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S&P admite riscos na fusão entre a PT e a Oi

A agência de notação financeira Standard & Poor’s está preocupada com as potenciais perdas da PT, decorrentes do investimento na Rioforte, e com os efeitos que isso possa ter na Oi. Por isso, colocou a operadora brasileira sob vigilância negativa.

Miguel Baltazar/Negócios
04 de Julho de 2014 às 19:44
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A Portugal Telecom, que está a preparar a sua fusão com a brasileira Oi, anunciou recentemente o investimento de 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, uma empresa do Grupo Espírito Santo, que se encontra em dificuldades financeiras. Agora, a S&P vem revelar a sua preocupação com o que possa acontecer à liquidez e ao perfil de risco financeiro da Oi.

 

Três dias depois de a PT fazer um esclarecimento ao mercado sobre este investimento, a Oi emitiu um comunicado sobre o assunto, garantindo que "não foi informada, nem participou das decisões que levaram à realização das aplicações", que foram realizadas "anteriormente à subscrição e integralização do capital da Oi pela Portugal Telecom".

 

A operadora brasileira disse assim que foi apanhada de surpresa e informou que já tinha solicitado "esclarecimentos adicionais à Portugal Telecom" sobre a aplicação de quase 900 milhões de euros no Grupo Espírito Santo. Esta situação tem pressionado as acções da PT em bolsa, que hoje fecharam a subir 0,46% mas que durante a sessão chegaram a atingir um mínimo histórico.

 

Nestas circunstâncias, a S&P, que atribui à Oi um "rating" de "BBB-" (último nível da categoria de investimento), decidiu colocar a dívida da operadora brasileira "sob vigilância, com implicações negativas", o que significa que poderá cortar a notação da empresa.

 

"Em nosso entender, existe a possibilidade de a PT poder perder estes investimento, que vencem a 15 e a 17 de Julho de 2014, atendendo às debilidades financeiras potenciais do GES", refere o relatório da Standard & Poor’s.

 

Esta vigilância negativa "reflecte a possibilidade de 'downgrade', dependendo da nossa avaliação da perda potencial e do seu efeito sobre a liquidez e o perfil de risco financeiro da Oi", acrescenta o documento.

 

"Avaliaremos a perda potencial destes investimentos e o efeito resultante para a liquidez e perfil de risco financeiro da Oi, porque a Oi poderá demorar mais tempo do que esperávamos a desendividar-se, no caso de ter de assumir essa perda", diz Luís Vilhena, analista de crédito da S&P, no relatório citado pela Bloomberg.

 

Riscos na fusão PT/Oi?

 

"Temos de determinar se este acontecimento afectará o ‘timing’ e os termos da fusão entre a Oi e a PT e se há qualquer risco adicional em matéria de ‘corporate governance’ devido a estes desenvolvimentos", acrescentou.

 

Recorde-se que a Oi anunciou recentemente a venda de torres de telecomunicações por 388 milhões de euros, devendo a operação estar concluída no final de 2014, com esse dinheiro a ser usado para a desalavancagem da operadora brasileira. "Apesar de não termos incorporado essa venda no nosso cenário de base, considerámos [na nossa análise de ‘rating’] que a empresa teria intenção de vender activos com vista a reduzir a sua dívida.

 

"Esperamos tomar uma decisão quando tivermos mais informações, no decurso das próximas duas semanas, sobre esta perda potencial", conclui o relatório da agência, acrescentando que nessa altura estará capaz de avaliar os efeitos que isso terá na Oi. "Teremos também em atenção as medidas que a Oi tomará para resolver esta questão. Consoante a nossa avaliação final, poderemos reiterar o ‘rating’ com ‘outlook’ negativo ou cortar o ‘rating’ em não mais de um nível.

 

Se descer um nível, passará a estar na categoria de "lixo".

 

No passado dia 24 de Maio, a S&P tinha reiterado a classificação de ‘BBB-’ para a Oi e tinha-a retirado de vigilância negativa.

 

Já em relação à Portugal Telecom, a Standard & Poor’s elevou o seu "rating" no passado dia 25 de Junho, de "BB" para "BBB-", devido à fusão da empresa portuguesa com a brasileira Oi, uma operação que levou também a agência de notação financeira a deixar de atribuir "rating" à PT.

 

Com efeito, a Standard & Poor’s decidiu retirar o "rating" da Portugal Telecom da categoria de "lixo", para o igualar ao da Oi. No entanto, devido à fusão das duas empresas, anunciou também que deixaria de atribuir "rating" à Portugal Telecom.

 

A 18 de Junho, a agência Moody’s também retirou o "rating" da Portugal Telecom de "lixo" devido à fusão com a empresa brasileira, mas não anunciou que iria deixar de analisar a empresa portuguesa.

 

(notícia actualizada às 19h55)

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