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Companhias aéreas europeias terão de voar mais 40 milhas náuticas para evitar Bielorrússia

As companhias aéreas da União Europeia vão ter de voar em média mais 40 milhas náuticas para evitar o espaço aéreo da Bielorrússia, levando a voos maiores e com maiores custos de combustível.

ANDRIUS SYTAS
25 de Maio de 2021 às 15:13
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As companhias aéreas da União Europeia (UE) vão ter de voar em média mais 40 milhas náuticas para evitar o espaço aéreo da Bielorrússia, levando a voos maiores e com maiores custos de combustível, informou a Eurocontrol, a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea.

Na segunda-feira, os líderes europeus pediram às companhias europeias para evitarem o espaço aéreo bielorrusso, banindo também as transportadoras da Bielorrússia na Europa.

A medida surgiu devido ao desvio forçado de um voo da Ryanair para Minsk (Bielorrússia) no domingo à tarde, a meio de uma viagem entre Atenas (Grécia) e Vílnius (Lituânia), que culminou com a detenção do jornalista e ativista bielorrusso Roman Protasevich.

Questionada pela agência Lusa, a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol) afirma em resposta escrita que "as companhias aéreas que evitem o espaço aéreo da Bielorrússia podem incorrer em tempo e custos de combustível adicionais, dependendo da rota", sendo que "as de longo curso serão geralmente relativamente menos afetadas".

Dados da Eurocontrol facultados à Lusa revelam que cerca de 400 voos diários utilizam o espaço aéreo bielorrusso, dos quais 300 são de sobrevoo e 100 têm origem ou destino na Bielorrússia. Destes 300 sobrevoos por dia, perto de 100 são companhias aéreas da UE e do Reino Unido.

Ainda de acordo com os dados da Eurocontrol enviados à Lusa, todas semanas, cerca de 14 dos voos com origem ou destino na Bielorrússia dizem respeito a transportadoras aéreas da UE ou Reino Unido.

"Se as 100 transportadoras da UE ou Reino Unido não puderem utilizar o espaço aéreo bielorrusso para sobrevoos, terão em média de voar 40 milhas náuticas mais longe do que se passassem pela Bielorrússia", estima a organização na resposta à Lusa.

A Eurocontrol explica que "as rotas mais eficientes para a maioria das transportadoras que sobrevoam a Bielorrússia serão as redirecionadas através dos países Bálticos [Estónia, Letónia e Lituânia]".

A estrutura pan-europeia garante estar "já a trabalhar em estreita colaboração com os prestadores de serviços de navegação aérea dos países vizinhos e de outros países afetados para garantir que estas alterações nos fluxos de tráfego possam ser geridas de forma segura e evitando o mais possível atrasos".

Reunidos em cimeira extraordinária em Bruxelas na segunda-feira, os líderes europeus decidiram, de forma unânime, "pedir ao Conselho para adotar as medidas necessárias para banir a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia e impedir o acesso dessas transportadoras aos aeroportos da UE".

Decidiram, também, "pedir às companhias aéreas sediadas na UE para evitarem sobrevoar a Bielorrússia".

Nesta resposta à Lusa, a Eurocontrol explica que o principal impacto nos aeroportos europeus será "a perda de voos de ou para a Bielorrússia", nomeadamente por parte da companhia aérea de bandeira daquele país, a Belavia.

A organização assinala que a Belavia opera para vários aeroportos da UE - nenhum em Portugal - como Helsínquia, Charleroi (Bruxelas), Amesterdão, Riga, Tallinn, Milão, Varsóvia, Vílnius, Frankfurt, Berlim, Munique, Hanôver, Paris, Budapeste, Praga, Roma, Lárnaca, Estocolmo, Barcelona e Viena.

Já falando sobre montantes cobrados para o controlo do tráfego aéreo, a Eurocontrol precisa que "as taxas cobradas por sobrevoar a Bielorrússia dependem da rota e do peso da aeronave", sendo que, a taxa média para voos em trânsito (sem descolagem ou aterragem) na Bielorrússia varia "entre 245 euros para uma aeronave da gama A320 e 770 euros para uma aeronave da gama A380".

Em concreto, "em 2019, a Eurocontrol faturou e cobrou 85 milhões de euros em taxas de navegação aérea em nome da Bielorrússia", adianta a organização à Lusa.

Na tomada de posição na segunda-feira, os líderes da UE exigiram ainda uma "investigação urgente" por parte da Organização da Aviação Civil Internacional ao incidente registado no domingo com o voo da Ryanair. 
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