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SEAL: "Há tentativa de extermínio dos estivadores do porto de Lisboa"
O presidente do sindicato dos estivadores garante que a insolvência da empresa de trabalho portuário de Lisboa foi "planeada meticulosamente" e diz que está a haver "um despedimento coletivo encapotado".
O presidente do sindicato dos estivadores (SEAL), António Mariano, acusou esta quarta-feira no Parlamento as empresas associadas da Associação - Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL) – os grupo Yilport, ETE e TMB – de terem "meticulosamente planeado e programado" a sua insolvência, com o objetivo de "acabar com estivadores profissionais" para "nos substituírem a todos por contratos precários".
"Há uma tentativa de extermínio dos estivadores do porto de Lisboa", afirmou o responsável, apontando o dedo ao grupo Yilport, que considera ser "o líder deste processo".
António Mariano garantiu que, na atual situação, os estivadores estão preocupados com o abastecimento, tendo no quadro do pré-aviso de greve assegurado os serviços às ilhas, mas "isso não está a ser feito a partir do momento em que metade dos estivadores não podem trabalhar em Lisboa". Segundo António Mariano, foram as empresas que impediram metade dos estivadores da capital de ir trabalhar.
"Hoje corremos graves riscos", disse o presidente do sindicato, apontando que o porto de Lisboa tem metade dos estivadores, e muitos com processos disciplinares para despedimento, as cargas estão a ser desviadas para Leixões, não há equipas de reserva e quando houver alguém contaminado vai parar o porto. "Se houver problema com um ficam todos de quarentena. Temo que daqui a pouco tempo algum problema de maior gravidade aconteça e haja impossibilidade de os portos fazerem serviço normal designadamente às ilhas", disse.
Sobre as ofertas de trabalho que estão a ser feitas aos estivadores afetados pela insolvência da A-ETPL, pela Porlis, António Mariano disse que em causa está um "despedimento coletivo encapotado", uma vez que "despedem 160 e oferecem emprego a 80", lembrando que a empresa tem "dívidas de milhares de euros aos trabalhadores", que "durante 18 meses tiveram atrasos nos pagamentos".
Para António Mariano, não é verdade que a A-ETPL esteja fechada e que alguém esteja despedido", responsabilizando a situação a que chegou a empresa de trabalho portuário de Lisboa ao facto de, desde 1994, não terem atualizado o tarifário aos seus associados. "Há uma série de atropelos na legislação que é bom que se investigue", afirmou ainda.