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Esquerda chumba “demagogia” da direita nas Obras Públicas
Os projectos de resolução apresentados pelo CDS e o PSD para promover o investimento em infraestruturas foram rejeitados esta quarta-feira com os votos de toda a esquerda, que qualificou de “eleitoralista” e “demagógica” a posição dos dois partidos do anterior Governo.
As bancadas do CDS e PSD levaram a necessidade de investir em obras públicas ao debate desta manhã. O projecto de resolução centrista recomendava ao Governo a promoção do investimento em diversas infra-estruturas ferroviárias e rodoviárias, mas também na área dos transportes, destacando-se as redes de metro de Lisboa e Porto. O PSD exigia que continuasse a ser cumprido o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas do anterior Governo.
Bruno Dias, do PCP, e Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda, atacaram as bancadas de direita pelas propostas apresentadas. "Recusamos manobras de demagogia e eleitoralismo", afirmou o deputado comunista, que acusou os dois partidos de terem cortado 36% do investimento público. "Quem os via e quem os vê!", atirou. O PCP tem também um projecto de resolução pelo investimento e modernização das redes de transportes e infra-estruturas, mas que "será tratado na altura própria", após as eleições.
Também Heitor de Sousa apontou o dedo à "autêntica manobra de diversão eleitoralista do PSD e CDS". Em seu entender, "não é preciso recuperar o PETI porque o plano tinha um erro basilar: só pensava no transporte de mercadorias e ignorava o transporte de passageiros".
Do lado d'Os Verdes, Heloísa Apolónia também deixou críticas. "Isto soa a profunda demagogia. Vêm colocar no papel o exacto inverso do que fizeram quando eram Governo", acusando os anteriores governantes de terem sido "reis no encerramento de linhas ferroviárias", contribuindo "com isso para a falta de coesão a nível nacional".
20 estações de metro em Lisboa e extensão até à Trofa
No caso do Porto, os centristas pediam a extensão da linha do metro até Vila D’Este (Gaia), uma ligação do centro de Gondomar ao Estádio do Dragão, passando por Valbom, mas servindo também os bairros do Lagarteiro e do Cerco, no Porto, sem esquecer a extensão do Metro até ao Muro (Trofa), uma reivindicação antiga dos moradores locais e que foi prometida na altura em que foi desactivada a linha de comboio existente no local.
Na capital, os centristas reclamavam a renovação da linha de Cascais, assim como a concretização do plano de expansão do metro até zonas sem alternativas eficientes de transporte colectivo, desde logo com a expansão para a zona ocidental até Algés. O partido inclui aqui a proposta de Assunção Cristas, candidata à câmara de Lisboa, de construir 20 novas estações.
Já os social-democratas pretendiam que o Governo cumprisse o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI), aprovado pelo Executivo de Passos Coelho, que previa projectos de investimento na ordem dos seis mil milhões de euros, com 30 projectos "identificados e lançados". "Não faz sentido discutir o futuro quando ainda temos o presente para tratar", notou o deputado "laranja" António Costa Silva.
No debate, os social-democratas mostraram-se disponíveis para um consenso em matéria de obras públicas e para discutir o pós-2020, mas "é fundamental realizar o que vem de trás", frisou o deputado António Costa Silva, dando eco do repto lançado por António Costa, que pediu um entendimento com o PSD nas obras públicas (e que Passos Coelho pareceu inicialmente rejeitar).
PS diz que PETI tem "défice de 1,4 mil milhões"
Carlos Pereira, do PS, garantiu que os socialistas não colocaram em causa o plano de investimentos do anterior Governo. No entanto, criticou o anterior Executivo por "ter mais olhos do que barriga", acusando PSD e CDS de "enorme irresponsabilidade financeira", já que o plano acordado previa investimentos de seis mil milhões de euros e um co-financiamento de 2,7 mil milhões de fundos europeus, quando o que se constatou depois é que "na programação financeira dos fundos só la estavam 1,2 mil milhões".
"O plano tinha um défice de 1,4 mil milhões", e por isso é que "o Governo PS teve de olhar para plano, ajustar o plano e encontrar prioridades", considerando que na proposta do CDS é apresentada "uma lista enorme de investimentos sem cabimento financeiro". Assunção Cristas, do CDS, quis "relembrar o Governo que há parte do trabalho que está por fazer e que deve ser feita" e defendeu que é " altura para olhar para outros projectos que na altura não tinham hipótese de ter viabilidade, mas agora têm possibilidade de ser programados e executados".
As duas propostas foram chumbadas com votos contra do PS, PCP, Bloco, Verdes e PAN. A proposta do PSD foi votada ponto a ponto.