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Administração da Oi aprova venda da PT Portugal aos franceses da Altice
O conselho de administração da operadora brasileira aprovou a venda esta noite, avança a edição online do Estado de São Paulo. A proposta foi aprovada por unanimidade e deverá ser submetida à Assembleia Geral da PT SGPS.
Três dias após a Oi ter confirmado que estava em negociações exclusivas com a Altice para vender a PT Portugal, o Conselho de Administração da operadora brasileira aprovou esta noite a venda da PT Portugal à empresa francesa.
A agência Bloomberg avançava essa hipótese ao fim da noite de quinta-feira, o que veio a ser confirmado pelo jornal Estado de São Paulo pelas 23h30, hora de Portugal, que citou fontes próximas do processo.
"A expectativa é de que a transacção seja submetida à Assembleia de Accionistas da PT, em Portugal, até ao dia 20. Com a venda dos activos portugueses, a Oi, que tem uma dívida de 48 biliões de reais [cerca de 15,1 mil milhões de euros] aumenta o fôlego para participar na consolidação do sector", refere o jornal brasileiro citando uma das fontes.
Conforme sublinha aquela publicação, conhecida como Estadão, há agora duas vias mais prováveis neste processo. Uma delas é o fatiamento da TIM Brasil pelas concorrentes Oi, Vivo e Claro, proposta que está a ser elaborada pelo BTG Pactual. Outro cenário em avaliação pela empresa que controla TIM, a Telecom Itália, é uma fusão com a Oi.
Além dos accionistas da PT SGPS, esta venda aos franceses da Altice está também condicionada à aprovação por parte das autoridades reguladoras da concorrência.
Recorde-se que a Oi recebeu duas propostas para vender os activos da PT Portugal: a da Altice, onde consta uma parceria comercial com os CTT, caso seja bem sucedida na compra; e a dos fundos Apax e da Bain, proposta que contou com a entrada de um novo sócio, a Semapa.
Numa primeira fase as duas propostas diferiam em 50 milhões de euros, a favor dos fundos que ofereciam 7.075 milhões de euros, e ambas propunham o diferimento de pagamento de 800 milhões de euros, mediante o alcance de objectivos.
Depois, a 30 de Novembro, a Altice elevou a parada ao propor pagar 7.400 milhões de euros (mais 325 milhões do que a proposta dos fundos), com um diferimento de 500 milhões. Ou seja, nesse valor estão incluídos 500 milhões que só serão pagos se a PT Portugal atingir determinadas metas ao nível de rentabilidade e de vendas.
Esta subida da oferta por parte da Altice valeu-lhe a garantia de negociações exclusivas com a Oi, tendo o contrato de exclusividade para as negociações um prazo de 90 dias.
(notícia actualizada às 02h21)
Em Portugal, a Altice começou a ser falada quando, em dois anos, comprou de uma assentada dois operadores no País. A Cabovisão e a Oni, que, respectivamente, tinham operações ligadas ao consumidor residencial e ao empresarial. Já tinha a Cabovisão e estava em processo de compra da Oni, quandoJoão Zúquete da Silva, director-geral da Cabovisão, assumia, em conferência de imprensa, que o objectivo era ser "o segundo operador de telecomunicações em Portugal no curto ou médio prazo", mas não disse, em Junho de 2013, como conseguiria o feito.
Agora a Altice surge como uma das principais interessadas na PT Portugal. Para comprar a empresa que detém a marca Meo precisará de muito mais do que os 500 milhões de euros que disse em 2012 estar disposta a investir em Portugal.
O grupo Altice já se assume como multinacional cabo e telecomunicações com presença em França, Israel, Bélgica, Luxemburgo, Portugal, Suíça e Caraíbas.
Saltou para os jornais internacionais quando adquiriu, em França, a SFR, a segunda maior operadora móvel em França, a seguir à Orange. Há quatro operadores móveis com infra-estruturas próprias no mercado gaulês. A SFR tem menos de 30% de quota no mercado móvel. A SFR tem também desenvolvido o projecto de internet de alta velocidade fixa. A SFR acabou por ser uma negócio avaliado em 17 mil milhões de euros, tendo já recebido luz verde para concretizar a compra.
Em França, a Altice detém, ainda, a Numericable, que cotou em bolsa este ano, e que tem a rede de fibra óptica que cobre mais de cinco milhões de lares. A Altice detém 30% da Numericable, tendo a Carlyle 26,3%.
Em Israel, detém a operadora Hot, que detém uma operação de cabo e móvel. No final de 2013, esta empresa tinha 1,127 milhões de clientes no cabo e 810 mil subscritores móveis.
Na Bélgica e Luxemburgo detém a Coditel. Está também em Guadalupe, Martinica e República Dominicana.
O grupo Altice é liderado por Patrick Drahi (na foto) que começou a sua carreira profissional no grupo Philips em 1988, passando depois pela Kinnevik-Millisat. Em 1993, fundou a CMA, uma firma de consultoria especializada em comunicações e media e ainda criou duas operadoras de cabo: a Sud Cable Services (1994) e a Media Reseaux (1995), que, no ano 2000, foi adquirida pela UPC.
Arrancou com a Altice em 2002. Segundo a revista Forbes, Patrick Drahi está na posição 133 na lista de milionários, com uma fortuna avaliada em 9,4 mil milhões de dólares. Na Wikipédia, está descrito como empresário franco-israelita, nascido em Marrocos em 1963 e residente na Suíça. Alexandra Machado