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TAP com prejuízos de 1.230 milhões em 2020

O número de passageiros transportados pela companhia aérea no ano passado diminuiu 72,7% face a 2019, tendo a pandemia levado à queda das receitas de passagens para 848 milhões. Os custos com pessoal diminuíram 38,2% e com combustível 67% com a redução da atividade.

22 de Abril de 2021 às 07:27
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A TAP registou no ano passado, em que a pandemia provocou uma crise sem precedentes no setor da aviação, um prejuízo de 1.230,3 milhões de euros, anunciou esta quinta-feira a companhia aérea que em 2019 tinha apresentado perdas de 95,6 milhões.

 

De acordo com o comunicado de apresentação dos resultados anuais,  o número de passageiros transportados recuou 72,7%, caindo de 17 milhões em 2019 para 4,6 milhões em 2020.  

 

As receitas de passagens da companhia caíram 70,9%, para 848,4 milhões de euros, quando no ano anterior tinham atingido mais de 2,9 mil milhões, salientando a empresa que a quebra registada "compara com uma queda do setor a nível global de cerca 69%". A taxa de ocupação dos aviões diminuiu também 15,4 pontos percentuais, fixando-se nos 64,6%.

 

De acordo com as contas da TAP, os rendimentos operacionais totais atingiram 1.060,2 milhões de euros, um decréscimo de 67,9% face a 2019, o que explica com o decréscimo dos rendimentos de passagens em 2.065 milhões de euros, assim como da atividade de manutenção para terceiros, que registou um recuo de 143,4 milhões de euros (67,9%) face ao período homólogo do ano anterior. Já a TAP Air Cargo gerou receitas de 125,7 milhões, o que representou uma redução de apenas 8,5% comparativamente com 2019.

 

Os gastos operacionais da companhia ascenderam no ano passado a 2.024,9 milhões de euros no ano de 2020, um decréscimo de 1.226,6 milhões de euros (ou 37,7%) face ao período homólogo do ano anterior, "maioritariamente explicado pela redução significativa dos custos variáveis indexados ao decréscimo da operação, em função da rápida decisão da empresa em ajustar a capacidade e das negociações havidas com fornecedores e lessors, assim como a redução dos custos com pessoal", refere.

 

Nesta rubrica, os custos com pessoal diminuíram 38,2%, de 678,6 milhões para 419,7 milhões de euros – ou seja, menos 258,9 milhões - "em resultado da menor atividade da empresa e, através da redução do quadro de trabalhadores pela não renovação de contratos a termo, da aplicação da medida de layoff simplificado e, mais recentemente, da aplicação do regime de apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade".

 

Já os custos com combustível para aeronaves tiveram uma redução de 67%, ou seja, de 529,2 milhões de euros face a 2019, enquanto os custos operacionais de tráfego sofreram uma redução de 456,6 milhões de euros (ou seja 56,6%), em resultado da queda da atividade a partir de março.

 

Segundo a TAP, os custos operacionais foram adicionalmente penalizados pelos custos não recorrentes com imparidades  (44,1 milhões) e reestruturação (96,1 milhões).

 

Por outro lado, a transportadora viu aumentar os juros e gastos similares suportados em 60,4 milhões de euros no ano passado  (mais 32,6%), o que refere que "ficou a dever-se em grande parte ao aumento da componente de juros associada aos leasings operacionais (passivos de locação sem opção de compra) e leasings financeiros (passivos de locação com opção de compra), bem como a um aumento do custo de financiamento, em virtude do forte investimento efetuado na renovação da frota nos últimos anos e fruto do contexto económico setorial.

 

A TAP recorda nesta matéria que negociou já um acordo com a Airbus que permitiu reduzir o investimento nos anos de 2020-22 em cerca de 1.000 milhões de dólares, que alterou os contratos de aquisição de aeronaves das famílias A320neo e A330neo.

 

No resultado líquido, que foi negativo em 1.230,3 milhões de euros, a companhia refere que com impacto positivo houve a contabilizar diferenças de câmbio (162,1 milhões), enquanto com impacto negativo contam-se os custos de "overhedge" de jet fuel, no montante de 165,3 milhões, em resultado da quebra de atividade sofrida pela pandemia.

 

Na apresentação dos resultados de 2020, a TAP faz notar que de acordo com os dados da IATA, o resultado líquido no setor da aviação em 2020 diminuiu significativamente, sendo esperados resultados negativos em todas as regiões num total de 118,5 mil milhões de dólares, valor que compara com 26,4 mil milhões de dólares em 2019. A Lufthansa anunciou já um prejuízo recorde de 6,7 mil milhões de euros e a Air France/KLM de 7,1 mil milhões de euros em 2020.

 

Menos 9 aviões na frota

 

A  TAP terminou 2020 com uma frota operacional de 96 aviões, um decréscimo líquido de 9 aeronaves quando comparado com o final do ano de 2019, quando detinha 105.

Ao longo do ano passado entraram em operação sete aviões de nova geração Airbus (dois A330neo, dois A321neo LR, dois A321neo e um A320neo) e saíram de operação 16 aviões (10 A319, três A320, um A321 e dois A332).

 

"As adições à frota operacional estão alinhadas com a aposta da empresa em aviões de menor dimensão, com custos por viagem menores, e que permitem à TAP adaptar a sua operação de acordo com o ritmo da recuperação da procura", explica a companhia, que na segunda metade do ano passado converteu dois A332 em aviões de carga dado o aumento de procura neste segmento.

 

A TAP entregou em dezembro a Bruxelas o seu plano de reestruturação, depois de ter visto aprovado um apoio do Estado de 1,2 mil milhões de euros, o qual prevê que a empresa atinja um resultado operacional equilibrado até 2023.

 

"Nesta data, aguarda-se a conclusão das negociações em curso com a Comissão Europeia para aprovação do plano de reestruturação que deverão concluir-se brevemente", diz ainda companhia, que para 2021 considera que o negócio do grupo "irá depender da evolução da pandemia e do plano de vacinação, que ditará a velocidade da recuperação económica doméstica e internacional.

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