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Líder da Bielorrússia acusa Ocidente de usar desvio de avião para tentar desacreditá-lo

Nas primeiras declarações após o desvio de um avião da Ryanair, que resultou na detenção de um jornalista visto pelo regime como dissidente, Lukashenko acusou o Ocidente de estar a usar o caso para iniciar “uma guerra híbrida” contra o governante.

O presidente bielorrusso chegou a referir que a doença não era grave, podendo ser curada com vodka, sauna e trabalho no campo. Alexander Lukashenko foi um dos negacionistas da pandemia durante muito tempo, mas testou positivo ao novo coronavírus no final de julho. Na televisão nacional bielorrussa, Lukashenko afirmou não ter sentido quaisquer sintomas.
EPA
26 de Maio de 2021 às 11:10
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Alexander Lukashenko, o líder da Bielorrússia, fez as primeiras declarações após o desvio de um avião da Ryanair, obrigado a aterrar em Minsk, a capital do país, com o pretexto de uma ameaça de bomba. A bordo seguia o jornalista Roman Protasevich, crítico do regime de Lukashenko, que foi detido à chegada, assim como a namorada, Sofia Sapega, uma jovem russa de 23 anos. O jornalista de 26 anos, responsável pelo canal Nexta no Telegram, cobriu os protestos na Bielorrússia no ano passado, após as eleições que reconduziram Lukashenko no poder. Esse ato eleitoral não foi reconhecido pelo bloco dos 27, já que existiam suspeitas sobre o resultado. O clima de repressão na Bielorrússia tem vindo a intensificar-se desde então.

Da Europa e dos Estados Unidos chegaram acusações de que o desvio do avião da Ryanair, proveniente de Atenas e com destino a Vilnius, na Lituânia, foi um ato de sequestro "patrocinado pelo Estado" bielorrusso. Também foram tecidos comentários pela violação da conduta aérea. As autoridades da Bielorrússia pediram ao avião da Ryanair que aterrasse no aeroporto mais próximo; no entanto, de acordo com o site FlightRadar, o avião estava já mais próximo de Vilnius do que de Minsk, gerando suspeitas sobre o assunto.

Tal como o porta-voz do Governo da Bielorrússia já tinha defendido a legalidade da ação do país, também Lukashenko defendeu a legitimidade do desvio feito no domingo, indicando que tudo foi feito "de acordo com as normas internacionais".

"Como prevíamos, quem nos deseja mal de fora do país de de dentro do país mudaram os seus métodos para atacar o estado", afirmou Alexander Lukashenko, em declarações no Parlamento da Bielorrússia, citadas pela agência Reuters.

"Eles [países críticos] ultrapassaram várias linhas vermelhas e abandonaram o senso comum e a moral humana", continuou. Lukashenko acusou ainda o jornalista Protasevich de estar a planear uma "rebelião sangrenta" na Bielorrússia.

Desde novembro que Protasevich estava exilado na Lituânia, depois de ter sido acusado de terrorismo pelas autoridades da Bielorrússia. Vários países da Europa e ainda os Estados Unidos já pediram a libertação imediata do jornalista, condenando a atitude do governo bielorrusso.

Apenas a Rússia, liderada por Vladimir Putin, defendeu a atitude da Bielorrússia.

Companhias aéreas evitam espaço aéreo da Bielorrússia
Na segunda-feira, os líderes europeus pediram às companhias europeias para evitarem o espaço aéreo bielorrusso, banindo também as transportadoras da Bielorrússia na Europa. Reunidos para o Conselho Europeu, em Bruxelas, os líderes europeus discutiram o assunto; tanto Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, como Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, prometeram "consequências graves" para a Bielorrússia.

Companias como a Air France, Lufthansa ou a própria Ryanair estão a evitar este espaço, acedendo ao pedido dos líderes europeus. De acordo com a Eurocontrol, a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea, as companhias europeias vão ter de voar em média mais 40 milhas náuticas para evitar o espaço aéreo da Bielorrússia, levando a voos maiores e com maiores custos de combustível.

À agência Lusa, a Eurocontrol revelou que cerca de 400 voos diários utilizam o espaço aéreo bielorrusso, dos quais 300 são de sobrevoo e 100 têm origem ou destino na Bielorrússia. Destes 300 sobrevoos por dia, perto de 100 são companhias aéreas da UE e do Reino Unido.
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