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José de Mello e Arcus vendem 80% da Brisa

Grupo José de Mello fica com cerca de 20% dos direitos de voto e vai trabalhar com os novos acionistas. Fundo Arcus sai do capital. Contactos com interessados já começaram e operação deve estar concluída até final de Junho de 2020.

Bruno Simão
25 de Outubro de 2019 às 07:00
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O Grupo José de Mello e a Arcus colocaram à venda, cada um, 40% dos direitos de voto na Brisa, afirmou fonte oficial da "holding" da família Mello ao Negócios. O fundo de infraestruturas sairá do capital, enquanto o Grupo José de Mello abdica do controlo da concessionária, mas permanece como acionista de referência com cerca de 20% dos direitos de voto.

 

"O Grupo José de Mello decidiu vender parte da sua participação na Brisa, num processo de venda conjunto com o fundo Arcus, seu atual parceiro acionista, através da venda de dois blocos acionistas, representativos, cada um, de cerca de 40% dos direitos de voto", afirmou fonte oficial ao Negócios.

 

Os bancos  já iniciaram os contactos com potenciais investidores e a operação deverá estar concluída até ao final do primeiro semestre de 2020. O Grupo José de Mello está a trabalhar com o Rothschild e com o Caixa BI, enquanto a Arcus é assessorada pelo Morgan Stanley e o Millennium BCP Investment Banking.

 

A Bloomberg noticiou no início de junho a intenção da Arcus de alienar, pelo menos, parte da sua participação. Na altura, a agência escrevia que um potencial negócio poderia avaliar a empresa em pelo menos 2.000 milhões de dólares. Os investidores tanto poderão ser institucionais – fundos de pensões, de infraestruturas ou seguradoras  – como outras concessionárias de autoestradas.

 

Com esta operação o Grupo de José de Mello abandona o controlo da empresa fundada em 1972 e que comprou na privatização. Mas pretende "iniciar um novo ciclo de parcerias para o seu principal ativo, continuando como acionista de referência, com uma participação de cerca de 20%". O cenário ideal seria a entrada de um ou dois acionistas de referência, o que permitira potenciar o valor da venda.

 

Encaixe será usado em novos negócios

A "holding" considera que as novas parcerias permitirão à Brisa "reforçar o seu papel de plataforma de referência na gestão de infraestruturas rodoviárias e mobilidade". A venda permitirá reduzir o endividamento do Grupo José de Mello, que no final de Junho tinha uma dívida financeira líquida de 406,5 milhões,  e reforçar os seus capitais próprios. O encaixe servirá ainda para "reforçar a sua política de investimento nos seus atuais negócios e em novos". Além das infraestruturas e mobilidade, o grupo está presente na saúde e na indústria química.

 

O Grupo José de Mello tem 52,8% do capital da Brisa, 30% diretamente e 55% através da Tagus Holding. A Arcus Infrastructure Partners detém diretamente 19,09% do capital e ainda 45% da Tagus. A empresa tem seis concessões: BCR, Atlântico, Litoral Oeste, Baixo Tejo, Brisal e Douro Litoral. As duas últimas motivaram uma disputa com os credores. No final de Agosto chegaram a acordo, estando o processo fechado entre as partes.

 

A Brisa registou em 2018 um lucro de 158 milhões de euros, menos 31,5% que em 2017, ano em que o grupo vendeu a concessão Northwest Parkway.  Os proveitos operacionais do grupo aumentaram 9,9% para 746,5 milhões de euros enquanto o EBITDA atingiu os 553,7 milhões de euros. Desde a OPA lançada em 2012, a empresa distribuiu, em média, 186 milhões de euros por ano em dividendos.

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