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Diretor-geral da Easyjet: “Vamos basear três aviões em Lisboa”

O diretor geral da Easyjet em Portugal revelou, em entrevista ao Negócios, que a companhia britânica vai passar a ter nove aeronaves a pernoitar no aeroporto de Lisboa para operar os 18 'slots' cedidos pela TAP. São mais 18 voos que a 'low cost' britânica vai operar todos os dias e que vão começar a ser comercializados a "partir de setembro".

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21 de Junho de 2022 às 10:10
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Com os 18 ‘slots’ cedidos pela TAP, a Easyjet vai aumentar de seis para nove as aeronaves a pernoitar no aeroporto de Lisboa. A estes aviões somam-se ainda outros seis aviões não baseados que a companhia ‘low cost’ britânica opera no Humberto Delgado. Além do aumento do número de lugares, o diretor-geral da Easyjet em Portugal, José Lopes, revela ainda, em entrevista ao Negócios, que se podem esperar "novas rotas" e a criação de mais postos de trabalho. Apesar de ainda não anunciar quais os novos destinos e o aumento do número de lugares, José Lopes diz que o processo de negociação com a TAP para a transferência das faixas horárias de aterragem e descolagem (‘slots’) "já começou" e que a intenção da Easyjet é que este processo termine "o mais rapidamente possível". A comercialização dos voos que vão ser operados com os 18 ‘slots’ só deverá acontecer "em setembro", um prazo que José Lopes considera ser "curto" para começar a voar a 30 de outubro.    

 

Que impacto têm estes 18 ‘slots’ na Easyjet em termos de receitas e de número de passageiros?


Neste momento ainda não vamos entrar em muitos detalhes porque o processo ainda está a decorrer. Tivemos agora o anúncio da Comissão Europeia de que a Easyjet  foi vencedora neste concurso em detrimento de outras companhias concorrentes. O principal fator para a escolha da companhia foi a que apresentou o plano que maximizava a capacidade para estes 18 ‘slots’ [faixas de aterragem e descolagem] durante todo o período de utilização dos mesmos enquanto eles tiverem nesta consignação.


Que termina em 2025…


Sim, durante três anos. Depois os ‘slots’ vão deixar de ter qualquer tipo de ligação a um projeto e a Easyjet poderá fazer o que entender com eles. O que podemos dizer é que vão ser dezoito voos diários adicionais no aeroporto de Lisboa, portanto nove de ida e nove de regresso, porque regressamos sempre à base. Vão começar a 30 de outubro, no primeiro dia do Inverno IATA, portanto já muito próximo.


Qual vai ser o aumento do número de lugares?


O número de lugares vai depender do trabalho final que tem que ser feito. Está a decorrer, precisamente neste momento, a conferência de slots em Seattle. Durante e depois da conferência de slots a nossa equipa de ‘scheduling’ vai ter que trabalhar junto com o coordenador português e junto com a TAP, para perceber dos ‘slots’ que a Easyjet apresentou no projeto quais vai receber exatamente. Tem de haver um pequeno acerto, por um lado há ‘slots’ que já ganhámos diretamente porque houve companhias a perder ‘slots’ históricos durante o inverno passado. E portanto esses a TAP já não terá que ceder, até porque a maior parte deles até terá sido a TAP a perder esses ‘slots’.


Mas esses ‘slots’ já estão incluídos nos 18 que vão ser cedidos?


Não. Imagine que ganhei dois ‘slots’, no período que queria e que indiquei no plano. A TAP já não tem de ceder esse ‘slot’. Será outro, noutro horário. Este acerto vai ser trabalhado no próximo mês, dois meses. Ainda há muito trabalho a fazer.


Quantos aviões vão basear em Lisboa para operar os 18 ‘slots’?


A operação é para três aviões baseados em Lisboa. Cada avião faz três voos de ida e volta por dia. Todo este ‘puzzle’ ainda tem que ser acertado para termos a certeza que o plano A que temos é implementável ou se avançamos para as alternativas, que também já foram apresentadas no próprio concurso.


Qual é a previsão para fechar este processo?


É para começar a voar e operar no dia 30 de outubro. Faltam, neste momento, quatro meses e dez dias. É um prazo já curto para comercializar. Portanto se pudesse ter já anunciado as rotas e ter posto à venda ontem, perfeito. Vamos fazer com que todo este processo seja o mais rápido possível para podermos anunciar e pôr tudo à venda o mais rapidamente possível, porque depois temos que também encher os aviões.


Então quando quer ter tudo finalizado?


Quanto maior a antecedência antes de 30 de outubro melhor. Um voo a ser posto à venda com 1 mês ou 15 dias de antecedência é muito curto. Gostaria que fosse antes, a meio de agosto, mas só devemos conseguir comercializar os voos em setembro.


De acordo com o calendário da consultora Alcis Advisers o contrato seria assinado a 25 de julho…


Vamos tentar aligeirar todos os prazos que for possível e depois então fazer o anúncio dos detalhes todos. Sendo que são 18 voos por dia a adicionar à capacidade de Lisboa.


Vão basear três aviões em Lisboa. Esses aviões são dos seis que não estão estacionados?


Não. Neste momento a operação que temos em Lisboa é com seis aviões baseados e outros seis não baseados, que trazem mais capacidade. Portanto operamos em Lisboa com 12 aeronaves. Vamos acrescentar e passar a ter nove baseadas, em vez de seis, e mantém-se as seis não baseadas.


Que aviões vão ser? Já sabem quais são e de onde vêm?


Serão aviões dentro da nossa frota.


Mas estão a operar outras rotas?


Não, não, estamos a falar da capacidade adicional à Easyjet. Todo este plano foi capacidade adicional à existente.


Então estão a negociar o aluguer desses três aviões?


Sim. Estamos também ainda a tratar desse assunto. Uma vez que isto é a curto prazo, numa primeira fase iremos ter de recorrer ao mercado e depois iremos avançar com os processos necessários de recrutamento.


Vão criar mais postos de trabalho?


Uma das grandes vantagens deste processo é a criação de postos de trabalho adicionais. Temos uma sucursal em Portugal que contrata localmente com contratos que cumprem as regras legais do direito de trabalho em Portugal. Iremos avançar com processos de recrutamento que também demorarão o seu prazo, mas iremos recorrer ao mercado para no dia 30 estar tudo pronto para se avançar.


E quantos postos de trabalho de empregos vão ser criados?


Ainda não temos um número específico porque estamos também dependentes do tipo de aeronave porque pode haver alguma flutuação do número de trabalhadores.


Qual vai ser essa margem?


Neste momento não queria avançar ainda. Até por uma questão de sensibilidade e não criar expectativas erradas nas pessoas.


Os novos postos de trabalho seriam apenas para tripulação? Ou pensam abrir vagas para outras áreas?


Quando adicionamos aeronaves a Portugal criamos os postos de trabalho diretos tem a ver com tripulação, pilotos e co-pilotos e com pessoal de cabine.


Quantos trabalhadores têm atualmente em Portugal?


Temos mais de 500. Já somos uma grande empresa em Portugal. E nestes mais de 500 ainda é um número que não está fechado, porque temos ainda, neste momento, processos de recrutamento a decorrer para um dos dois aviões do Porto e para o sexto avião de Lisboa. É um número que está a crescer.


De quantas vagas estamos a falar?


Nos aviões atuais, portanto não confundir com as três novas aeronaves, estamos a contratar cerca de 70 pessoas.


Além do reforço de aviões em Lisboa, que outros detalhes apresentaram na vossa proposta do concurso? 

O primeiro enfoque que tivemos foi criar um plano que garantisse a máxima capacidade possível. E o máximo era utilizar os 18 'slots' todos os dias, do princípio ao fim. O segundo ponto em que nos focámos foi, no futuro, em fazer a máxima concorrência à TAP, através de uma panóplia de rotas, o mais abrangente possível. Todos estes remédios não são só para minimizar o impacto na concorrência mas também para de alguma forma proteger os consumidores e permitir que tenham a resposta ideal.

Podemos esperar novas rotas?


Sim. Podemos esperar novas rotas, era um dos objetivos.


Mas os 18 ‘slots’ vão ser todos para novas rotas ou vão usar alguns para reforçar rotas que já operam?


Vai haver um ‘mix’ entre rotas novas e reforços da capacidade em rotas que já existem.

E está em cima da mesa a possibilidade de haver alguma rota de longo curso?


Não. Neste momento ainda não vemos que o longo curso seja algo em que se consiga replicar o modelo ‘low cost’. A Easyjet vai continuar a operar em curto e médio curso e ainda existem dentro da Europa, e espaço circundante, muitas oportunidades para continuar a crescer e a implementar o modelo ‘low cost’. Mesmo aqui em Portugal a penetração do segmento ‘low cost’ ainda está muito abaixo dos principais países do centro da Europa. A Easyjet por exemplo no Reino Unido é a companhia número um do país. Na Suíça somos a companhia número um do país. Em França somos a número dois. Temos percentagens de penetração no mercado destes países bem superiores ao que acontece em Portugal. Por norma, a Easyjet representa mais de metade de toda a capacidade instalada nesses países. Aqui em Portugal a presença de ‘low cost’ tem vindo a crescer mas ainda não está no mesmo patamar. Ainda há espaço para crescer.


Qual é hoje o peso da companhia em Portugal em termos globais?


Representa cerca de 10% a 12,5% do nosso ‘network’ total. Já tem um peso relevante sendo que o crescimento da Easyjet nos últimos anos tem tido uma incidência muito forte na Península Ibérica, quer em Portugal quer em Espanha. Abrimos uma base em Faro e também abrimos em Málaga. Acrescentámos capacidade adicional também ao Porto, Lisboa, Barcelona e portanto tem sido um crescimento muito forte nesta região que achamos que tem imenso potencial e existe alguma rivalidade interna entre aquilo que se voa para um país e para o outro.

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