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Madeira critica presidente da TAP e acusa Governo de "espezinhar" madeirenses
Miguel Albuquerque reagiu às declarações do presidente-executivo da TAP, Antonoaldo Neves, que classificou de "módicas" as tarifas praticadas para a Madeira numa entrevista ao Expresso.
O chefe do Governo da Madeira criticou, este sábado, as declarações do presidente da TAP sobre os preços das viagens e a revisão dos limites de vento, acusando o Governo de estar a "espezinhar" os madeirenses, de acordo com a agência Lusa.
"O presidente da TAP até pode dizer que o sol gira em torno da Terra que ninguém acredita", declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas no Estreito de Câmara de Lobos onde decorrem iniciativas integradas no programa da Festa do Vinho Madeira.
O governante madeirense reagia assim às afirmações do presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, classificando de "módicas" as tarifas praticadas para a Madeira numa entrevista ao semanário Expresso.
O chefe do executivo insular apontou que no Dicionário da Língua Portuguesa a palavra módico tem um significado diferente, sendo "diminuto, baixo, económico, razoável".
"Os preços que a TAP pratica para a Madeira são preços escandalosos, altíssimos, exuberantes e despropositados", contrapôs o líder regional.
Albuquerque apontou que esta transportadora nacional "está a praticar preços inaceitáveis para a distância de 900 e tal quilómetros", mencionando que uma viagem entre Portugal e Luxemburgo custa 58 euros e para a ilha da Madeira os valores "são superiores a 600 euros".
O presidente do executivo madeirense acrescentou que "a culpa não é do presidente da TAP", mas antes do "Governo português que tem a maioria do capital da empresa e nada faz para acabar com este escândalo".
Miguel Albuquerque considerou "inaceitável" um português do Porto ter de pagar entre 500 e 700 euros - como acontece nos períodos altos - para "deslocar-se à Madeira que é território nacional e vá para Cabo Verde por metade desse preço".
"Mas a culpa é do Governo português que não intervém", vincou.
Questionado sobre a questão do pedido de revisão dos limites de vento no Aeroporto da Madeira, que foram impostos em 1965 e devido aos constantes ventos fortes que têm impedido as aterragens de centenas de aviões este ano, Miguel Albuquerque sustentou que o "Governo Regional nunca disse para por em causa a segurança" das operações ou dos passageiros.
"O que nós dissemos é que era importante que, dado à ampliação do aeroporto, a evolução dos meios técnicos, quer das aeronaves quer dos sistemas de aproximação, que a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) fizesse uma revisão dos limites de vento no aeroporto da Madeira", afirmou.
Miguel Albuquerque salientou que esta matéria é uma questão de "um estudo técnico", defendendo ser importante que o Governo nacional faça este estudo, porque a região "está a ser prejudicada por razões que não têm fundamento".
Sobre a posição do presidente da TAP que assegurou na mesma entrevista que "mesmo que mudem os limites de vento, a TAP não vai alterar os parâmetros de segurança que regem as suas viagens para a Madeira", Miguel Albuquerque respondeu que a situação desta transportadora é "insustentável e que a culpa é do Governo central que trata os cidadãos da madeirenses como de segunda".
Ainda acrescentou que "não compete ao presidente da TAP dizer se voa ou não para a Madeira não levando em linha de conta a necessidade de revisão desses estudos técnicos".
"O Governo devia ter feito a intervenção necessária" nesta matéria, referindo que a TAP, desde Janeiro deste ano, já cancelou 70 voos para a ilha e recordou que o executivo do arquipélago vai "meter um processo como já foi afirmado", exigindo uma indemnização.
"Esta situação da mobilidade é essencial para coesão nacional, se a política do Governo central é de separatismo político, isso é outra coisa é isso que estamos a assistir", disse, adiantando que "nada se resolve" dos assuntos pendentes entre a Madeira e a República.
Miguel Albuquerque concluiu que o Governo da República com a sua postura tem estado é a "espezinhar madeirenses para atingir objectivos políticos das eleições de 2019".