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TAP “lamenta” greve e ainda acredita num acordo com os tripulantes
Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil vai entregar um pré-aviso de sete dias de greve para a última semana deste mês. Mas a TAP diz que vai continuar “a fazer todos os possíveis para chegar a um acordo” para evitar a paralisação.
A TAP diz que "lamenta" a decisão dos tripulantes, que vão marcar sete dias de greve na última semana deste mês. A companhia diz que vai continuar "a fazer todos os possíveis para chegar a um acordo" para evitar a paralisação.
Ao Negócios, fonte oficial da companhia lembra que um entendimento terá de servir "os melhores interesses do país, dos clientes, dos tripulantes e da TAP".
Esta foi a primeira reação da transportadora ao anúncio do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que vai entregar esta terça-feira um pré-aviso de sete dias de greve, para os dias 25 a 31 de janeiro, inclusive. São mais dois dias de paralisação face aos cinco dias inicialmente previstos pelos tripulantes, que tinham a intenção de avançar apenas para cinco dias de greve.
No comunicado enviado aos seus associados, a que o Negócios teve acesso, o presidente da mesa da assembleia-geral, Ricardo Andrade, apela "à adesão de todos para que, mais uma vez, possamos dar nota cabal à empresa da nossa união em torno do descontentamento relativamente às matérias abordadas e deliberadas na AG de dia 3 de novembro, que constituem as nossas reivindicações legítimas e responsáveis".
A separar a TAP e os tripulantes está a revisão do Acordo de Empresa, em vigor desde 2006. Com o novo contrato coletivo, a companhia aérea quer aumentar o número de horas de trabalho dos tripulantes face a 2019. Além disso, a TAP quer aplicar um modelo de remunerações assente na produtividade, tendo como base os atuais valores que sofrem de um corte de 25% acima dos 1.410 euros. Condições que os tripulantes têm recusado aceitar.
O braço de ferro das negociações já levou o SNPVAC a avançar para uma greve de dois dias, a 8 e 9 de dezembro, levando, nessa altura, a companhia a cancelar 360 voos, com perdas de receita de oito milhões de euros.
A subida do número de dias de paralisação acontece numa altura em que a administração da TAP está envolvida em várias polémicas, como o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, quando a ex-secretária de Estado do Tesouro saiu da companhia, ou os cheques mensais de 450 euros a diretores e administradores para usarem no Uber, compensando a não renovação da frota automóvel.
O anúncio dos sete dias de greve é feito também depois de o Governo ter dado sinais para os resultados positivos da TAP, antecipando "em alguns anos" o que estava previsto no plano de reestruturação.
Perante as declarações do Governo, ao Negócios, o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, salienta que "a justificação para o Acordo Temporário de Emergência é cada vez mais diminuta", considerando ser "imperativo" que a TAP e o Governo "assumam a redução dos cortes, nomeadamente nos salários, não só para acompanhar essa evolução positiva dos resultados da empresa como para mitigar os efeitos da inflação que se faz sentir".