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Tribunal da Relação declara Uber ilegal
O Tribunal da Relação rejeitou o recurso apresentado pela Uber, cuja actividade já tinha sido considerada ilegal pelo Tribunal Central de Lisboa. A empresa diz que vai ponderar os próximos passos e garante que não há consequências para já na actividade em Portugal.
A Uber perdeu mais uma batalha jurídica. Depois de uma primeira decisão, que considerou ilegal a actividade desta plataforma, em 2015, sucederam-se recursos, apresentados pela Uber. A decisão sobre o último recurso foi conhecida esta terça-feira, 5 de Dezembro, com o Jornal de Notícias a revelar que o Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou o recurso e validou as decisões anteriores. Ou seja, considerou a actividade da Uber ilegal.
"A não observância de leis de interesse público, como seja do licenciamento da atividade de transporte rodoviário por parte de uma empresa que actua totalmente à sua margem, não tendo presente toda a dimensão legal e financeira que lhe é consequente, em face de outras empresas que cumprem os ditames normativos que lhe são impostos, gera uma concorrência desleal, com os atinentes danos financeiros, num mercado que o legislador quis regulado de uma determinada maneira", refere o acórdão a que a Lusa teve acesso.
O documento acrescenta que, "a não ser estancada de imediato este despeito para com a lei, a distorção acaba por compensar quem não está conforme com as normas de interesse geral e a prejudicar quem cumpre a normatividade imposta".
O tribunal considera que a demora na actuação judicial "faz perigar os direitos de quem cumpre e tem poder para os defender". "Decidimos julgar improcedente a douta apelação da Uber Tecnologies Inc e confirmar a decisão cautelar de 15 de Julho de 2017", salienta o acórdão.
Ao Diário de Notícias, fonte oficial da empresa disse que iam agora "analisar esta decisão em detalhe para avaliar os próximos passos", deixando claro, porém, que esta decisão não é aplicável em Portugal, isto porque a empresa que está a ser alvo do processo não é a que presta os serviços da Uber em Portugal.
A Uber defende ainda, em declarações ao DN, que "esta situação reforça mais uma vez a urgência da aprovação, pela Assembleia da República, de um quadro regulatório moderno e transparente para a mobilidade em Portugal, que vá ao encontro das expectativas dos milhares de utilizadores que usam diariamente a Uber para viajar nas nossas cidades, e dos mais de 3.000 motoristas que encontram na Uber uma oportunidade económica".
O processo em causa foi iniciado pela ANTRAL - Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros, que pede uma indemnização de 25 milhões de euros à Uber – o equivalente a 10 mil euros por dia desde 2015 – mais 15 milhões de euros por danos causado. A ANTRAL tem também a correr em tribunal um processo contra o Estado, onde exige uma indemnização de oito milhões de euros.
(notícia actualizada às 22:48 com excerto do acórdão)