinar composto por hotel (com 62 quartos), restaurante, salas de ensaios, sala de concertos e clínica para músicos, e também áreas exteriores de jardim, piscina, bar e esplanada.
Dois anos após a inauguração deste conceito hoteleiro orientado para o universo musical, com a assinatura Stay.Listen. Play., o M.Ou.Co acaba de ser comprado pela "private equity" francesa Extendam – Capital Partners in Hospitality, que entregou a gestão do complexo portuense à Outsite, plataforma norte-americana dedicada a nómadas digitais.
"O accionista maioritário da operação, a Extendam, adquiriu o M.Ou.Co, no Porto", anuncia o fundo gaulês, sem revelar o valor da transação, num comunicado publicado no seu site, onde detalha que o negócio contou com a participação do também francês fundo Keys Reim.
"O futuro M.Ou.Co é uma bela ilustração da nova hospitalidade que desejamos desenvolver"
"Atualmente, a indústria hotelaria encontra-se na encruzilhada de duas necessidades: uma escassez de alojamento e um aumento da procura. O hotel é o único ativo urbano que combina bens imobiliários e serviços para satisfazer uma vasta gama de clientes. Está aberto 24 horas por dia, 365 dias por ano e tem todas as comodidades para acomodar estadias de algumas horas, ocasiões para tomar uma bebida, para trabalhar, estadias de alguns dias, algumas semanas ou alguns meses. O futuro M.Ou.Co é uma bela ilustração da nova hospitalidade que desejamos desenvolver", enfatiza Jean-Marc Palhon, presidente da Extendam.
"O M.Ou.Co. prepara outros voos e, fruto de uma operação conjunta com um investidor internacional (a Extendam) que detém participações em mais de 304 hotéis mundiais, tem agora ao comando a Outsite, um operador de referência especializado no segmento de espaços flexíveis de ‘co-living’ e ‘co-working’, que gere em 14 países alojamentos (em quatro continentes) projetados para os novos perfis de trabalhadores nómadas e turistas", detalha o M.Ou.Co, esta quarta-feira, 11 de outubro, em comunicado.
"Empreendedorismo, competências de trabalho remoto, bem-estar, música ao vivo e descoberta do Porto serão as cinco pedras angulares da ‘nova era’ do complexo cultural e hoteleiro mais alternativo da cidade Invicta", anuncia a nova gestora do M.Ou.Co.
A sala de concertos "continuará com uma agenda de concertos, e outros eventos culturais e privados, de dimensão variável, mas conhecerá uma maior versatilidade na tipologia de eventos, para a qual se encontra tecnicamente preparada desde a fase de projeto", afirma Emmanuel Guisset, CEO da Outsite,
"Pretendemos cativar uma maior diversidade de acontecimentos: conferências, debates, ‘workshops’ e até encontros sociais", sublinha, com a Outsite a manifestar-se empenhada "em promover e reforçar um ambiente comunitário dinâmico e inclusivo no Porto".
A vertente hoteleira, por sua vez, ver-se-á agregada de um novo público-alvo: os nómadas digitais. "Queremos ver no M.Ou.Co um pulsar ainda mais vibrante e cosmopolita. Os novos enquadramentos globais do mundo do trabalho, que a pandemia veio reforçar, e que a indústria hoteleira - inclusive nacional - tem acompanhado, poderão completar a nossa visão para o complexo", explica Guisset.
O CEO da Outsite vê o M.Ou.Co como "uma plataforma para a troca de experiências e oportunidades de ‘networking’, por força do perfil de hóspede que fica no complexo hoteleiro".
Portugal é atualmente "um dos mercados mais fortes da Outsite no domínio do alojamento para trabalhadores remotos, com 138 camas disponíveis ao nível nacional, em Lisboa, Ericeira, Porto, Madeira e, brevemente, Sagres".
Logo, trata-se de um segmento "em que nos movemos com muito à-vontade e que pode trazer mais-valias evidentes ao projeto M.Ou.Co", argumenta Emmanuel Guisset.
"Este projeto visa construir pontes com a comunidade local e oferecer experiências únicas aos viajantes que passam pelo Porto. Os eventos do M.Ou.Co estarão acessíveis tanto aos locais como aos viajantes, fomentando o intercâmbio intercultural e promovendo o Porto como um centro para a criatividade e a inovação", assinala Guisset.
De resto, o M.Ou.Co assume-se agora, também, "como um espaço de referência para os nómadas digitais, disponibilizando, para o efeito, um pacote de ‘long stays’, desenhado a pensar nos trabalhadores remotos internacionais", com o CEO da Outsite a prometer apresentar "outras novidades a breve trecho", para "tornar a cena cultural do Porto ainda mais vibrante e diversificada".