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Combustíveis e salários "aterram" lucros da aviação em 2018
Um relatório da IATA cortou em 12% a previsão de resultados feita há apenas meio ano e mete Donald Trump e o Brexit na lista dos maiores riscos. As companhias europeias estão quase a ser apanhadas pelas asiáticas.
As companhias de aviação devem apresentar resultados líquidos de 33,8 mil milhões de dólares (28,8 mil milhões de euros) no final de 2018, um valor que é 12% inferior à previsão que tinha sido feita em Dezembro pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA na sigla inglesa).
Para esta forte revisão em baixa contribuem sobretudo o aumento do preço dos combustíveis, o encarecimento dos custos laborais no sector e a subida nas taxas de juro. Num relatório divulgado esta segunda-feira, 4 de Junho, o presidente da IATA, Alexandre de Juniac, destaca, porém, a conservação de uma "sólida rentabilidade em 2018, apesar dos custos crescentes".
Representante de 280 companhias, que valem 83% do tráfego aéreo a nível mundial, a IATA calcula que, à excepção de África, todas as regiões continuarão a ser lucrativas. As empresas norte-americanas do sector vão continuar a ser maiores contribuidoras para esses resultados (15 mil milhões de dólares), seguidas pelas europeias (8,6) e pelas originárias da Ásia-Pacífico (8,2).
Com o tráfego de passageiros a evoluir 7% e o de carga à volta de 4%, segundo as estimativas para este ano, o estudo apresentado na Austrália elenca ainda vários riscos para a evolução do negócio a nível global, como a afirmação de uma agenda política proteccionista, o abandono do acordo nuclear com o Irão por parte dos EUA ou a incerteza sobre os impactos do Brexit. "O mundo é melhor quando as fronteiras estão abertas para as pessoas e para o comércio", alertou Alexandre de Juniac, citado pela CNN.
Há poucos dias, o presidente executivo da companhia irlandesa de baixo custo Ryanair vaticinou que "80 dólares por barril de petróleo vai fazer vítimas", avisando Michael O'Leary que algumas transportadoras aéreas rivais possam vir a entrar em processo de falência já em 2019, em função da escalada dos preços.