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Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa pede insolvência

A Associação – Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), cuja atividade é a cedência temporária de mão de obra para a movimentação de cargas e descargas no porto da capital, pediu a insolvência.

Mário Cruz/Lusa
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A Associação – Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), cuja atividade é a cedência temporária de mão de obra para a movimentação de cargas e descargas no porto da capital, decidiu pedir a insolvência.

 

Em comunicado divulgado na noite desta quinta-feira, um dia após o início da greve de três semanas dos estivadores do Porto de Lisboa terem iniciado uma greve de três semanas, a A-ETPL indica que após uma Assembleia Geral foi decidido pedir a insolvência "face à situação financeira em que esta se encontra, e face à impossibilidade de encontrar soluções para a sua viabilização com o sindicato representante dos trabalhadores".

 

As dificuldades da entidade, que tem como sócios empresas dos grupos Yilport, ETE e Terminal Multiusos do Beato (TMB), eram apontadas no diagnóstico da consultora EY, atualizado a 14 de fevereiro, a que o Negócios teve acesso, que referia que a A-ETPL estava "numa situação de insolvência iminente".

No documento é salientado que a performance financeira da A-ETPL "reflete uma situação crítica, com margens operacionais negativas, devido a uma elevada estrutura de custos fixos face ao seu atual nível de atividade", que só em 2019 recuou 4,1%. Algo que se traduziu nos últimos anos "no consumo da caixa existente e no financiamento da atividade através da dilação do prazo de pagamento a fornecedores e de consecutivos atrasos no pagamento de remunerações aos seus colaboradores". O prazo de pagamento aos fornecedores aumentou em 2019 para 151 dias, enquanto aos trabalhadores o montante a liquidar ascendia já no passado mês de janeiro a 254 mil euros.

"Aos resultados transitados de negativos de 551 mil euros a dezembro de 2019 acresce o resultado líquido negativo de 2019 de 147 mil euros, resultando numa situação líquida negativa da empresa de 638 mil euros", aponta ainda a EY.

Segundo o estudo atualizado este mês sobre a viabilidade económica da entidade que emprega 149 trabalhadores portuários, nem o aumento de 5% nas tarifas atualmente cobradas aos seus sócios nem uma redução do limite ao trabalho suplementar para 250 horas seriam suficientes para garantir a viabilidade daquela entidade. No entender da consultora, só por via da renegociação em baixa da tabela salarial, em linha com Leixões, permitiria à A-ETPL uma recuperação da atividade, mas apenas, e num cenário otimista, em 2021. A EY salienta que existe um "elevado gap salarial" entre Lisboa, Leixões e Sines, frisando que a retribuição média em Lisboa (1.645 euros) é superior à de Leixões e de Sines em 14,5% e 53,6%, respetivamente, considerando que esta é uma "desvantagem competitiva" da capital.

No pré-aviso da greve decretada pelo sindicato dos estivadores (SEAL) para 19 de fevereiro a 9 de março, é dito que "neste momento estão em risco 143 postos de trabalho no porto de Lisboa", mas para o sindicato porque "o grupo Yilport se pretende aproveitar do facto de os únicos sócios/clientes da A-ETPL (Yilport, ETE e TMB) não terem atualizado nem terem intenção de atualizar o valor das faturas que emitem a eles próprios".

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