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PT Ventures fora da administração da Cabo Verde Telecom (act)

A PT Ventures foi esta terça-feira, 24 de Março, afastada da administração da Cabo Verde Telecom (CVT), onde detém 40% do capital. A empresa garante que vai recorrer para o tribunal.

Cabo Verde - No estrangeiro, Cabo Verde está a ganhar, pelo preço
Miguel Baltazar/Negócios
24 de Março de 2015 às 19:21
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A PT Ventures vai recorrer para tribunal da decisão de afastamento da Cabo Verde Telecom (CVT), onde detém 40% das acções, disse à agência Lusa fonte oficial.

 

Segundo a mesma fonte, a decisão foi tomada após o reatar dos trabalhos da assembleia-geral da CVT, que começou de manhã, foi suspensa pouco depois, e retomada ao início da tarde, tendo sido aprovados todos os nomes apresentados pelo accionista Estado de Cabo Verde.

 

Manuel Inocêncio Sousa mantém-se como "chairman" da CVT, que terá como membros na administração Eduardo Mendes, Arlindo Mota, Liza Vaz e José Benchimol Duarte.

 

Na Mesa da Assembleia-Geral, Rui Araújo foi escolhido como presidente, secundado por Mário Moreira e Romina Horta.

 

A Comissão Executiva será eleita em breve.

 

Em Dezembro de 2014, o Governo de Cabo Verde rompeu com a parceria que mantinha com a PT Ventures há mais de 20 anos com o argumento de a empresa portuguesa ter "violado" os acordos parassocial e estratégico ao vender, sem a prévia autorização das autoridades cabo-verdianas, parte das acções que detinha na CVT.

 

Isso mesmo estava inscrito na convocatória para a assembleia-geral desta terça-feira, em que, nos itens que justificam o ponto único da ordem de trabalhos - eleição dos corpos sociais -, sobressaía a alteração ao controlo da gestão da CVT, na sequência da alienação das acções à empresa brasileira Oi.

 

"Os eventos societários que envolvem o grupo PT e a Oi têm necessariamente reflexos e impactos sérios e directos nos interesses estratégicos da CVT", lê-se na convocatória, assinada por 47,08% dos acionistas, que acrescenta que os eventos "ocorreram à revelia e à margem dos accionistas e das entidades oficiais" de Cabo Verde.

 

No documento, é referida também a "caducidade" dos órgãos sociais eleitos a 21 de Setembro de 2012 para o triénio 2012/14, cujo mandato expirou a 31 de Dezembro, pedindo-se ainda que, na assembleia-geral, se proceda à alteração do figurino institucional estabelecido para o Conselho de Administração, com a supressão da Comissão Executiva, e uma lista de nomes para os órgãos sociais em conformidade com os estatutos e lei aplicável.

 

Por seu lado, fonte da PT Ventures disse à agência Lusa que a empresa vai agora recorrer para os tribunais, lembrando que já foram accionados na semana passada os respectivos mecanismos em Cabo Verde e nos tribunais arbitrais de Paris e num outro vinculado ao Banco Mundial (BM).

 

Ao fim da manhã, em declarações aos jornalistas, o presidente da PT Ventures, Marco Schroeder, indicou que, caso a "posição de força" do accionista Estado se mantivesse, o assunto seguiria para os tribunais para "repor a legalidade". "Não podemos aceitar uma atitude de força, de tirar o nosso poder aqui dentro. Vamos brigar no tribunal, mas estamos abertos para conversar. O controlo sempre foi partilhado, há 20 anos que é assim, e não vemos motivo nenhum para mudar. Não se pode só querer mudar, tem de se ter motivos e nós não demos motivos nenhuns. Fazemos uma boa gestão da empresa a vai continuar assim", defendeu.

 

A PT Ventures, que detinha a administração e a mesa da assembleia, é controlada pela Africatel, que, por sua vez, pertence à PT Portugal, tendo Marco Schroeder negado que os 40% das acções da empresa tenham sido dispersas após a venda da participação à Oi.

 

O gestor brasileiro indicou que a PT Ventures "não vai abrir mão" dos seus direitos e admitiu que o impasse beneficia as operadoras concorrentes, nomeadamente a Unitel T+, em que a empresa angolana Unitel detém, via Sonangol, 5% das acções da CVT.

 

Afirmando desconhecer se a empresa angolana estará por trás da posição do Governo cabo-verdiano, Marco Schroeder destacou o facto de, na carta que o Governo enviou em Dezembro, haver accionistas com "uma posição dúbia", uma vez que têm relação com a outra operadora cabo-verdiana (Unitel T+, participada da Unitel).

 

Além da PT Ventures, são accionistas da CVT o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS, com 37,9%), Correios de Cabo Verde (CCV) e Sonangol Cabo Verde (ambos com 5%), o Estado de Cabo Verde (3,4%) e outros privados.A PT Ventures é detida, actualmente, pela brasileira Oi.

 

(Notícia actualizada às 19h55 com mais informação da agência Lusa)

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