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Iberia "dispensa" novo aeroporto em Lisboa
A companhia espanhola está confortável com as condições aeroportuárias em Portugal e "não vê" nenhuma razão para desinvestir no aeroporto do Porto, onde a TAP encerrou as rotas para Milão, Roma, Bruxelas e Barcelona.
A Iberia considera que "para a operação que quer oferecer em Lisboa, [tem] as necessidades bem cobertas", afastando qualquer sentido de urgência na construção de um novo aeroporto na capital portuguesa, ao contrário do que reclamam outras transportadoras, como a TAP.
Em entrevista ao Negócios, a directora comercial da Iberia para os mercados da Europa, África, Ásia e Médio Oriente, Célia Muñoz, atestou que a companhia "não tem nenhum problema" nos aeroportos nacionais e notou que também "as necessidades a nível de ‘handling’ estão bem cobertas e a assistência que recebe é a adequada".
Em 2018, a frequência da ligação entre Madrid e Lisboa vai manter-se num total de 66 voos semanais, realizados em aparelhos A319, A320 e A321. A novidade no próximo Verão será o reforço da rota de e para o Porto, que a partir de Março passará a ser feita 50 vezes por semana (mais duas do que actualmente) e em aviões maiores, com capacidade até 141 passageiros.
Entre as classes executiva e económica, serão disponibilizados mais de 332 mil lugares entre a cidade Invicta e a capital espanhola, um aumento de 28% face a 2017. Outra mudança relevante é que todos os voos nesta rota, que começou a ser trabalhada por esta companhia em Março de 1982, passam a ser operados pela Iberia, deixando assim de ser usada a Air Nostrum, a filial da companhia para os voos regionais.
"No Porto vemos claramente oportunidades e acreditamos que temos capacidade para transportar mais passageiros", resumiu Celia Muñoz, salientando que "não vê" nenhuma razão para desinvestir no aeroporto Sá Carneiro, onde "a conectividade com destinos europeus tem um peso muito relevante" – e onde em 2016 a TAP encerrou quatro rotas para Milão (Malpensa), Roma, Bruxelas e Barcelona.
"Connosco, pelo menos, o número de passageiros está a crescer [cerca de 10% até Setembro] e há procura suficiente", sintetizou a responsável, apontando a relevância da componente e da procura turística na Invicta, mas também o "tráfego relevante" de empresários da região Norte, que foram dos que mais reclamaram o corte de ligações da transportadora portuguesa.
Depois do recuo na oferta a partir do Porto, que marcou o processo inicial da privatização da TAP, motivou duras críticas do autarca Rui Moreira e colocou a Ryanair como a principal companhia no Sá Carneiro, o accionista David Neeleman adiantou a hipótese de a transportadora anunciar novos voos na Primavera de 2018. Mas só concretizou que a intenção é "brigar com as ‘low cost’" a Norte.
Quanto à Iberia, quando questionada sobre como está a encarar a crise política na Catalunha, a responsável comercial começou por garantir apenas que a companhia "não mudou a oferta de voos" entre Barcelona e Madrid. "Não prevemos mudá-la", reforçou Celia Muñoz, recusando alongar-se na abordagem ao impacto do movimento independentista na imagem externa da empresa, atirando só que "é mais uma parte da diversidade" de um país "muito rico também nos diferentes pontos que se podem visitar, a nível cultural e a nível histórico".
"Em princípio" acabaram os despedimentos colectivos na Iberia
A Iberia já realizou três despedimentos colectivos nos últimos quatro anos, o último dos quais ainda a decorrer e visando a eliminação de cerca de 950 postos de trabalho. "Esse processo continua [em aberto]. Há um número marcado [para saídas], mas faz-se sempre tudo com o acordo dos empregados", referiu Celia Muñoz, em alusão a um programa de rescisões por mútuo acordo em que "a maior parte" dos que já saíram estavam perto da reforma. "Isto lançou-se porque, pelos estudos que fizemos, o número de empregados por avião era superior ao que têm outras linhas aéreas. É uma forma de continuarmos a ser eficientes", detalhou Consuelo Arias Hernández, do gabinete de comunicação externa da empresa. Acrescentando que "em princípio este processo [de redução nos quadros] termina com o ERE", que designa o expediente de regulação de emprego, uma figura jurídica prevista na legislação espanhola e que é comparável ao despedimento colectivo em Portugal.