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GroundLink ameaça com despedimento coletivo se não acordar rescisões ou reduzir horários

A GroundLink, que presta serviços de operações em terra para a Ryanair, ameaçou avançar para despedimento coletivo, se não conseguir chegar a acordo com trabalhadores para redução de horário, ou atingir os mínimos acordos de rescisão de contratos.

17 de Setembro de 2020 às 14:50
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Numa comunicação aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a GroundLink III Handling, pede-lhes que optem entre duas situações, que justifica como uma "medida de susbsistência" da empresa: redução do período normal de trabalho em 40% com correspondente redução de vencimento, ou acordos de cessação do contrato de trabalho.

No segundo caso, os acordos dão ao trabalhador acesso ao subsídio de desemprego e a empresa diz estar disposta a pagar os créditos laborais devidos, mais uma compensação pela cessação do contrato, mediante acordo com os trabalhadores e segundo a antiguidade de cada um.

"No caso de não se conseguir chegar a um acordo para redução do período normal de trabalho, ou atingir os mínimos acordos para cessação de contratos, a empresa terá que ponderar o despedimento coletivo como medida de subsistência da mesma", ameaçou a GroundLink, no referido documento, que está assinado pela empresa de serviços de operações em terra, mas contém também o logótipo da Ryanair.

A empresa sublinhou ainda que, devido aos efeitos da pandemia de covid-19 no setor da aviação, que está a provocar uma reduzida procura de voos, já foi informada de que os seus serviços serão reduzidos em 40% a 50%.

"Como podem antecipar é impossível à empresa manter a sua atividade inalterada no atual ambiente", apontou.

A GroundLink lamentou ter de transmitir "notícias tão dramáticas" aos seus trabalhadores, numa "altura tão delicada", mas reiterou estar a pensar na subsistência da empresa.

"Com o intuito de tentar evitar um grande número de despedimentos, vemo-nos obrigados a tentar encontrar medidas de redução de custos significativas", justificou-se.

Os trabalhadores têm até domingo para enviar as suas manifestações de interesse, relativamente às duas opções apresentadas.

Contactado pela agência Lusa, Fernando Simões, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) afirmou acreditar que estas cartas estejam a ser enviadas à maioria, senão a todos os trabalhadores da empresa, que, atualmente, apenas presta serviços à companhia aérea irlandesa Ryanair.

No universo das duas empresas - GroundLink e Ryanair - o sindicato crê que estejam abrangidos por esta medida mais de 1.500 trabalhadores.

Quanto à medida, o dirigente sindical considerou "absolutamente incomportável" que um trabalhador aceite uma redução de 40% do seu ordenado, ficando, em muitos casos, a ganhar o ordenado mínimo (635 euros), ou mesmo abaixo desse valor.

O sindicato apontou ainda várias críticas à Ryanair, que classificou de empresa "sanguessuga", por usufruir de apoios governamentais em vários países onde opera, mas "descartar" os trabalhadores em tempos difíceis.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.

O Instituto Nacional de Estatística divulgou hoje que os aeroportos nacionais registaram uma recuperação nos movimentos de passageiros, ainda assim com uma queda homóloga de 79,5% em julho, para 1,3 milhões, depois de em junho terem caído 94,6%.


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